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Economia

Governo institui tributação mínima de 15% sobre lucro de multinacionais

Medida estabelece um mecanismo de cobrança adicional de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)

Letreiro em frente ao prédio da Receita Federal Brasileira, em Brasília. Ao fundo, vê-se uma parte do prédio do órgão.
Letreiro na entrada do prédio da Receita Federal em Brasília (DF). Foto: Divulgação

O governo publicou medida provisória, em edição extra do Diário Oficial da União na quinta-feira, que institui uma tributação mínima de 15% sobre o lucro de multinacionais que atuam no país. A iniciativa pode reforçar os cofres públicos em meio à busca da equipe econômica pelo déficit zero.

A medida estabelece um mecanismo de cobrança adicional de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para que a taxação mínima efetiva seja alcançada caso o valor devido em um ano fiscal fique abaixo desse percentual.

De acordo com o DOU, a cobrança será aplicada a multinacionais que tiverem receitas anuais acima de 750 milhões de euros em pelo menos dois dos quatro anos fiscais imediatamente anteriores ao analisado.

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O governo afirmou na MP que a iniciativa adapta a legislação brasileira às Regras Globais Contra a Erosão da Base Tributária (Regras GloBE) elaboradas pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o G20.

A equipe econômica não divulgou a expectativa de arrecadação com a medida, mas programou uma coletiva de imprensa para explicações técnicas sobre o tema.

A MP entra em vigor de imediato, embora dependa de aprovação posterior do Congresso Nacional para seguir valendo, mas o texto define que as regras passarão a ter validade a partir de janeiro de 2025.

Pelo texto, a Receita Federal irá regulamentar a cobrança, incluindo conversões de moedas. As regras deverão ser periodicamente atualizadas para que estejam em consonância com os documentos de referência aprovados pela OCDE.

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A OCDE defende que grandes multinacionais arquem com uma taxa mínima de 15% sobre seus lucros em todas as jurisdições onde operam, cortando assim os incentivos para que remetam ganhos para países onde usufruem de vantagens tributárias.

Ao apresentar o Orçamento de 2025, no fim de agosto, o Ministério da Fazenda, afirmou que a tributação mínima sobre multinacionais seria proposta caso ocorressem frustrações de receitas. O ministro da pasta, Fernando Haddad, também tem defendido que o Brasil se antecipe a acordos internacionais e institua mecanismos de taxação de multinacionais e das chamadas “big techs”.

A secretária de Assuntos Internacionais da Fazenda, Tatiana Rosito, já havia informado à Reuters em novembro de 2023 que o Brasil estava se preparando para adotar a tributação mínima.

O governo propôs para 2025 a mesma meta fiscal deste ano, se comprometendo a alcançar um déficit primário zero — com margem de tolerância de 0,25 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB).

Em outra iniciativa arrecadatória proposta na quinta-feira, o Ministério da Fazenda informou que o governo publicou medida provisória que altera o prazo para bancos deduzirem perdas decorrentes de inadimplência da base de cálculo do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e da CSLL, com ganho estimado em 16 bilhões de reais em 2025.

(Por Camila Moreira e Bernardo Caram)

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