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Economia

Dólar reage à intervenção do BC e avanço do pacote fiscal no Congresso: queda de 2,29%

Após o fechamento do pregão, o Congresso aprovou, na votação em 2º turno, a PEC do pacote fiscal

Ilustração representando queda no valor do dólar
Ilustração: João Brito

O dólar à vista recuou mais de 2% nesta quinta-feira (19), caindo abaixo dos R$ 6,13, com o mercado reagindo positivamente a uma venda recorde da moeda norte-americana pelo Banco Central nesta manhã, a comentários do futuro presidente da autarquia, Gabriel Galípolo, e ao avanço do pacote fiscal no Congresso.

Após cinco pregões consecutivos de alta, em que acumulou valorização de 5,2%, o dólar à vista encerrou o dia em baixa de 2,29%, cotado a R$ 6,1243, ainda o segundo maior valor nominal de fechamento da história.

Na B3, às 17h23, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 2,10%, a R$ 6,124 na venda.

Na quarta-feira (18), o dólar à vista encerrou o dia em alta de 2,78%, cotado a R$ 6,2679 — maior valor nominal de fechamento da história.

Logo após a abertura, o BC vendeu US$ 3 bilhões à vista em um leilão anunciado na véspera. No entanto, assim como em operações recentes, o leilão teve efeito quase nulo nas negociações, com a moeda norte-americana ainda demonstrando força e se mantendo em patamares históricos.

Após o primeiro leilão, o dólar atingiu a máxima da sessão, a R$ 6,2995 (+0,50%), às 10h11.

Pouco mais de uma hora depois da primeira operação, a autarquia vendeu mais US$ 5 bilhões à vista em um segundo leilão anunciado minutos antes da venda. Foi o maior volume para uma única operação desde o início do regime de câmbio flutuante, em 1999, o que finalmente forneceu alívio à moeda brasileira.

Com as operações de hoje, o BC totaliza mais de US$ 20,75 bilhões vendidos desde a quinta-feira (12) da semana passada, em uma série de intervenções no câmbio que incluíram leilões à vista (US$ 13,75 bilhões) e leilões de linha (US$ 7 bilhões, em operações com compromisso de recompra).

Sinalizações positivas

Após os leilões desta manhã, o real ainda recebeu um impulso de falas de Galípolo consideradas positivas por analistas, com o hoje diretor de Política Monetária do BC enfatizando que a autoridade monetária tem ferramentas para atingir a meta de inflação e rejeitando ideia de que o real esteja sofrendo um ataque especulativo.

Falando na coletiva de imprensa do Relatório Trimestral de Inflação, Galípolo ainda apontou que a mais recente decisão do Copom, que elevou a Selic em 1 ponto percentual e sinalizou mais duas altas da mesma magnitude, teve um peso maior dos indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Eu creditaria hoje essa inversão à atuação do BC. Entrou com mão pesada hoje e retirou a pressão, ao menos a mais aguda. Impacto foi imediato, impactou frontalmente a liquidez e o resultado veio”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

“E eu interpretei como positiva a fala do Galípolo, sobre a preocupação com a inflação principalmente. Este tipo de coisa geralmente passa uma mensagem positiva”, completou.

Por trás da fraqueza recente do real estão as preocupações dos investidores com o cenário fiscal brasileiro, à medida que o governo tenta avançar com suas medidas de contenção de gastos no Congresso, sendo essa a última semana para aprová-las antes do recesso de fim de ano.

Após um adiamento na véspera, a Câmara dos Deputados aprovou, em primeiro turno, nesta quinta-feira (18) Proposta de Emenda à Constituição que restringe o acesso ao abono salarial, projeto que faz parte do pacote fiscal. O movimento da Casa reduziu um pouco os temores de agentes financeiros de que os projetos fiscais não sejam votados até o fim deste ano.

“O que pegou mais cedo foi a lambança, né. Era para ter acontecido a aprovação (da PEC) ontem à noite. Mas o que eu acho é que o mercado já precificou (anteriormente) o pior cenário. Acho que o dólar só volta a decolar por motivos técnicos ou fluxo mesmo”, disse Bergallo.

Na curva de juros brasileira, as taxas futuras reverteram as altas de mais cedo e recuaram, com quedas de mais de 60 pontos-base em alguns contratos, em pregão que contou ainda com atuação do Tesouro Nacional na recompra de títulos públicos.

No Relatório Trimestral de Inflação divulgado mais cedo, o BC piorou significativamente suas projeções para cumprimento da meta de inflação, estimando que a probabilidade de a inflação ultrapassar o limite superior do intervalo de tolerância da meta está perto de 100% neste ano, contra projeção anterior de 36%.

O dólar atingiu a mínima da sessão durante a tarde, na esteira das notícias positivas sobre o fiscal, a R$ 6,1063 (queda de 2,58%), às 15h43.

No exterior, o cenário era favorável ao dólar, com os mercados globais ainda reagindo à decisão do Federal Reserve na véspera, em que os membros reduziram a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, como previsto, mas sinalizaram um afrouxamento monetário menor do que o esperado anteriormente para o próximo ano.

A perspectiva de menos cortes pelo banco central dos Estados Unidos implica rendimentos mais altos para os Treasuries, o que torna o dólar mais atrativo para investidores estrangeiros e gera fuga de capital em países emergentes.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,09%, a 108,360.

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