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Economia

Mercado reduz expectativa de corte de 0,25 p.p da Selic e aumenta apostas de 0,5

Copom se reúne na semana que vem e deve cortar juros pela primeira vez desde 2022.

O mercado está diminuindo as apostas de corte de 0,25 ponto percentual da Taxa Selic em agosto, enquanto aumenta a expectativa de uma redução ainda maior, de 0,5 p.p. É o que mostram os dados da B3 sobre contratos de opção de Copom nesta segunda-feira (24). 

A projeção do mercado de corte de 0,25 p.p estava em 47%, contra 56,5% na última sexta-feira (21). Já as expectativas de redução de 0,5 p.p subiram de 36% para os atuais 43%.

O mercado começou a apostar em 50 pontos por conta dos últimos dados de atividade econômica do Brasil. A prévia do PIB (IBC-Br) registrou uma queda de 2% no mês de maio, ante expectativa do mercado de estabilidade em 0,0%. Acreditamos que a decepção no crescimento econômico e a queda em setores sensíveis à taxa de juros como o varejo jogam uma pressão extra para o Banco Central começar o ciclo de cortes com 50 pontos”, comenta Lucas lima, analista da VG Research.

Ainda assim, ele acredita que a redução da Selic na próxima semana será de 0,25 p.p, e não 0,5. “Historicamente, quando o Banco Central utiliza os termos ‘cautela’ e ‘parcimônia’ em seus comunicados, há uma probabilidade maior de um corte de apenas 25 pontos”, diz.

Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, também acredita em corte de 0,25 p.p, “justamente por não ter havido qualquer evento local novo que justificasse uma aceleração”.

“Eu acho que esse movimento está um pouco mais pautado e uma estratégia especulativa do que fundamentada. Isso porque, da semana passada para cá, não houve qualquer alteração nos indicadores de atividade ou de inflação que justificassem o Banco Central acelerar o corte de juros.” 

Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed

O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne na próxima semana, e na quarta-feira (3) deve anunciar sua decisão sobre a taxa de juros. Em um sinal em que a inflação tem dado sinais de desaceleração, o Banco Central tem mantido a Selic em 13,75% desde agosto de 2022. Agora, se o corte se confirmar, será o primeiro em 8 reuniões.

O ‘risco’ dos combustíveis

O economista André Perfeito acredita que o próximo movimento do BC será, de fato, um corte de 0,5 p.p da Selic na reunião de agosto. “Minha hipótese é que o BC cortou mais que o mercado esperava, subiu mais que o mercado esperava e deixou de lado por mais tempo que o mercado esperava. Logo, o BC é mais intenso quando forma uma convicção”, justifica. 

Frentista abastece carro em posto de gasolina em Brasília 07/03/2022 REUTERS/Adriano Machado

No entanto, ele acrescenta que “o único risco que tem no horizonte é a defasagem da gasolina, que está chegando num patamar bem alto”. 

Segundo dados do Centro Brasileiro de Infraestrutura divulgados nesta segunda, o preço da gasolina no Brasil está defasado em 27% em relação ao valor praticado no mercado internacional. Já a defasagem do diesel está negativa em 16%. 

Os números colocam pressão sobre a Petrobras (PETR3 e PETR4), com dúvidas sobre a possibilidade de um aumento de preços nas refinarias e os impactos sobre a inflação (o que poderia pesar sobre as decisões do BC). 

“Os preços da gasolina e do diesel estão se afastando perigosamente dos seus valores internacionais e criam risco concreto para a comunicação do BC”

André Perfeito, economista

“Que pese uma nova política de preços para os combustíveis feita pela Petrobras, a ausência de sinalização sobre o repasse cria dificuldades para a condução da política monetária no sentido de pegar a Autoridade Monetária ‘no contra pé’”, continua o economista.

“Imagine um eventual corte e sinalização de mais cortes na Selic e logo após a reunião a Petrobras resolve subir a gasolina. De duas uma, o mercado vai pensar: 1) que a Petrobras esperou a decisão do COPOM para subir a gasolina e nesse caso tentou manipular o BCB, ou, 2) que a melhora do câmbio já chegou ao limite no que tange a inflação e que não teremos mais melhoras na margem.”

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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