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As perdas da bolsa brasileira em dólares neste ano só ficam atrás da Argentina entre os principais índices das Américas, Ásia e Europa. É o que aponta levantamentos feito pela Economatica e pela Austin Rating.

No acumulado de 2020, a queda do Ibovespa em moeda estrangeira é de 40,51%, contra 45,99% da Argentina. O levantamento leva em conta a taxa de câmbio oficial. Já as bolsas de outros países da América Latina também acumulam recuo, mas menores que Brasil e Argentina. Veja os dados completos abaixo:

A forte queda do Ibovespa acontece em meio à disparada do dólar frente ao real. Em uma lista com 25 moedas, o Brasil aparece no topo com o maior avanço do dólar no acumulado de 2020. Veja abaixo:

País Moeda Variação do dólar em 2020 (%)
Brasil Real 39,68
Argentina Peso argentino 30,88
Turquia Lira turca 30,32
Rússia Rublo 26,1
África do Sul Rand 17,46
Colômbia Peso colombiano 16,64
México Peso mexicano 13,42
Peru Sol 9,03
Indonésia Rúpia indonésia 6,65
Chile Peso chileno 6,2
Noruega Coroa norueguesa 5,6
Índia Rúpia indiana 2,59
Canadá Dólar canadense 1,8
Reino Unido Libra esterlina 1,37
Coreia do Sul Won 0,77
Israel Novo shekel israelense -0,88
Austrália Dólar australiano -2,43
China Yuan -2,81
Japão Yen -3,46
Taiwan Dólar taiwanês -3,75
Suécia Coroa sueca -4,37
Vários Euro -4,42
Filipinas Peso filipino -4,55
Dinamarca Coroa dinamarquesa -4,92
Suíça Franco suíço -5,29

A queda do real frente ao dólar não é o único fator que explica por que o Ibovespa vem sofrendo mais que os índices de outros países neste ano. Embora a crise causada pela pandemia do novo coronavírus tenha afetado os mercados de ações no mundo todo, no Brasil as incertezas internas também pesam nos negócios.

A primeira delas é a preocupação com a situação fiscal e o aumento da dívida pública, diante do aumento dos gastos públicos para combater os efeitos da pandemia sobre a economia e a redução da arrecadação do governo por causa da crise.

Além disso, a falta de clareza sobre o rumo das despesas públicas também gera apreensão no mercado, com ruídos entre o presidente Jair Bolsonaro, a equipe econômica de Paulo Guedes e o Congresso. O fator mais recente de incertezas tem sido o impasse para financiar o Renda Cidadã, programa criado pelo governo para substituir o Bolsa Família, mas que ainda não tem espaço no Orçamento.

Já a Argentina, único país a superar o Brasil em perdas em
dólar de seu principal índice de ações, ainda luta para conseguir sair de uma
profunda crise. Com inflação em disparada e endividamento descontrolado, o país
voltou a deixar de pagar seus credores. A expectativa do Fundo Monetário Internacional
(FMI) é que a economia argentina recue 9,9% em 2020 – pouco mais que a previsão
de 9,1% para o Brasil.