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Economia

Mercado financeiro avalia 1º debate dos candidatos à presidência

Na visão de analistas, Bolsonaro e Lula perderam protagonismo para senadora Simone Tebet (MDB); debate ocorreu na noite de domingo (28).

Debate candidatos à Presidência na Band. Crédito: Renato Pizzutto/Band TV/Divulgação

O mercado financeiro ficou com as atenções voltadas ao primeiro debate entre os candidatos à Presidência da República das eleições de 2022, que foi transmitido na noite de domingo (28), na TV Bandeirantes.

O evento foi promovido por um pool de veículos da imprensa (Band, TV Cultura, Folha de São Paulo e UOL ). O debate foi dividido em três blocos e contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Felipe d’Avila (Novo) e Soraya Thronicke (União Brasil).

O tão esperado encontro entre Lula e Bolsonaro não teve nenhum dos candidatos como protagonistas, de acordo com analistas.

Como será que o mercado financeiro reagiu às declarações dos candidatos? O InvestNews reuniu a opinião de analistas financeiros sobre o embate. (Veja abaixo).

Presidente Jair Bolsonaro (PL) durante debate na Band. Crédito: Renato Pizzutto/Band TV/Divulgação

Veja a reação do mercado financeiro ao debate

Guide Investimentos

“Essa semana, o investidor seguirá atento às sinalizações dos diretores do Fed, além de uma bateria de dados de emprego americanos e uma nova leitura de inflação ao consumidor na zona do euro. Enquanto isso, no Brasil, os investidores avaliam o desempenho dos candidatos após o primeiro debate dos presidenciáveis, realizado este domingo pela Band – ao todo, não entendemos que nenhum dos favoritos (Lula e Bolsonaro) tiveram um grande desempenho, mesmo entendendo que o evento tenha sido ligeiramente melhor para o atual presidente. De qualquer maneira, nossos ativos dificilmente escaparão do mau-humor externo, que pressiona os juros e tira força das commodities.”

Ex-presidente Lula (PT) na TV Bandeirantes. Crédito: Renato Pizzutto/Band TV/Divulgação

NuInvest

“Aparentemente não houve nenhuma surpresa. Os juros da curva sobem um pouco hoje, mas em linha com o cenário global após a fala do Powell na sexta-feira, que aumentou a aversão ao risco. Já as empresas não parecem ter sido afetadas. A Petro sobe puxada pelo petróleo, o Banco do Brasil também registra alta hoje e o Ibovespa ainda tem uma leve alta pelo peso de Petro.”

Senadora Simone Tebet (MDB) durante debate na Band. Crédito: Renato Pizzutto/Band TV/Divulgação

iHUB Investimentos

“Ali no debate, nenhum dos candidatos se aprofundaram essencialmente no tema Economia. Não percebi nenhum candidato esmiuçando suas propostas em relação ao futuro da economia brasileira. Muito se foi falado do Auxílio Brasil, sobre a desoneração ao preço dos combustíveis e como isso deve continuar no Brasil.

Em relação à perspectiva dos candidatos mais bem posicionados nas pesquisas, em relação a uma possível reeleição do governo Bolsonaro, é de se esperar um viés um pouco mais liberal e tentando privatizar algumas coisas. Já do lado do PT, o candidato Lula enalteceu o passado, elencando seu antigo governo, porém, nenhuma novidade, ou proposta econômica foi apresentada por ele. Em sumo, o debate não oferece grande interferência no comportamento da bolsa de valores ou do mercado financeiro do país para essa semana.

As principais interferências estão acontecendo devido a fatores externos, como o discurso do presidente do FED, na última sexta-feira. Em sua fala, Jerome Powell colocou muito mais pressão no aumento dos juros dos Estados Unidos e isso ocasionou a queda dos mercados globais. O ambiente macroeconômico tem tido muito mais interferências na economia do que situações locais, como as eleições”, disse Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos.

Candidato Ciro Gomes (PDT) durante debate eleitoral. Crédito: Renato Pizzutto/Band TV/Divulgação

TOP Gain

“A primeira pergunta do debate se referiu a corrupção e a Petrobras, a qual o mercado fica atento considerando a exposição da empresa ao governo federal. A qual ficou sem uma resposta clara.
Outro momento interessante foi a questão da LDO e da continuidade de distribuição de auxílios para o próximo ano. Contudo, o presidente não trouxe a resposta objetiva de como pretende encaixar essa despesa, e vale lembrar que isso tende a trazer um contexto inflacionário local e desdobramentos fiscais para 2023″, afirmou o analista Sidney Lima.

