Pela primeira vez em nove meses, a inflação dos Estados Unidos voltou a ficar abaixo da brasileira quando se leva em conta o acumulado em 12 meses, segundo dados levantados pelo serviço de dados financeiros do TradeMap nesta quarta-feira (12).
Desde setembro do ano passado, a inflação anualizada medida pelo CPI-U nos EUA era superior à medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no Brasil.
Em junho, o CPI-U registrou inflação de 2,97% em 12 meses, segundo dados divulgados nesta manhã. Na comparação, houve uma variação de 3,16% do IPCA, na mesma base de comparação. O spread entre os dois índices em junho foi de 0,19 pontos percentuais, quebrando a sequência em que o CPI-U registrou valores superiores aos do IPCA.
Inflação brasileira costuma ser mais alta?
Einar Rivero, do TradeMap, observou no levantamento que, historicamente, há razões para que a inflação nos Estados Unidos, historicamente, seja mais controlada do que no Brasil no longo prazo.
“Primeiro, a cultura brasileira é mais propensa à indexação, o que significa que os preços são ajustados automaticamente com base na inflação passada. Isso pode levar a um ciclo de aumento de preços mais acelerado. Em contraste, a cultura americana tem menos tendência à indexação, contribuindo para uma maior estabilidade dos preços”, avaliou.
einar rivero, HEAD COMERCIAL do trademap.
Diferenças entre inflação dos dois países
O levantamento do TradeMap pontua que a composição da cesta de produtos usada para calcular a inflação dos dos países é diferente.
No Brasil, a cesta do IPCA inclui alimentos e combustíveis, que são itens voláteis sujeitos a flutuações de preços mais acentuadas. “Essa característica é comum em países emergentes, nos quais a dependência de commodities pode afetar a inflação”, afirma Rivero.
Por sua vez, nos Estados Unidos, a cesta de produtos é mais diversificada, englobando uma gama mais ampla de bens e serviços, o que contribui para uma inflação mais estável, acrescenta o TradeMap.
Outro fator que impacta a inflação é taxa básica de juros, conhecida no Brasil como Selic. Em períodos de alta inflação, o Banco Central pode optar por aumentar a taxa como medida para conter a pressão inflacionária. Nos EUA, o Federal Reserve tem lançado mão de um mecanismo semelhante de política monetária para controlar a alta dos preços por lá.
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