Os dados do mais recente estudo se referem ao fim de junho e foram disponibilizados com defasagem de até dois meses pelas fontes primárias. O cálculo é feito para a taxa real de câmbio efetiva. No fim do ano passado, esse desalinhamento estava em torno de 10%.
A taxa cambial tem se mostrado mais fraca que o sinalizado pelos fundamentos desde fevereiro de 2020, um pouco antes de a pandemia chacoalhar os mercados financeiros globais. Trata-se de uma das mais longas séries negativas desde a década de 1980.
Marçal explicou que com a melhora dos fundamentos – balança comercial, termos de troca, maior diferencial de juros – a taxa real efetiva de equilíbrio se valorizou (ou seja, o dólar de equilíbrio ficou mais fraco). Por outro lado, renovadas preocupações fiscais e incertezas sobre a política monetária nos Estados Unidos acabaram pressionando a cotação nominal para cima. Com esse distanciamento entre taxa nominal e taxa de equilíbrio, o desvio negativo se manteve elevado.
Nos últimos meses, o risco político voltou a aumentar conforme o governo se viu mais pressionado por investigações da CPI da Covid contra a gestão do Executivo na pandemia. Com isso, o presidente Jair Bolsonaro precisou ceder mais espaço ao centrão, tradicionalmente um demandante de mais gastos, fragilizando a posição do ministro da Economia, Paulo Guedes, e num aceno à eleição de 2022.
“Cada vez mais a eleição do ano que vem vai começar a entrar no radar das pessoas. Muita coisa está em aberto. Devem continuar esse sobe e desce, as flutuações”, disse Marçal.
Nesse sentido, o desvio negativo da taxa de câmbio deve persistir até o fim do ano, avaliou o professor.
“A pressão é de mais gastos para o ano que vem. O governo não vai conseguir tocar nenhuma reforma importante neste ano. E temos que ficar atentos à questão da política monetária.”
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