Senadora Soraya Thronicke (União Brasil) Crédito: Renato Pizzutto/Band TV/Divulgação

Levante Investimentos

“O encontro carregava altas expectativas por – após muito suspense e uma série de reviravoltas – ser o primeiro deste ciclo eleitoral e por ter a presença de todos os presidenciáveis. Com duração de cerca de duas horas e meia, o evento na TV Bandeirantes ficou marcado pelo protagonismo das duas candidaturas femininas (Simone Tebet, do MDB, e Soraya Thronicke, do União Brasil), pelo fraco desempenho do ex-presidente Lula (PT) e pelo desempenho misto de Jair Bolsonaro (PL), que foi bem no embate direto com o petista, mas muito infeliz ao atacar, diretamente, uma jornalista na resposta à sua pergunta durante o segundo bloco.

O grande destaque positivo da noite ficou por conta de Simone Tebet. A senadora conseguiu fazer perfeito uso de seu tempo, se apresentou como uma alternativa pacificadora e, quando provocada, foi dura na medida correta contra os seus adversários – tanto Lula quanto Bolsonaro.

O ex-presidente, por sua vez, começou o debate muito apagado e se esquivou, ao contrário do que havia feito na sabatina do Jornal Nacional, da pergunta feita pelo atual presidente sobre corrupção na Petrobras – tema muito caro ao eleitorado brasileiro. O petista demorou para entrar no debate e poupou ataques aos seus adversários, criticando Bolsonaro apenas no último bloco.

Orientado a não buscar o embate, Lula se perdeu ao atacar Ciro Gomes (PDT) e saiu como um dos derrotados neste primeiro encontro – deixando para trás a suposta vantagem que havia conquistado no bom desempenho durante a sabatina na última semana. Já o pedetista confirmou que é um excelente orador, mas foi ofuscado por melhores performances e não deve sair com votos a mais após o debate.

Já o atual presidente, Jair Bolsonaro, tinha a faca e o queijo na mão para se sobressair no encontro. No primeiro bloco, atacou diretamente o ex-presidente Lula, seu principal adversário, e fez o tradicional apelo ao seu núcleo duro ao tratar de temas como Supremo Tribunal Federal. No entanto, no segundo bloco, errou ao atacar a jornalista que havia feito uma pergunta sobre vacinas – abrindo enorme espaço para ser criticado pelo seu comportamento errático com mulheres, eleitorado importantíssimo para suas pretensões de vitória nestas eleições.

O clima do debate foi tenso, truncado e com grandes repercussões para os brasileiros que o assistiram. Apesar de ser verdade, defendida por evidências empíricas e literatura especializada, que o debate tende a mudar pouco, ou quase nada, dos votos durante a corrida eleitoral, a única candidata que pode ter furado sua “bolha” de eleitores é Simone Tebet, do MDB.

Ficam, portanto, as expectativas dos possíveis efeitos do encontro nas próximas rodadas de pesquisas, especialmente em nichos do eleitorado – como, por exemplo, Bolsonaro com as mulheres; Lula com setores de alta renda, em função de sua escorregada em relação ao agronegócio; entre outros possíveis recortes. No geral, Bolsonaro se saiu melhor, mas jogou grande parte da vantagem no lixo com uma espécie de autossabotagem, e Lula contou com alguma sorte, já que viveu noite bastante apagada e frustrou grande parte de seu eleitorado.”

Felipe d’Avila (Novo), candidato à presidência, durante debate na TV Bandeirantes. Crédito: Renato Pizzutto/Band TV/Divulgação

GT Capital Investimentos

“O evento na TV Bandeirantes foi muito pautado na base do populismo, poucas vezes foi tratado o assunto economia. Ciro Gomes, por exemplo, é um defensor de taxação das grandes fortunas. Ele não falou isso ontem. Bolsonaro tratou do assunto e falou que não pretende taxar grandes fortunas dizendo que não faz sentido como outros países fizeram isso no passado, e que a taxação de grandes fortunas é uma proposta errada para a retirada de recursos futuros do país. O ex-presidente Lula falou pouco sobre a parte econômica, não repassou nenhuma grande proposta e não deu nenhum indício para o mercado de como vai ser o seu plano econômico ou sua equipe econômica, caso seja eleito.

A terceira via, Simone Tebet, Felipe d’Avila e Soraya tiveram um papel de coadjuvante frente ao debate. Felipe d’Avila esteve falando bastante de menos Estado e mais iniciativa privada. ele é muito pró-mercado e contra um estado inchado como é originalmente realizados governos de esquerda, por exemplo. O que vimos no debate de ontem foi muito uma discussão sobre o passado, sobre a parte econômica de fatos que já ocorreram e não de propostas. Nenhum candidato falou mais sobre o assunto, mas sim atacando o Bolsonaro e o Lula sobre fatores negativos que foram realizados nos seus governos ou fatores positivos muitas vezes apresentando números que não são verdadeiros sobre a parte de desemprego e dos auxílios sociais.

Em resumo, pouco foi falado sobre o cenário econômico e as propostas econômicas concretas pelos principais candidatos a Presidência do Brasil”, afirmou Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital Investimentos.

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