O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, decidiu elevar a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual nesta quarta-feira (27). Em seu comunicado, o órgão reforçou o compromisso de frear a inflação mais alta em quatro décadas. Já em seu discurso, Jerome Powell, presidente do órgão, sinalizou uma possível desaceleração do ritmo de alta.
Em votação unânime, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) aumentou a taxa referencial para uma faixa entre 2,25% e 2,50%. Mesmo diante de sinais de desaceleração da economia, o órgão vem promovendo “aumentos contínuos” nos juros americanos.
“A inflação continua elevada, refletindo desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, preços mais altos de alimentos e energia e pressões de preços mais amplas”, disse o Fomc em comunicado. O comitê acrescentou que segue “altamente atento” aos riscos de inflação.
Taxas de juros mais altas já estão tendo um impacto na economia dos EUA. Os efeitos são particularmente evidentes no mercado imobiliário, onde as vendas desaceleraram.
Embora as autoridades do Fed afirmem que podem administrar o chamado “pouso suave” para a economia e evitar uma desaceleração acentuada, vários analistas dizem que será necessária uma recessão com desemprego crescente para diminuir significativamente os ganhos de preços.
O Fomc observou nesta quarta-feira que “os indicadores recentes de gastos e produção suavizaram”, mas também apontou que os ganhos de emprego “foram robustos nos últimos meses e a taxa de desemprego permaneceu baixa”.
Discurso de Powell
Em discurso após a decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que o efeito completo da política monetária da economia americana ainda não foi sentido. Ele indicou a possibilidade de desacelerar o ritmo de alta dos juros nos EUA e apontou que o Fed poderia manter em setembro o aumento de 0,75 ponto percentual, mas ponderou que isso dependeria dos próximos dados econômicos.
Durante o discurso de Powell, bolsas de Nova York e outros índices ao redor do mundo, incluindo o Ibovespa, ganharam força e ampliaram o movimento de alta.
Perigo de recessão
Partes do mercado de títulos dos EUA sinalizaram uma maior probabilidade de recessão, com os rendimentos em notas do Tesouro dos EUA de 2 anos agora mais altos do que os de 10 anos, um possível sinal de perda de confiança no crescimento econômico no curto prazo e refletindo a possibilidade de o Fed ter que cortar os juros dentro de um período relativamente curto.
Em comunicado, Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed, declarou acreditar em novas altas de juros, após ter considerado o discurso do Fed como duro, destacando a preocupação com a inflação.
“Mesmo com dados de atividades mais leves tanto de gastos e produção, o mercado de trabalho está muito aquecido com taxa de desemprego baixa e com a inflação permanecendo elevada. Além disso, a guerra entre Rússia e Ucrânia continuam criando forte pressão na inflação”, afirmou Oliveira.
*Notícia em atualização. Com Reuters e Bloomberg
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