A queda de 0,1% da economia no 3º trimestre colocou o Brasil em 26º lugar em um ranking do PIB com 30 países, atrás de vizinhos como Peru e Chile. Além disso, uma comparação com as listas dos trimestres anteriores mostra que o Brasil vem piorando sua colocação, na medida em que a economia perde força em meio a obstáculos como a alta da inflação.
O levantamento é feito pela Austin Rating com os resultados trimestrais já divulgados até esta quinta-feira (2).
Piora ao longo do ano
Com base nos levantamentos feito pela Austin no primeiro, no segundo e no terceiro trimestre deste ano, o InvestNews comparou o posicionamento do Brasil nas três listas. Para isso, foram considerados apenas os países que apareceram nos três levantamentos.
O resultado mostra que, numa lista com os mesmos 30 países, o PIB do Brasil ficou em 11º lugar no primeiro trimestre, depois caiu para 23º no segundo e ficou em 25º no terceiro – sem considerar possíveis revisões de dados anteriores eventualmente feitas pelos outros países.
A posição do Brasil
Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, comenta que, apesar de problemas conjunturais como crise hídrica e incertezas políticas, o Brasil tem questões estruturais que fazem com que, ao longo dos anos, o país esteja sempre “do meio da tabela para baixo” nesses rankings de comparação do PIB.
“Esse ‘do meio da tabela para baixo’ que é o ponto. Isso reforça o quanto o Brasil tem problemas domésticos”, diz. “Quando a gente olha, por exemplo, ao longo da última década, o PIB do Brasil de 2011 a 2020 cresceu em média ao ano 0,7%. Então, só por esse número a gente já compreende um pouco por que o Brasil está ali sempre abaixo. O problema não é só agora, já vem de longa data.”
Entre os problemas estruturais, Agostini cita o “baixo nível de investimentos” e “um aparelho tributário que arrecada muito e gasta mal”. “São vários problemas da economia brasileira que fazem com que a gente fique na rabeira do crescimento.”
Sobe e desce de países
Agostini comenta que a economia mundial “ainda está em fase de acomodação da pandemia” e, por esse motivo, os levantamentos têm mostrado um certo “revezamento” entre os líderes do ranking do PIB. Enquanto o topo da lista foi ocupado por países asiáticos no primeiro trimestre e europeus no segundo, agora os países produtores de petróleo e alguns sul-americanos se saíram melhor.
“No caso desse ranking, a gente vê que lá na frente são os países que têm petróleo. E tem os sul-americanos ali no meio. Por quê? Uns é a questão do petróleo, e outros é a da base de comparação, que foi muito fraca lá atrás e agora cresceu muito, como o Brasil em algum momento do tempo também teve uma boa colocação”, comenta Agostini.
Veja abaixo o ranking do PIB do 3º trimestre
RANKING | PAÍS | PIB (3º tri x 2º tri) |
1º | Arábia Saudita | 5,8% |
2º | Colômbia | 5,7% |
3º | Chile | 4,9% |
4º | Noruega | 3,8% |
5º | Filipinas | 3,8% |
6º | Peru | 3,6% |
7º | França | 3,0% |
8º | Turquia | 2,7% |
9º | Itália | 2,6% |
10º | Estados Unidos | 2,1% |
11º | Espanha | 2,0% |
12º | Holanda | 2,0% |
13º | Alemanha | 1,8% |
14º | Bélgica | 1,8% |
15º | Suécia | 1,8% |
16º | Suíça | 1,7% |
17º | Indonésia | 1,6% |
18º | Canadá | 1,3% |
19º | Cingapura | 1,3% |
20º | Reino Unido | 1,3% |
21º | China | 0,8% |
22º | Israel | 0,6% |
23º | Taiwan | 0,6% |
24º | Coreia do Sul | 0,3% |
25º | Hong Kong | 0,1% |
26º | Brasil | -0,1% |
27º | México | -0,2% |
28º | Japão | -0,8% |
29º | Tailândia | -1,1% |
30º | Austrália | -1,9% |
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