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Economia

Kamala e Charli XCX, Trump e Elon Musk: a eleição americana chega com tudo às redes sociais

Benção de cantora ícone da geração Z foi fundamental para a consolidação da campanha democrata

“kamala IS brat”. Com este tuíte, a cantora britânica Charli XCX mudou tudo para a campanha de Kamala Harris à presidência dos Estados Unidos, mesmo antes de ela começar oficialmente. O post, feito horas depois de Joe Biden desistir da tentativa a reeleição, projetou na vice-presidente a “atitude brat”.

Vale uma explicação. Brat é o nome do 6º álbum de Charli XCX – especialmente popular entre a geração Z. A palavra significa “pirralho”, ou “pirralha”. Mas Charlie XCX ampliou o conceito.

Para a cantora, uma garota com atitude brat é aquela que rejeita o estereótipo de “perfeitinha”. Que é honesta sobre suas inseguranças e não tenta ser outra pessoa além de si mesma. Aos olhos dos fãs da cantora, foi esse ideal de autenticidade que Charli colou em Kamala ao dizer que a candidata tem a tal atitude pirralha.

A “bênção virtual” da ícone pop basicamente apresentou a vice-presidente para o público jovem. E foi fundamental para rejuvenescer a campanha democrata – até aquele dia centrada num senhor de 81 anos.

Agora todo mundo é tiktoker

A campanha de Kamala está surfando a onda com habilidade, e voltou seus esforços para o TikTok.

A rede social que pertence à empresa chinesa ByteDance ainda está sob pressão dos políticos americanos – a própria Kamala Harris defende que a versão americana do app seja comprada por algum empresário dos EUA –, mas o TikTok é hoje incontornável para quem está em uma campanha nacional.

Ilustração: João Brito

Donald Trump também sabe disso. O republicano criou sua conta no TikTok em junho. O primeiro vídeo já passou das 173 milhões de visualizações e seu perfil é seguido por mais de 10 milhões de pessoas – uma demonstração da popularidade do ex-presidente e da capacidade de mobilização dos seus fãs.

A conta oficial de Kamala foi criada um mês depois e tem números mais modestos – 4,5 milhões de seguidores e pouco mais de 24 milhões de visualizações no vídeo mais popular –, mas a campanha da democrata está conseguindo viralizar dezenas de vídeos postados em uma outra conta: na @KamalaHQ, quem manda na estratégia são funcionários de até 25 anos.

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O TikTok é muito importante para os democratas porque 1) seus usuários são bastante jovens, em especial quando comparado às redes “tradicionais”, como Instagram, Facebook e X/Twitter; e 2) o consumo de conteúdo acontece quase sempre de forma passiva, com o algoritmo da rede chinesa “empurrando” vídeos ao usuário com base em milhares de informações que ele fornece ao TikTok enquanto usa a rede social.

Esse motor de distribuição no TikTok dilui a superioridade numérica de Trump em relação a Kamala. O número de seguidores e o histórico de curtidas, interações e viralizações passadas importa menos ali do que em outras redes sociais.

Se não garante completa “paridade de armas” – há alguma vantagem em ter dezenas de milhões de seguidores –, o TikTok dá à campanha de Kamala as chances de viralizar pelos próprios méritos, post a post. E ter o endosso de uma artista como Charli XCX, popular entre boa parte dos usuários da rede, ajuda bastante.

‘Old media’

Nas redes mais tradicionais, o cenário é outro. O familiaridade que o público tem de Trump e a conhecida devoção de seus eleitores constituem uma vantagem óbvia para o candidato republicano, mas a relação entre ele e as plataformas está em fase de ajustes. O ex-presidente foi banido do Twitter, do Instagram e do Facebook após a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

Agora, ele está de volta às três redes, o que significa retomar um alcance de 150 milhões de usuários.

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O Twitter, você sabe, virou X desde que Elon Musk comprou a rede – e o bilionário tornou-se um estridente cabo eleitoral do republicano. No dia 12 de agosto, Musk entrevistou Donald Trump em um link exclusivo da plataforma, evento que ajudou a engordar o caixa da campanha em US$ 1 milhão.

BUTLER, PENSILVÂNIA - 13 DE JULHO: O candidato presidencial republicano, ex-presidente Donald Trump, levanta o punho enquanto é levado às pressas para fora do palco durante um comício em 13 de julho de 2024 em Butler, Pensilvânia. O promotor público do Condado de Butler, Richard Goldinger, disse que o atirador está morto após ferir o ex-presidente dos EUA Donald Trump, matando um membro da plateia e ferindo outro no tiroteio. (Foto: Anna Moneymaker/Getty Images)
Créditos: Anna Moneymaker/Getty Images)

O republicano também aposta alto na Truth Social, rede criada por ele mesmo e que mimetiza o X de Elon Musk. A rede surgiu depois que o ex-presidente foi expulso do Twitter. Especialistas acreditam que a Truth Social pode perder importância e alcance com o retorno de Trump aos concorrentes, mas ele continua a publicar dezenas, às vezes centenas de vezes ao dia na plataforma.

Miss Americana

Se um tuíte de Charli XCX já deu um embalo valioso à campanha democrata, imagine um eventual apoio de Taylor Swift – a estrela mais influente do planeta, dona de um séquito de fãs que leva o seu nome, os swifters.

Taylor ainda não anunciou quem ela está apoiando nessas eleições. Pode parecer bobagem, mas definitivamente não é: a impressionante popularidade da cantora certamente ajudaria a definir quem vai ocupar o Salão Oval pelos próximos quatro anos.

Em 2016, ela não direcionou os votos dos seus fãs nem para Donald Trump nem para Hilary Clinton. Já em 2020, apoiou publicamente Joe Biden. Quando fala de política, Taylor é claramente progressista e nunca deu seu apoio a um político republicano, o que, teoricamente, faria seus fãs se identificarem mais com os democratas.

Taylor Swift em Chicago na "Eras Tour" em 2 de junho de 2023. (Foto: Shanna Madison/Tribune News Service/Getty Images - via Bloomberg)
Taylor Swift em Chicago na “Eras Tour” em 2 de junho de 2023. (Foto: Shanna Madison/Tribune News Service/Getty Images – via Bloomberg)

Mas, nos Estados Unidos, o voto não é obrigatório. E, para votar, é necessário se registrar. Ou seja, a capacidade de os candidatos mobilizarem o eleitorado pode ser definitiva para o resultado, o que só aumenta a importância de figuras extremamente populares como Taylor Swift.

Enquanto a loirinha, como é chamada pelos swifters brasileiros, não entra na campanha – se é que vai entrar –, seu nome vai sendo puxado para dentro do caldeirão político americano, e por iniciativa do próprio Donald Trump. Neste domingo (18), o ex-presidente compartilhou em sua conta na Truth Social imagens da cantora geradas por inteligência artificial que sugerem apoio à candidatura republicana.

Uma delas trazia Swift com a manchete “Taylor quer que você vote em Donald Trump”. O ex-presidente republicou e comentou “eu aceito”.

Taylor ainda não se pronunciou sobre o ocorrido, mas a iniciativa de Trump irritou os fãs da cantora.

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