Chefia do BC alerta para “clima insustentável” na autarquia sem perspectiva de reajuste salarial
Em carta encaminhada ao presidente Roberto Campos Neto e à diretoria do Banco Central, chefes de departamento e de gabinete da autarquia afirmaram que a ausência de uma previsão de reajustes salariais para os servidores cria um ambiente “insustentável”, “com impactos extremamente negativos nas atividades” da instituição.
Sem propostas de reajustes que solucionem perdas inflacionárias e assimetrias, a gestão do BC fica inviabilizada, alertaram os chefes, citando a dificuldade de reter pessoal e manter a produtividade.
“Ficam, assim, inviáveis as entregas da agenda BC# e das demais iniciativas estratégicas desta Casa”, diz o documento, com data de terça-feira, ao qual a Reuters teve acesso.
Os servidores do BC estão em greve desde o início de maio, pela segunda vez no ano, o que tem afetado a divulgação de uma série de indicadores econômicos e também a prestação de serviços pela autarquia.
Na carta, os servidores do BC afirmam que uma minuta de Medida Provisória apresentada pela autarquia na última sexta-feira traz avanços importantes, mas não trata da recomposição salarial.
“Dessa maneira, entendemos que é fundamental a reinserção imediata da retribuição por produtividade institucional na minuta de MP e o patrocínio perseverante em seu trâmite”, diz a carta, assinada por 47 chefes.
Apesar de ter obtido autonomia operacional, o BC não é administrativamente autônomo e as decisões sobre reajustes salariais dependem de liberação orçamentária pelo governo federal.
Na terça-feira, Bolsonaro disse que tudo indica que não será possível dar reajuste a servidores neste ano.
Famílias mais ricas do mundo investem mais em private equity diante de mercados voláteis
As famílias mais ricas do mundo investiram mais em private equity do que em ativos tradicionais, como renda fixa e ações em 2021, enquanto buscavam aumentar retornos dos investimentos, mostra um relatório anual do banco suíço UBS.
O mercado de private equity registrou retornos estelares no ano passado, com trilhões de dólares em estímulos relacionados à pandemia. O movimento provocou um aumento recorde nos negócios, com o valor geral das transações em 2021 dobrando em relação a anos anteriores, de acordo com estimativas do setor.
Em contrapartida, a renda fixa enfrentou um ano difícil, já que as taxas de juros próximas de zero reduziram sua atratividade como um porto seguro durante a turbulência do mercado, enquanto valores altíssimos de ativos em mercados de ações voláteis afastaram os investidores.
Os investimentos em private equity pelas famílias mais ricas do mundo aumentaram consistentemente entre 2019 e 2021, de acordo com pesquisa do UBS que envolveu 221 family offices que administram 493 bilhões de dólares em ativos.
As alocações diretas como percentual de seus investimentos totais aumentaram para 13% em 2021, de 10% no ano anterior, enquanto as alocações indiretas subiram de 7% para 8%.
Enquanto isso, os investimentos em renda fixa caíram dois pontos percentuais em 2021, para 11% em relação ao ano anterior, e os investimentos em ações ficaram estáveis ,em torno de 24%. Até os investimentos imobiliários, um tradicional favorito, caíram de 13% para 12% no ano passado.
O braço de gestão de patrimônio do UBS administra mais de 3 trilhões de dólares em ativos e afirmou que atende mais da metade dos bilionários do mundo.
O relatório é amplamente observado pela comunidade de investimentos, pois esclarece os hábitos de investimento desses investidores bilionários.
Cerca de 63% dos family offices pesquisados disseram não sentem mais que a renda fixa de alta qualidade ajudou a diversificar o risco geral do portfólio. A maioria também preferiu confiar em estratégias de gerentes ativos, em vez de seguir o caminho passivo.
Cerca de 81% dos family offices pesquisados investiram quase 3% em criptomoedas, principalmente para aprender sobre a tecnologia e gerar melhores retornos de investimento.
Construtoras fazem acordo milionário com Cade
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) anunciou nesta quarta-feira que acertou 19 acordos em 12 investigações de cartel envolvendo quatro empreiteiras e funcionários e ex-empregados das companhias.
Os acordos foram acertados com a Construtora Norberto Odebrecht, a Construtora OAS, a Construtora Andrade Gutierrez e a Carioca Christiani-Nielsen Engenharia. Os pagamentos de “contribuições pecuniárias” somam um total de 454,9 milhões de reais ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD), dos quais 223,6 milhões serão feitos pela Andrade Gutierrez, segundo o Cade.
Os acordos, Termos de Compromisso de Cessação (TCCs), suspendem os processos até que as empresas e pessoas envolvidas cumpram as obrigações previstas. Porém, o Cade afirmou que as construtoras seguem sendo investigadas em outros casos relacionados ao setor nos quais ainda não houve acordos ou condenações.
Dez dos 19 acordos homologados nesta quarta-feira envolviam a Andrade Gutierrez. Segundo a autarquia, a empresa passou a colaborar em casos envolvendo licitações de infraestrutura realizadas em vários Estados do país, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
O Cade afirmou que até a sessão desta quarta-feira 25 TCCs haviam sido firmados envolvendo o mercado de infraestrutura, somando mais de 1,25 bilhão de reais em pagamentos pelos envolvidos. Com os 19 TCCs homologados nesta quarta-feira, o montante supera 1,7 bilhão de reais.
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