A revanche entre Donald Trump e Joe Biden em novembro é, talvez, o principal evento mundial deste ano. As eleições presidenciais ganham ainda mais importância para o mercado financeiro, à medida que os cortes de juros pelo Federal Reserve se aproximam.
Diante da incerteza sobre o momento exato em que as reduções vão acontecer, investidores não descartam a influência política nas decisões do Fed. A expectativa é de corte em junho, seguido de outras duas reduções ao final de cada trimestre, em setembro e dezembro.
O economista Tony Volpon, professor adjunto da Georgetown University e ex-diretor do Banco Central, avalia que não será dois ou três cortes de 0,25 ponto porcentual (pp) na taxa dos Fed Funds que irão ajudar o atual presidente a se reeleger.
O que pode impulsionar a candidatura de Biden, ressalta Volpon, é o crescimento da economia. Aliás, o Fed elevou a previsão de aumento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano para 2,1%, ante estimativa anterior de alta de 1,4%.
“Os bancos centrais são autônomos”, lembra Ricardo Jorge, especialista em mercado de capitais e sócio da Quantzed. “Logo, não se espera qualquer tipo de interferência política na condução da política monetária”.
Um levantamento feito pela Capital Economics, inclusive, mostra que boa parte das eleições ao longo da história basicamente não tiveram impacto para os mercados, mesmo quando atraíram muita atenção.
“A influência econômica das eleições é, muitas vezes, exagerada”
Ariane Curtis, economista sênior global da Capital Economics, em relatório
Outros fatores, como choques de oferta, são bem mais determinantes para o desempenho econômico ou a condução da política monetária. O mesmo vale para as reações do mercado, especialmente no curto prazo.
Ainda que os investidores frequentemente fiquem ansiosos em saber se o resultado das eleições americanas deste ano terá impacto significativo no desempenho da carteira, o UBS ressalta que apenas duas dúzias de eleições presidenciais nos EUA ocorreram desde 1928.
“Embora o resultado de qualquer eleição possa ter um impacto temporário no sentimento do mercado, pode-se dizer que o presidente em exercício tem tanta responsabilidade, ou mais, que o presidente eleito pelo desempenho do mercado quando ocorre uma mudança de governo”, afirma Alejo Czerwonko, CIO de mercados emergentes Americas do UBS, em relatório.
O caso do Brasil
Diferentemente do que acontece nos EUA, Brasil é um dos países onde eleições tiveram, sim, grandes impactos econômicos. Não por conta dos pleitos em si, mas porque uma eventual troca de governo poderia descarrilar a política monetária.
Estamos falando do período em que Fernando Henrique Cardoso foi eleito pela primeira vez, em 1994. À época, o país vivia os primeiros meses do Plano Real, que vinha se provando com como a arma mais poderosa na luta contra quase uma década de hiperinflação.
Uma derrota de FHC em 1994 poderia jogar o Plano por terra. Quatro anos depois, FHC foi reeleito e decidiu abandonar a paridade cambial, adotando, então, o regime de metas de inflação – mais um passo fundamental para a evolução da economia economia brasileira; como seria, em 2021, a lei que determinou a autonomia do nosso banco central.
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