O Banco Central deverá desacelerar o ritmo de corte da taxa Selic para 0,25 pontos percentuais (pp) nesta quarta-feira (8), após seis cortes consecutivos de 0,50pp, segundo a maioria dos analistas consultados pela Bloomberg.

O cenário do Copom mudou para pior, dizem os economistas, com um pano de fundo externo mais adverso pelo adiamento das apostas em corte de juros nos EUA – o que chegou a levar o dólar para acima de R$ 5,20 nas últimas semanas. Além disso, as expectativas de inflação subiram na esteira da revisão da meta fiscal.

Entre 28 analistas pesquisados pela Bloomberg, 19 esperam redução de juro de apenas 0,25pp, para 10,50%, contra nove que preveem que o BC cortará a Selic em 0,50pp, respeitando o chamado “forward guidance”, a sinalização futura do Copom, dado na reunião de março.

A curva de juros projeta redução de menos de 30 pontos-base e, na segunda-feira (6), as taxas futuras voltaram a subir, com o receio do impacto das chuvas no Rio Grande do Sul. O temor é de que a enchentes afetem a produção agrícola e elevem os preços dos alimentos, além de piorar o cenário fiscal, dado o gasto com ajuda federal ao estado.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, também tem chancelado a cautela do mercado. A partir de meados de abril, Campos Neto passou a citar incerteza maior com fatores como a dívida e a piora da expectativa inflacionária — mesmo com os recentes dados mais benignos de inflação.

Economistas consideram também que a decisão pode não ser unânime, seja para um corte de 0,25pp ou 0,50pp. O BC deve remover o guidance — alterado em março para dizer que, se o cenário se confirmasse, antevia “redução de mesma magnitude na próxima reunião”.

Veja comentários dos analistas:

Ana Paula Vescovi, economista-chefe do Santander 

Mário Mesquita, economista-chefe do Banco Itaú

Cassiana Fernandez e Vinicius Moreira, do JPMorgan

Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs

Claudio Ferraz e equipe do BTG Pactual

 Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco

Caio Megale, economista-chefe da XP, e equipe

Tatiana Pinheiro, economista da Galapagos Capital

Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter