A campanha de Donald Trump e de seu conselheiro Elon Musk para cortar radicalmente a burocracia do governo seguiu seu caminho nesta sexta-feira, com milhares de trabalhadores que lidam com quase tudo, desde a segurança das armas nucleares do país até o atendimento de veteranos militares, perdendo seus empregos.
De 1 mil a 2 mil trabalhadores do Departamento de Energia (equivalente ao nosso Ministério de Minas e Energia) foram demitidos, incluindo centenas no gabinete que supervisiona o estoque nuclear do país, disseram nesta sexta-feira (14) à Reuters fontes com conhecimento sobre o tema.
Outros 2,3 mil funcionários foram demitidos no Departamento do Interior, que controla mais de 200 milhões de hectares de terras públicas, incluindo mais de 60 parques nacionais, assim como os programas de leasing de petróleo e gás, contaram as fontes.
Elas afirmaram que um número não especificado de trabalhadores do Departamento da Agricultura também foram demitidos.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) está perdendo quase 1,3 mil funcionários, ou quase 10% de sua força de trabalho, informou a Associated Press.
As demissões se somam a outras que tiveram como alvo departamentos como os de Assuntos de Veteranos, Educação e Administração de Pequenas Empresas.
Autoridades do Escritório de Administração de Pessoal, que controla a contratação pública, encontraram-se com membros das agências na quinta-feira, alertando-as para demitirem os trabalhadores em período probatório, afirmou uma pessoa próxima ao assunto.
Cerca de 280 mil funcionários dos 2,3 milhões de membros do funcionalismo público federal foram contratados nos últimos dois anos. A maior parte deles está no período probatório e, portanto, de mais fácil demissão, segundo dados do governo.
Trump alega que o governo federal está inchado e que muito dinheiro é perdido com desperdícios e fraudes. O governo tem uma dívida pública de cerca de US$ 36 trilhões e terminou o ano passado com déficit de US$ 1,8 trilhão. Há consenso bipartidário de que reformas são necessárias.
Mas democratas do Congresso afirmam que Trump está invadindo a autoridade constitucional do Legislativo de controlar os gastos federais, mesmo que os membros republicanos do Parlamento, que são maioria, tenham apoiado amplamente as medidas.
“Eu fico com as palavras do secretário Collins quando ele diz que não haverá impacto sobre os cuidados, benefícios e serviços para veteranos com este plano”, disse o deputado republicano Mike Bost, líder do painel da Câmara que supervisiona o Departamento de Assuntos de Veteranos. Ele se referia ao chefe do departamento, Doug Collins. Na quinta-feira, o órgão anunciou a demissão de mais de mil servidores.
O escopo dos cortes ainda é incerto. Porém, sabe-se que pelo menos 9,5 mil servidores foram demitidos nesta semana, de acordo com a Reuters e outros veículos de comunicação.
Críticos questionam a abordagem bruta de Musk, pessoa mais rica do mundo, que acumulou influência extraordinária no governo Trump. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, minimizou nesta sexta-feira essas preocupações, comparando o Departamento de Eficiência Governamental, controlado por Musk, com uma auditoria financeira.
“São pessoas sérias, que estão indo de agência em agência, fazendo auditoria, buscando as melhores práticas”, disse ele à Fox Business Network, rejeitando a “histeria” quanto aos cortes.
Musk está usando um grupo de jovens engenheiros com pouca experiência pública para gerir a operação do Doge. Seus cortes iniciais parecem ser mais motivados pela sua ideologia do que pela redução de custos.
A velocidade e a amplitude dos esforços de Musk têm produzido crescente frustração entre alguns assessores de Trump, por causa da falta de coordenação. Entre eles, está a chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles, disseram fontes à Reuters.
(Por Nathan Layne e Timothy Gardner; reportagem adicional de Leah Douglas, Susan Heavey, David Lawder e Tom Hals)