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Economia

PIB fica estável no último semestre de 2023; rumo em 2024 depende de Haddad e BC

Economia doméstica surpreende novamente, mas, desta vez, cresce abaixo do esperado.

A economia brasileira andou de lado nos últimos seis meses de 2023. Além da estabilidade do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre do ano passado, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou uma revisão para baixo no dado do trimestre anterior, para zero, ante leitura original de alta de 0,1%. 

Em ambos os casos, os números se referem ao confronto trimestral. Ainda assim, depois de contrariar as previsões no primeiro e no segundo trimestres do ano passado, com crescimento acima do esperado, o PIB brasileiro frustrou as expectativas na reta final de 2023, embora sem registrar queda em nenhum período. 

“O PIB ficou de lado no último trimestre, mas fechou 2023 com alta sensivelmente acima do projetado pelo mercado no início do ano passado”

André Perfeito, economista 
Consumidores fazem compras em feira no Rio de Janeiro 02/09/2021 REUTERS/Ricardo Moraes

Apesar do crescimento de 2,9% do PIB nacional no acumulado de 2023, os sinais são de perda de tração da atividade doméstica no decorrer do segundo semestre, o que sugere que a economia brasileira está na iminência de engatar a marcha à ré neste ano. Portanto, o cenário de desaceleração da economia brasileira neste ano já era esperado.

Olhando para frente, o cenário base é de desaceleração da atividade econômica, ainda que cada vez mais contida”, afirma o economista do PicPay, Igor Cadilhac. Ele lembra que, de um lado, tem-se os efeitos defasados da política monetária; de outro, o ajuste fiscal concentrado na elevação de arrecadação via impostos.

Dobradinha Fazenda-BC

Tudo vai depender, então, dos estímulos a serem lançados na economia. Enquanto o Banco Central deve continuar reduzindo a taxa Selic, a queda do juro básico tende a animar tanto a oferta quanto a demanda. Por isso, o governo deve manter o rigor fiscal, conduzido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

“Se o governo mantiver a linha da política fiscal, 2024 pode até apresentar um crescimento econômico um pouco menor que o do ano anterior, mas com uma composição muito boa”

Felipe Salto, economista-chefe da Warren Investimentos, em comentário
Prédio do Banco Central em Brasília 29/10/2019 REUTERS/Adriano Machado

Também ex-secretário da Fazenda e Planejamento do estado de São Paulo, Salto explica que a indústria deve se recuperar, nas esteiras do aumento do consumo e da alta dos investimentos. Porém, é preciso que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva consiga conter as pressões por gastos adicionais, inclusive vindas por alas da esquerda.

Na mesma linha, o economista da Guide Investimentos, Victor Beyruti, prevê uma sequência da retomada dos investimentos produtivos e da indústria à medida que o BC seguir diminuindo os juros. “Para a política monetária, o PIB não deve gerar alterações do plano de voo que tem sido apresentado pelo Copom”, diz, em comentário. 

Porém, o economista avalia que o consumo doméstico e o setor externo devem registrar um resultado mais fraco, uma vez que as condições favoráveis para os setores de serviços e da agropecuária que se fizeram presentes ao longo do primeiro semestre de 2023 não devem se repetir. Aliás, o agronegócio teve crescimento recorde no ano passado, de 15,1%. 

“Ou seja, apesar de mostrar estabilidade, a composição geral do PIB demonstra uma economia que desacelera em função do aperto monetário passado, mas não indica recessão iminente”.

Felipe Sichel, economista-chefe da Porto Asset, em comentário 

Para ele, o BC deve proceder de forma gradual no afrouxamento monetário, iniciado em agosto. Apesar de certa cautela, Salto avalia que o momento é de otimismo. “Entendo que a redução dos juros (básicos) criou um pano de fundo instigante ao investimento, o que deve aparecer com maior força em 2024”, conclui o economista da Warren.

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