Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) – O setor de varejo do Brasil iniciou 2024 com o maior aumento no volume de vendas em um ano e bem acima do esperado, recuperando o ritmo após a fraqueza vista do final do ano passado, em meio a um cenário econômico mais favorável.
As vendas varejistas avançaram 2,5% em janeiro na comparação com o mês anterior, depois de uma queda de 1,4% em dezembro, resultado mais forte desde janeiro de 2023 (+2,5%).
O dado do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgado nesta quinta-feira ficou bem acima da expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,2%.
“Janeiro passou a ser bom porque o Natal também não foi muito bom. Aí muitos setores investem em liquidações e promoções, tanto que as maiores quedas de dezembro foram as maiores altas em janeiro”, explicou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.
Em relação ao mesmo mês do ano anterior, as vendas apresentaram avanço de 4,1%, contra expectativa de alta de 1,3%..
Em janeiro, o setor operava 5,7% acima do patamar pré-pandemia, registrado em fevereiro de 2020, e 0,8% abaixo de seu nível recorde, alcançado em outubro de 2020
O setor varejista fechou 2023 com alta das vendas. Segundo os dados do PIB, o consumo das famílias teve no ano passado aumento de 3,1%.
“O varejo começa o ano com uma cara melhor, mas vale ressaltar que os dados do comércio seguem intercalando movimentos consecutivos de altas e baixas e com importante heterogeneidade entre as atividades pesquisadas… Portanto, parte do movimento de hoje deve ser visto como reflexo de um dezembro mais fraco e não como uma nova tendência”, alertou João Savignon, chefe de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital
Para este ano, especialistas avaliam que o mercado de trabalho ainda aquecido e uma inflação comportada devem favorecer as vendas, embora os juros elevados ainda pesem, mesmo diante do afrouxamento monetário promovido pelo Banco Central.
“O mercado de trabalho aquecido, a continuidade do ciclo de cortes da Selic e o cenário mais favorável para o consumo e para o crédito devem impulsionar o varejo este ano, principalmente os segmentos mais dependentes de financiamentos”, disse Rafael Perez, economista da Suno Research.
ALTAS
Entre as oito atividades pesquisadas, cinco apresentaram aumento das vendas em janeiro. Os destaques foram os ganhos de 8,5% de tecidos, vestuário e calçados e de 6,1% de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, que exerceram as principais influências sobre o resultado total do comércio varejista.
O setor de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que tem o maior peso na pesquisa, apresentou alta de 0,9% nas vendas e marcou o terceiro mês seguido no azul.
“Há uma influência do componente inflacionário e também do maior consumo das famílias, especialmente de alimentos e bebidas”, disse Santos.
O comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção, cresceu 2,4% em janeiro sobre o mês anterior, com alta de 2,8% em veículos.
“As condições de compra melhoraram nos últimos meses com juros menor, inflação mais baixa e avanços no mercado de trabalho. Essas melhorias aparecem também na venda de veículos, um bem de maior valor”, completou o gerente da pesquisa.
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