Em apresentação durante webinar promovido pelo Council of the Americas, Campos Neto também reiterou que o Banco Central fará o que for necessário para garantir o cumprimento da meta inflacionária e que tem os meios para tal.
“É muito importante enfatizar que o banco central vai fazer o que for necessário para atingir a meta. Achamos que, com os instrumentos que nós temos, podemos fazer o trabalho e estamos comunicando ao mercado, dando mais transparência sobre como usamos nossas ferramentas”, afirmou.
Para a autoridade monetária, é importante entender o processo recente de redução das projeções para o PIB no ano que vem, disse Campos Neto, destacando que até recentemente essas estimativas estavam sendo corrigidas para cima.
Segundo o relatório Focus, do BC, a mediana das projeções do mercado para o PIB recuou nas últimas duas semanas e está atualmente em 2,04%. Para a inflação, as expectativas apontam para uma alta de 3,90%, ante uma meta central e uma projeção do próprio BC de 3,50%.
Sobre as expectativas do mercado para a inflação em 2022, Campos Neto afirmou que a discrepância com as projeções do próprio BC já foi explorada na ata da última reunião do Copom – quando o colegiado chamou atenção para eventuais diferenças nas hipóteses sobre os determinantes da inflação e nos cenários de riscos, entre outros pontos – mas ressaltou adicionalmente o impacto dos ruídos em torno da política fiscal e de questões institucionais.
“Acho que há um nível elevado de barulho na parte institucional, de como o Brasil funciona, na briga entre Poderes”, disse Campos Neto. No campo fiscal, ele voltou a chamar atenção para a percepção do mercado de que uma série de ações tomadas pelo governo recentemente visaram aumentar o valor do Bolsa Família no ano que vem.
“Acho que assim que o governo explicar o que é o Bolsa Família e como ele será pago, e deixar claro que isso não vai infringir a Lei de Responsabilidade Fiscal nem todos os elementos ficais que estamos olhando, isso ficará claro, então acho que é importante fazer isso”, disse Campos Neto.
O presidente do BC ressaltou, ainda, que as ondas de choques inflacionários sofridas pelo país, primeiro em alimentos e posteriormente em energia, já estão contaminando os núcleos de inflação.
No cenário externo, ele disse ver maior incerteza sobre o cenário de taxas de juros baixas. “Acho que estamos começando a ver algum barulho sobre como as pessoas estão precificando a inflação no mundo desenvolvido”, afirmou, acrescentando que há diferentes percepções sobre se alguns países estão atrás da curva ou apenas reagindo a um crescimento mais saudável.
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