O presidente Donald Trump anunciou que Israel e Irã concordaram com um cessar-fogo provisório no conflito entre os dois países, com início previsto para a meia-noite desta segunda-feira (horário de Washington).
Trump, que fez o anúncio surpresa em sua plataforma Truth Social poucos dias após ordenar ataques aéreos contra instalações nucleares do Irã, afirmou que o acordo tem como objetivo encerrar de forma duradoura os combates.
“Partindo do princípio de que tudo funcionará como deve — e vai funcionar —, gostaria de parabenizar ambos os países, Israel e Irã, por terem a resistência, a coragem e a inteligência de encerrar o que deveria ser chamado de ‘A GUERRA DOS 12 DIAS’.”
Não houve comentários imediatos de Israel ou Irã sobre a publicação de Trump. O vice-presidente JD Vance disse que o presidente passou o dia “no telefone sem parar”, com o objetivo de alcançar um acordo.
Os detalhes sobre o momento exato em que cada lado cessaria os combates não estavam claros a partir da publicação de Trump.
Enquanto o anúncio era feito, a mídia iraniana noticiava explosões potentes em Teerã e em várias outras cidades. Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, afirmou que Teerã não busca escalar as tensões, mas está preparado para responder a qualquer nova agressão dos EUA.
A declaração veio poucas horas após o Irã lançar mísseis contra a Base Aérea de Al Udeid, no Catar — sede do Comando Central dos EUA na região —, cumprindo a promessa de uma resposta “proporcional e decisiva” ao bombardeio americano do fim de semana contra três instalações nucleares. O governo do Catar afirmou que os mísseis iranianos foram interceptados e que a base havia sido evacuada com antecedência. Trump agradeceu ao Irã pelo aviso prévio e pela resposta limitada.
O petróleo caiu com o alívio de que a retaliação moderada do Irã oferecia uma perspectiva de redução das tensões no conflito, que começou há 10 dias, quando Israel atacou instalações nucleares, bases de mísseis e líderes militares iranianos. Desde então, o Irã respondeu com dias seguidos de lançamentos de mísseis contra Israel.
Após o ataque ao Catar, Trump escreveu: “PARABÉNS, MUNDO, É HORA DE PAZ!”
Falando à Fox News depois do anúncio do cessar-fogo, Vance disse que os bombardeios americanos durante o fim de semana atingiram seus objetivos.
“Sabemos que eles não podem construir uma arma nuclear”, afirmou Vance, acrescentando que o estoque de urânio altamente enriquecido do Irã foi “enterrado” pelos ataques.
“Se o Irã estiver desesperado para construir uma bomba no futuro, então terá de lidar com um exército americano muito, muito poderoso”, disse ele.
O movimento do Irã na segunda-feira pareceu ser “uma retaliação amplamente simbólica”, segundo Ziad Daoud, economista-chefe de mercados emergentes da Bloomberg Economics. “Houve bastante aviso prévio — o Catar fechou seu espaço aéreo e os EUA emitiram alertas a seus cidadãos.”
Alguns vizinhos do Golfo Pérsico, como o Bahrein — que abriga uma base naval americana — e os Emirados Árabes Unidos, também fecharam seu espaço aéreo na noite de segunda-feira, como precaução. Poucas horas depois, todos esses países reabriram seus espaços aéreos. Catar, Emirados Árabes e Arábia Saudita emitiram comunicados condenando o ataque iraniano.

Segundo uma fonte familiarizada com avaliações de inteligência ocidentais, os EUA e seus aliados já esperavam o ataque. Missões diplomáticas americanas orientaram moradores de Doha a permanecerem em casa.
Autoridades iranianas também sugeriram que a ação teve caráter simbólico. A quantidade de mísseis lançados foi igual ao número de bombas usadas pelos EUA contra os complexos nucleares de Fordow, Natanz e Isfahan, e o ataque ao Catar “não representa perigo” para um “país amigo e irmão”, segundo a agência estatal IRNA.
Israel afirma que sua guerra contra o Irã busca impedir o país de obter armas nucleares — um risco também citado por Trump para justificar a intervenção americana. O Irã nega ter buscado desenvolver bombas atômicas.
Nos últimos meses, negociadores americanos e iranianos realizaram várias rodadas de conversas visando um novo acordo para restringir o programa nuclear iraniano — em substituição ao pacto de 2015 abandonado por Trump em seu primeiro mandato. Um dos principais impasses nas conversas era a permissão para o enriquecimento limitado de urânio em território iraniano, que Teerã defende com base no direito internacional, mas que Trump parecia descartar.
Desde o ataque israelense de 13 de junho, Trump oscilou entre ameaças militares e acenos à diplomacia. Seu enviado nas negociações anteriores, Steve Witkoff, manteve contato com o Irã desde os ataques americanos. Teerã afirmou que não retomará as conversas enquanto estiver sendo atacado.