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Economia

Mercado espera alta de 0,5 ponto da Selic, de olho em indicações do Copom

Copom anuncia nesta quarta decisão sobre os juros, que devem subir a 13,25% ao ano, segundo projeções.

Banco Central abre margem para ajustar aperto
Pessoa passa em frente à sede do Banco Central em Brasília 22/11/2011 REUTERS/Ueslei Marcelino

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve anunciar nesta quarta-feira (4) uma alta de 0,5 ponto percentual da Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, para 13,25% ao ano. Pelo menos essa é a aposta da maior parte do mercado financeiro, que aguarda com mais ansiedade as indicações que o comunicado pode trazer para os próximos passos do Copom. 

Segundo dados da B3 sobre contratos de opção de Copom, considerando a expectativa do mercado, a probabilidade de alta de 0,5 ponto percentual da taxa Selic na reunião desta quarta é de 80%. Também é vislumbrada uma possibilidade de alta de 0,75 ponto, mas a probabilidade é menor, de 12,5%.

O mercado também espera que o ciclo de aumento de juros continue nos próximos meses. A dúvida agora é em que ritmo. Os dados da B3 sobre Opção de Copom mostram o mercado bem dividido nas expectativas para a reunião de agosto: 38% de probabilidade de alta de 0,5 ponto percentual, 31% de manutenção da taxa e 27% de aumento de 0,25 ponto.

“Espera-se extensão do ciclo de alta de juros aqui no Brasil, com mais duas altas de 0,5 ponto percentual. Estima-se que uma Selic terminal de 13,35% pro final de 2022”, acredita Rafael Marques, especialista em finanças e CEO da Philos Invest. Ele aponta as expectativas de inflação como o motivo para sua projeção de mais aumentos da Selic. 

“A guerra contribui bastante pro cenário inflacionário, ela traz pressões nos preços das commodities, tanto agrícola quanto de energia, e isso afeta não só a atividade global, como também a política monetária. Ela faz com que os bancos centrais estendam os ciclos de aperto monetário com mais elevação de juros no final do período”, diz Marques.

João Beck, economista e sócio da BRA, também acredita em elevação de 0,5 ponto percentual da Selic nesta reunião. Ele estima ainda que a taxa feche o ano em 13,5%. 

“O Copom deve seguir a linha que tem tomado ultimamente de um caráter hawkish (mais propenso a alta de juros) e precavido, com tom rígido e firme no comunicado. Foi uma atitude bem oposta ao início do ciclo de alta em meados de 2021, quando ainda se esperava uma inflação global temporária”, comenta Beck. 

“A guerra adiou os planos do Banco Central de encerrar o ciclo de alta no primeiro trimestre do ano próximo aos 12%. Tivemos altas adicionais por conta do preço dos alimentos e combustível”, acrescenta. 

Também prevendo alta de 0,5 ponto agora, Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, diz que “a expectativa é que o BC deixe porta aberta para mais uma alta de menor magnitude no próximo encontro, o que vai depender dos dados de inflação a serem divulgados no período”. 

Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil, aponta que “o Copom tenta indicar desde a primeira reunião de 2022 que o ciclo de alta seria mais curto, só que sempre deixando a porta aberta para novos ajustes. Com os preços em alta, é difícil imaginar que o ciclo esteja realmente perto do fim”. 

O dado mais recente de inflação no Brasil mostrou uma desaceleração em maio. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,47%, abaixo das expectativas.

Um alívio da inflação poderia indicar que o BC pode suavizar o ritmo de alta dos juros. Mas Andrey Nousi, CFA e fundador da Nousi Finance, pondera que “o grande ponto é que os itens que ajudaram nessa inflação menor do que a expectativa são itens muito voláteis”, como energia e alimentos

O especialista aponta que esses itens “podem ainda pressionar a inflação para alta”. “Então, dar como favas contadas que a gente chegou no fim do ciclo de aumento de taxa juros é o que se indica, mas eu não botaria 100% de certeza nisso.”

‘Super Quarta’ também tem Fed

Além do Copom, o Federal Reserve (Fed) também anuncia nesta quarta sua decisão sobre a taxa de juros nos Estados Unidos. Até pouco tempo atrás, a expectativa predominante entre analistas era de que o BC norte-americano aumentaria os juros em 0,5 ponto percentual. Mas as apostas num aumento de 0,75 ponto vêm crescendo desde a divulgação, na última sexta-feira (10), de dados de inflação mais altos do que o esperado.

“O mercado está dividido por lá entre as duas possibilidades de alta, reforçando que 0,75 ainda seria uma surpresa”, comenta Jorge, da Quantzed, reforçando que a ata da reunião a ser divulgada na próxima semana será importante “para o mercado mapear continuidade ou não do aperto monetário”.

“O Fed demorou a agir no controle da inflação, reconheceu o ‘erro’ e está tentando corrigir”, acrescenta Alves, da Ação Brasil. 

“De alguma forma, todo o mundo terá altas acima do esperado. Os Estados Unidos, por exemplo, previam uma taxa terminal em 2,5%, mas agora já se fala em 5%”, diz Beck, da BRA.

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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