Na véspera, a queda nas ações da companhia contagiou índices do mundo todo. O Ibovespa recuou mais de 2%, voltando para a casa dos 108 mil pontos.
Analistas minimizaram a ameaça de os problemas da Evergrande se tornarem o “momento Lehman” da China (em alusão à quebra do banco americano Lehman Brothers em 2008, que desencadeou a crise do subprime), embora haja preocupações com os riscos de contágio de um colapso desordenado daquela que já foi a incorporadora de maiores vendas da China.
O BofA Securities disse em relatório que seu cenário básico sobre os problemas na gigante chinesa Evergrande é de que “haverá pouco contágio” no setor imobiliário como um todo e nos mercados financeiros se o governo resgatar a empresa facilitando uma reestruturação ordenada da dívida.
Em um esforço para retomar a confiança na empresa, o presidente da Evergrande, Hui Ka Yuan, disse em carta aos funcionários que a empresa está confiante de que “sairá de seu momento mais sombrio” e apresentará projetos imobiliários como prometido.
Na carta, que coincide com o festival de meio de outono na China, o presidente também disse que a Evergrande vai cumprir as responsabilidades com os compradores, investidores, parceiros e instituições financeiras.
“Eu acredito fortemente que com seu esforço conjunto e trabalho duro, a Evergrande sairá de seu momento mais sombrio, retomará as construções em escala total o mais rápido possível”, disse Hui, sem dar detalhes sobre como a empresa vai alcançar esses objetivos.
Cautela permanece nos mercados
Os investidores, entretanto, permaneceram cautelosos. As ações da empresas chegaram a cair 7%, depois de queda de 10% no dia anterior, diante dos temores de que seus US$ 305 bilhões em dívida possam provocar perdas disseminadas no sistema financeiro da China no caso de um colapso. O papel terminou o pregão com perdas de 0,4%.
“Se for permitido o default de uma parte da dívida da Evergrande, isso provocará questões sobre toda a dívida remanescente com os investidores e o governo não quer uma crise mais ampla como essa”, disse o diretor gerente da Orient Capital Research.
Ajuda do governo chinês?
O governo chinês não se pronunciou sobre a crise da Evergrande nas últimas semanas.
O governo chinês vai ajudar a Evergrande ao menos a conseguir algum capital, mas ela pode ter que vender alguma participação a um terceiro, como empresas estatais, disse o banco holandês ING em nota.
Analistas do Citi disseram que os reguladores podem “comprar tempo para digerir” o problema da Evergrande orientando os bancos a não retirarem o crédito e ampliarem o prazo para o pagamento da dívida.
*Com Reuters e agências
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