O presidente Donald Trump planeja impor tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio para os EUA, ampliando suas restrições comerciais para alguns dos principais parceiros comerciais do país. A medida busca proteger as indústrias nacionais que ajudaram Trump a vencer a eleição presidencial em estados-chave no ano passado.
Falando com repórteres no Air Force One, no domingo, Trump disse que as tarifas se aplicariam às importações de ambos os metais de todos os países, incluindo os principais fornecedores México e Canadá. Ele não especificou quando as taxas entrariam em vigor.
O presidente também disse que anunciaria tarifas recíprocas esta semana sobre países que tributam importações dos EUA. As tarifas seriam promulgadas “quase imediatamente” após um anúncio, Trump afirmou, sem fornecer mais detalhes.
Em 2024, o Brasil foi o terceiro maior fornecedor de aço para Estados Unidos, em volume, segundo dados do Departamento de Comércio americano, atrás de Canadá e México. Quase metade, ou 48% do aço exportado pelo Brasil, tem os EUA como destino. As vendas para o mercado americano do alumínio brasileiro representam 14% das exportações da commodity. As exportações brasileiras de ferro e aço aos EUA alcançaram US$ 4,7 bilhões no ano passado, só considerando os produtos semi-acabados, como lingotes:
A decisão de domingo é a mais recente de uma série de ameaças de Trump sobre tarifas em países e setores específicos que abalaram os mercados nas últimas semanas. No entanto, não se sabe se ele seguirá até o fim com a medida — ele anunciou, mas depois pausou tarifas sobre o Canadá e México, enquanto prosseguia com uma taxa de 10% sobre todas as remessas da China.
Os EUA dependem de importações de alumínio de países como o Canadá, os Emirados Árabes Unidos e o México, para atender à vasta maioria da demanda — as importações líquidas somaram mais de 80% em 2023, de acordo com o Morgan Stanley. As importações de aço representam uma menor parcela do consumo geral, mas são vitais para setores que dependem de ligas especiais, incluindo o aeroespacial, a fabricação de automóveis e energia, abrangendo desde desenvolvedores de energia eólica a perfuradores de petróleo.
Algumas empresas de petróleo ganharam isenções de tarifas sobre o metal durante o primeiro mandato de Trump.
“Esta rodada de tarifas de 25% sobre o aço é definitivamente negativa para o sentimento do mercado em relação às commodities ferrosas. Pode levar de dois a três dias para o mercado digerir o enfraquecimento dos preços”, disse Mengtian Jiang, analista na consultoria Horizon Insights.
Muitos compradores e vendedores de aço e alumínio esperavam que teriam pelo menos até março para se preparar para qualquer implementação tarifária. Ambos os lados agora terão que se esforçar para encontrar novos mercados e fornecedores.
Conflito com a União Europeia
Para a União Europeia, a luta sobre as tarifas americanas sobre metais começou em 2018 durante o primeiro mandato de Trump, quando os EUA atingiram quase US$ 7 bilhões em exportações europeias de aço e alumínio com impostos, citando preocupações com a segurança nacional.
O bloco de 27 nações retaliou mirando empresas politicamente sensíveis com taxas retaliatórias, incluindo motocicletas da Harley-Davidson, e jeans da Levi Strauss & Co.
Os dois lados concordaram com uma trégua temporária em 2021, quando os EUA removeram parcialmente suas medidas e introduziram um conjunto de cotas tarifárias acima das quais as taxas sobre os metais eram aplicadas, enquanto a UE congelou todas as suas medidas restritivas.
Na segunda-feira, a Comissão Europeia disse que não responderá até ter mais detalhes sobre as medidas planejadas. Contudo, um porta-voz da comissão disse que a imposição de taxas “seria ilegal e economicamente contraproducente”.
Asiáticos em busca de novos mercados
Na Ásia, exportadores como a Coreia do Sul, que vende tanto alumínio quanto aço para os EUA, já estão buscando outros mercados. As remessas de aço da Coreia do Sul são atualmente cerca de 70% da média anual para 2015-2017, antes da primeira onda de tarifas comerciais de Trump, embora em valor, os EUA continuem sendo o maior destino para seu aço. O ministério do Comércio do país disse que estava monitorando de perto a situação dos EUA.
Trump não esclareceu se as importações de metal da China enfrentariam tarifas duplas, já que ele já impôs uma tarifa de 10% sobre os produtos chineses.
Em resposta ao imposto geral, Pequim anunciou na semana passada medidas retaliatórias que entrariam em vigor na segunda-feira.
“O protecionismo não leva a lugar nenhum, e guerras comerciais e tarifárias não têm vencedores”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, na segunda-feira. Ele direcionou perguntas sobre as tarifas de Trump a outras autoridades. O Ministério do Comércio chinês não respondeu imediatamente aos pedidos de comentário.
O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, disse ao parlamento na segunda-feira que tinha uma conversa agendada com Trump e que buscaria uma isenção para as exportações australianas de aço e alumínio.