A Petrobras (PETR4) anunciou nesta terça-feira (16) sua nova estratégia comercial para o diesel e a gasolina, abandonando a paridade de importação (PPI) como base principal para os reajustes e passando a aplicar premissas que miram um “equilíbrio” entre os mercados nacional e internacional.
O modelo de PPI foi adotado em 2016 e que leva em conta a cotação do barril do petróleo lá fora para estipular os preços dos combustíveis no Brasil.
Agora, segundo disse a estatal disse em comunicado, a nova estratégia prioriza o “custo alternativo do cliente”, além de um valor marginal para a Petrobras.
“O custo alternativo do cliente contempla as principais alternativas de suprimento, sejam fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos, já o valor marginal para a Petrobras é baseado no custo de oportunidade dadas as diversas alternativas para a companhia dentre elas, produção, importação e exportação do referido produto e/ou dos petróleos utilizados no refino”
Comunicado da Petrobras
Segundo a Petrobras, a premissa de preços competitivos por polo de venda, em equilíbrio com os mercados nacional e internacional, permitirá à empresa “competir de forma mais eficiente”, se valendo de suas melhores condições de produção e logística e disputando mercado com outros atores que comercializam combustíveis no Brasil, como distribuidores e importadores.
Os reajustes de preços da gasolina e diesel continuarão sendo feitos sem periodicidade definida e evitando repasse da volatilidade aos preços, disse a estatal.
A empresa afirmou ainda que a nova política garantirá preços em patamar que permitam a realização de investimentos de seu planejamento estratégico.
Repercussão
O economista André Perfeito diz que “a mudança da política de preços, numa leitura inicial, traz poucos elementos à análise”. “Foi dito que não haverá mudanças periódicas de preços e isso sugere que a Petrobras buscará amenizar a volatilidade externa nos preços domésticos, o que faz sentido. De fato a política atual dolarizou a gasolina e isso pode ser problemático em alguns momentos para se dizer o mínimo”, afirma.
“Mas como o Brasil ainda não é auto suficiente no refino, também está claro que a Petrobras não poderá abandonar algum tipo de paridade com os preços internacionais, logo o que foi anunciado precisa ser testado na realidade.”
André Perfeito, economista
Especialistas também avaliam qual pode ser o impacto da mudança da política de preços dos combustíveis na inflação e, consequentemente, na condução da política monetária pelo Banco Central.
Heitor De Nicola, especialista de Renda Variável e sócio da Acqua Vero, comenta que “a nova política de preços, apesar de não seguir mais estritamente a paridade internacional, ainda levará em consideração em seu cálculo a cotação internacional da commodity e apenas incorporará custos locais de produção e margens de refino em cada região”.
“Dito isso, pode-se dizer que a mudança não foi tão radical como o esperado”.
Heitor De Nicola, especialista de Renda Variável e sócio da Acqua Vero
Mas o especialista acrescenta que, “por outro lado, tais mudanças na precificação podem impactar os resultados da empresa no médio/longo prazo, uma vez que os lucros ficam mais dependentes de um aumento nas vendas para compensar os preços menores praticados na nova política”.
O coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, disse que, “com a nova política, o Brasil terá gás de cozinha, gasolina e diesel mais baratos, pois os custos nacionais de produção, em reais, entrarão na composição dos preços.”
Veja abaixo comunicado da Petrobras na íntegra:
“A Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras informa que sua Diretoria Executiva (DE) aprovou na data de ontem 15 de maio de 2023, a estratégia comercial para definição de preços de diesel e gasolina da Petrobras, em substituição à política de preço de gasolina e diesel comercializados por suas refinarias.
A estratégia comercial usa referências de mercado como: (a) o custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação, e (b) o valor marginal para a Petrobras. O custo alternativo do cliente contempla as principais alternativas de suprimento, sejam fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos, já o valor marginal para a Petrobras é baseado no custo de oportunidade dadas as diversas alternativas para a companhia dentre elas, produção, importação e exportação do referido produto e/ou dos petróleos utilizados no refino.
Os reajustes continuarão sendo feitos sem periodicidade definida, evitando o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio. As decisões relativas à estratégia comercial continuam sendo subordinadas ao Grupo Executivo de Mercado e Preço, composto pelo Presidente da companhia, o Diretor Executivo de Logística, Comercialização e Mercados e o Diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores.
A estratégia comercial está alinhada com a Diretriz de Formação de Preços no Mercado Interno (Diretriz) aprovada pelo Conselho de Administração em 27 de julho de 2022. A estratégia comercial tem como premissa preços competitivos por polo de venda, em equilíbrio com os mercados nacional e internacional, levando em consideração a melhor alternativa acessível aos clientes.
Essa estratégia permite a Petrobras competir de forma mais eficiente, levando em consideração a sua participação no mercado, para otimização dos seus ativos de refino, e a rentabilidade de maneira sustentável.
Com a mudança, a Petrobras tem mais flexibilidade para praticar preços competitivos, se valendo de suas melhores condições de produção e logística e disputando mercado com outros atores que comercializam combustíveis no Brasil, como distribuidores e importadores.
A precificação competitiva mantém um patamar de preço que garante a realização de investimentos previstos no Planejamento Estratégico, sob a premissa de manutenção da sustentabilidade financeira da companhia.
A Petrobras reforça seu compromisso com a geração de valor e com sua sustentabilidade financeira de longo prazo, preservando a sua atuação em equilíbrio com o mercado.
Os ajustes de preços de diesel e gasolina continuarão a ser divulgados nos canais de comunicação aos clientes e no site da companhia (precos.petrobras.com.br), onde também são disponibilizadas informações.“
(*Com informações da Reuters)
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