O dólar fechou a segunda-feira em queda ante o real, pouco abaixo dos R$ 5,75, acompanhando o recuo praticamente generalizado da moeda norte-americana no exterior, enquanto no Brasil investidores seguiam à espera do anúncio do pacote fiscal do governo Lula.
O dólar à vista fechou o dia em baixa de 0,65%, cotado a R$ 5,7484. Em novembro, a divisa acumula queda de 0,57%.
Às 17h03, o dólar para dezembro — o mais líquido atualmente no Brasil — cedia 0,60%, aos R$ 5,7540.
Na volta do feriado do Dia da Proclamação da República, que manteve o mercado brasileiro fechado na sexta-feira (15), a moeda norte-americana chegou a oscilar pontualmente em alta no início do dia, acima dos R$ 5,80.
Mas o recuo quase generalizado do dólar no exterior passou a influenciar os preços também no Brasil, conduzindo as cotações para o território negativo.
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O fato de o dólar ter subido nas últimas semanas abria espaço para correções de preços nesta sessão, avaliou André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online.
“O que a gente viu ao longo das últimas semanas foi um processo agudo de valorização do dólar, sobretudo depois da vitória do candidato republicano (Donald Trump) nas eleições dos EUA”, afirmou em comentário enviado a clientes.
“É natural que o mercado faça este movimento de correção. O dólar não está perdendo valor só em relação à moeda brasileira, está perdendo valor em relação à maioria das moedas de países em desenvolvimento e também dentro do DXY”, acrescentou, em referência à relação entre dólar e cesta de moedas fortes.
A demora do governo em anunciar medidas para a área fiscal, prometidas para depois das eleições municipais, voltou a dar suporte às taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros), mas não evitou a queda do dólar ante o real.
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Em entrevista divulgada no domingo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, limitou-se a dizer que o pacote está fechado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e será anunciado “brevemente”. Já o secretário de política econômica do ministério, Guilherme Mello, afirmou na manhã desta segunda-feira que as medidas vão reforçar o compromisso com a regra fiscal.
“Esse cenário pode gerar otimismo no mercado, e, combinado com a expectativa de juros mais altos no Brasil, pode ser favorável ao câmbio, caso os investidores se animem com as medidas do pacote fiscal”, disse mais cedo Diego Gardi, gerente comercial e analista da B&T Câmbio, em comentário enviado a clientes.
Pela manhã, o relatório Focus do Banco Central revelou que a mediana das projeções do mercado para a taxa de câmbio no fim de 2024 passou de R$ 5,55 para R$ 5,60 e no fim de 2025 de R$ 5,48 para R$ 5,50.
No fim da manhã, o BC vendeu todos os 15.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 2 de janeiro de 2025.
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