As moedas dos mercados emergentes estão ganhando durante a primeira semana do segundo mandato de Donald Trump, ajudadas por um lançamento mais suave do que o esperado das tarifas dos EUA e sem novas taxas sobre as importações chinesas.
O índice de referência para moedas de países em desenvolvimento está a caminho de subir 1,1% esta semana, o que seria o melhor resultado semanal desde julho de 2023. Os comentários de Trump sugerindo que ele preferiria não impor tarifas à China ajudaram a elevar as moedas asiáticas na sexta-feira (24).
“É mais uma manifestação de alívio”, disse Alvin Tan, chefe de estratégia cambial asiática do Royal Bank of Canada em Cingapura. “O mercado mais tranquilo com o fato de que o pior cenário possível [em relação às tarifas dos EUA] parece estar caindo no esquecimento”, disse ele.
As moedas emergentes estão se recuperando após a pior queda trimestral desde setembro de 2022 nos últimos meses de 2024, uma vez que os traders precificaram as expectativas de uma guerra comercial generalizada e uma postura mais hawkish do Federal Reserve em meio à pressão inflacionária nos EUA.
Ou seja: diminui a pressão para um aumento dos juros nos EUA. Com isso, o rendimento dos títulos públicos dos EUA diminui, reduzindo a demanda por dólares mundo afora – incluindo os países em desenvolvimento.
As moedas da Europa emergente e da América Latina lideraram os ganhos, com o zloty polonês e o real brasileiro subindo quase 3% nesta semana.
Além disso, as ações dos mercados emergentes atingiram a maior alta em cinco semanas devido ao otimismo em relação às tarifas dos EUA. O MSCI Emerging Markets Index subiu 0,7% na sexta-feira (24) e deve subir 1,8% nesta semana.
Os investidores estavam na expectativa das primeiras ordens executivas da Casa Branca, depois que Trump prometeu implementar rapidamente sua agenda política “America First”. Porém, em seu lote inicial de anúncios econômicos, a China foi omitida dos planos tarifários, que visavam apenas o México e o Canadá com taxas de 25% a partir de 1º de fevereiro. A recuperação dos mercados em desenvolvimento ganhou ritmo quando Trump aumentou a pressão sobre a Rússia para negociar o fim da guerra na Ucrânia.
O ringgit da Malásia subiu mais de 1% na sexta-feira (24), atingindo o valor mais alto desde novembro, o maior ganho na Ásia. A lira turca se desvalorizou em relação ao dólar após um corte na taxa do banco central.
Ainda assim, os investidores permanecem cautelosos, já que a incerteza sobre as políticas dos EUA continua alta. Embora o indicador do JPMorgan Chase da volatilidade das moedas dos mercados emergentes tenha diminuído, ele continua em seu nível mais alto desde agosto.
Na quinta-feira (23), Trump usou um discurso em Davos para ameaçar tarifas mais amplas sobre produtos não fabricados nos EUA. Uma pesquisa realizada pelo HSBC Holdings mostrou que 58% dos gestores de fundos que ajudam a supervisionar US$ 343 bilhões em ativos de países em desenvolvimento estavam pessimistas em relação às moedas de mercados emergentes em dezembro, em comparação com 10% em setembro. E os dados mais recentes da Commodity Futures Trading Commission mostram que os fundos de hedge estão apostando na queda de moedas, incluindo o peso mexicano.
“Por enquanto, o câmbio de mercados emergentes recebeu um alívio”, disse Eugenia Victorino, chefe de estratégia para a Ásia do Skandinaviska Enskilda Banken AB, em Cingapura. “Entretanto, a ameaça de uma retomada das guerras comerciais limitará uma valorização excessiva das moedas de mercados emergentes.”