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Economia

SARS e coronavírus: qual é mais perigosa para a saúde global?

Doenças de origem animal, ou zoonoses, vêm causando epidemias que já custaram milhares de vidas – e milhões de dólares.

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Como já mostramos aqui no Investnews, a epidemia de coronavírus vem mexendo com os mercados do mundo todo. Impossível não se recordar de outros surtos infecciosos que mexeram com a economia global nos últimos anos. 

Mas, antes que os hipocondríacos (e economistas) de plantão fiquem desesperados, será que podemos esperar um impacto tão grande quanto o da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que abalou a Ásia em 2003?

SARS

A síndrome surgiu logo depois que as economias asiáticas se recuperaram da bolha da internet, no final de 2002. Provavelmente proveniente do consumo da carne de gatos-de-algália infectados por morcegos, o vírus se espalhou rapidamente no continente e, até 2003, infectou mais de 8 mil pessoas, causando cerca de 800 mortes, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Segundo documento assinado por Mark Williams, economista-chefe da consultoria britânica Capital Economics, na Ásia, o SARS freou o crescimento da China em três pontos percentuais durante a epidemia

Para ele, os dados disponíveis até agora apontam que o impacto da crise do coronavírus não é tão grave assim, mas pode evoluir para níveis semelhantes. 

O professor da Universidade de Hong Kong, Yue-Chim Wong, aponta em um artigo que “o consumo local e a exportação de serviços relacionados ao turismo e às viagens aéreas foram severamente afetados”. 

Segundo ele, Hong Kong registrou uma queda de 60% no número de turistas enquanto o movimento no aeroporto internacional da cidade caiu em 75% em 2003. 

Coronavírus

Já no caso do coronavírus, autoridades e especialistas apontam que ainda é muito cedo para entender completamente as consequências da epidemia. 

Mesmo assim, já é possível perceber que o impacto não será pequeno. O presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Jerry Rice, em entrevista publicada pela Nasdaq, afirmou que apesar de a China ter “espaço fiscal” para contornar os efeitos da crise, alguns impactos das doenças já podem ser sentidos. 

“Vimos os impactos diretos, principalmente sobre a demanda, pois as pessoas ficaram em casa na China, e o que geralmente é uma temporada movimentada de varejo e turismo praticamente parou. Ao mesmo tempo, no lado da oferta, houve paradas na produção, atrasos e atritos no transporte e trabalhadores que ficaram em casa”, disse Rice. 

Zoonoses

A bem da verdade, o coronavírus é um grupo de vírus, ao qual a SARS também pertence. Não só ela, como a Síndrome Respiratória do Médio Oriente (MERS), que infectou mais de 2 mil pessoas, resultando em cerca de 700 mortes em 2012.

Todas elas são consideradas zoonoses, ou seja, doenças infecciosas naturalmente transmissíveis entre animais vertebrados e seres humanos. 

A SARS seria proveniente de gatos-de-algália, já a MERS de camelos ou dromedários e o atual coronavírus, de morcegos. Todos os animais estariam infectados com a doença, e ao consumir a carne deles, os humanos também teriam se infectado.

Carel Du Marchie Sarvaas, diretor executivo da Associação Health for Animals, que luta pela saúde animal, publicou um artigo no jornal britânico “Telegraph” sobre o assunto. Segundo ele, seis em cada dez doenças infecciosas têm origem animal. “Uma das melhores formas de proteger as pessoas contra doenças como a SARS ou o coronavírus é cuidar primeiro da saúde dos animais”.

Para Carel, a melhor forma de atacar o problema é uma cooperação efetiva entre toda a comunidade médica, veterinários, ambientalistas e pesquisadores.

SARS x Coronavírus

A impressão geral é de que a atual epidemia de coronavírus é menos perigosa do que a da SARS. Ao todo, a China já registra mais de 6 mil casos da doença, contabilizando cerca de 133 mortos. A SARS infectou pouco mais de 5,3 mil casos, mas com uma mortalidade bem maior: 349 mortes.

Em todo o caso, o problema que afeta não só os infectados e suas famílias, mas praticamente todo o globo pelas consequências no mercado financeiro, não parece estar próximo de ser resolvido. 

Segundo entrevista do pesquisador Nis Grünberg, do Instituto Mercator de Estudos da China concedida ao jornal alemão “Deutsche Welle”, os próximos dias mostrarão o verdadeiro tamanho do problema. “A má gestão do surto de SARS é claramente um fantasma que o governo teme, e as próximas semanas mostrarão o quanto de aprendizado em gestão e mecanismos de resposta a crises surgiu desde a epidemia de 2003”.

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