Claudia Sheinbaum está fazendo de tudo para apoiar os cerca de 5 milhões de mexicanos indocumentados que vivem nos Estados Unidos. Sua administração lançou um aplicativo de emergência para os detidos, colocou mais de 2.600 advogados e quase 2.200 trabalhadores consulares, e seu ministro das Relações Exteriores se reuniu com autoridades em todos os estados fronteiriços.
Essas ações visam garantir ajuda aos migrantes que enfrentam as promessas do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, de realizar “a maior operação de deportação” da história do país. Os esforços da presidente mexicana ganharam força nos dias e semanas desde que Trump ameaçou impor tarifas economicamente debilitantes ao seu vizinho do Sul — o fluxo de imigrantes como moeda de troca, além das drogas ilegais.
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“Sempre defenderemos os mexicanos que estão nos EUA”, disse Sheinbaum em coletiva de imprensa na sexta-feira (17). “Em qualquer diálogo que comece com a chegada do presidente Trump, uma das prioridades será a defesa de nossos cidadãos nos EUA e os números que mostram como os mexicanos são importantes para a economia dos EUA.”
É uma declaração de forte apoio aos migrantes e, quatro meses após o início da administração de Sheinbaum, essa é uma mensagem que ela está deixando clara aos seus eleitores. Sem mencionar que o banco central contabilizou US$ 65 bilhões em remessas nos 12 meses encerrados em novembro de 2024, o que significa que o dinheiro que os imigrantes enviam para casa é uma das fontes de renda mais importantes do país.
Ao mesmo tempo, Sheinbaum segue o exemplo de seu antecessor, Andrés Manuel López Obrador, ao cooperar com os EUA para manter relações harmoniosas. Os voos regulares de deportação dos EUA para o México continuam, e ela está se preparando para receber mais voos sob Trump. Essa cooperação é um dos seus principais caminhos para evitar tarifas que poderiam reduzir o produto interno bruto do México em cerca de 1%, segundo Gabriela Siller, diretora de análise econômica do Grupo Financiero Base.
“Tarifas de 25% seriam equivalentes à saída do acordo comercial EUA-México-Canadá. Também implicariam uma queda de 7% nas exportações do México”, disse Siller. “O México não tem escolha a não ser cooperar com o pedido de Trump para reduzir a migração de pessoas indocumentadas e o tráfico de drogas.”
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O ministro das Relações Exteriores do México, Juan Ramón de la Fuente, tornou-se o rosto desse esforço, realizando várias viagens aos EUA desde o início de dezembro para se reunir com políticos locais e estaduais e com autoridades de imigração no Arizona, Califórnia, Novo México e Texas. Seu ministério preencheu vagas nos 53 consulados do país nos EUA, com 2.187 trabalhadores e uma equipe de 2.610 advogados e 469 escritórios de advocacia prontos para oferecer assessoria jurídica aos imigrantes, caso as deportações comecem. De la Fuente chegou até a visitar centros de detenção.
“Estamos preparados para defender nossos migrantes, independentemente de seu status de imigração e de onde eles estejam localizados”, disse De la Fuente nesta segunda-feira (20), do estado fronteiriço mexicano de Sonora. Seu ministério também acrescentou em um comunicado que sua prioridade em caso de deportações é “respeitar a integridade e os direitos humanos dos mexicanos”.
Apoio aos deportados
Existem 11 milhões de pessoas indocumentadas vivendo nos EUA, e deportar todas seria um pesadelo logístico e econômico. É por isso que Yael Schacher, diretora para as Américas e Europa na Refugees International, não acredita que Trump realmente deportará todos os mexicanos indocumentados que vivem nos EUA.
“Acho que haverá alguns esforços muito direcionados”, disse ela. “Se eles realmente começarem a perseguir tantas pessoas, haveria uma reação nos EUA pelo impacto econômico de perder todos esses trabalhadores.”
Além de dotar completamente os consulados de pessoal e alinhar assistência jurídica, o Ministério das Relações Exteriores informou que está simplificando o processo para que os mexicanos nos EUA solicitem documentos importantes, como certidões de nascimento, que eles possam precisar para regularizar seu status legal.
O Ministério das Relações Exteriores e a nova Agência de Transformação Digital e Telecomunicações também criaram um aplicativo de emergência chamado “Botón de Contacto”, ou botão de contato, para oferecer assistência a mexicanos enfrentando detenção iminente nos EUA. O aplicativo funcionará 24 horas por dia, 7 dias por semana, e colocará os usuários em contato com o consulado ou à equipe do ministério mais próximo.