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Economia

Volta às aulas: material escolar sobe quase o dobro da inflação em 2023

Artigos de papelaria tiveram reajuste de cerca de 10% em 12 meses. Diferença de preços entre os itens pode ser de mais de 260%.

A volta às aulas deste ano está pesando no bolso das famílias brasileiras com a alta da inflação e reajuste de preços. De acordo com Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação dos artigos de papelaria atingiu 9,83% nos últimos 12 meses.

Ou seja, o preço do material escolar subiu quase o dobro da inflação oficial do país, que foi de 5,79% no ano passado. Com isso, muitos pais estão preocupados com mais uma conta para pagar no apertado orçamento de janeiro.

A maior alta foi do caderno que teve um reajuste de 11,80% entre dezembro de 2021 e dezembro de 2022.

Para tentar driblar a inflação, a coordenadora de relacionamento médico Cibele Laudate Carvalho, 44 anos, fez malabarismo para poder comprar o material da filha Alice de 9 anos.


Cibele Laudate, de 44 anos, ajuda a filha Alice com o material escolar. Preço dos materiais assusta os pais de alunos. Crédito: Tatiana Santiago/InvetNews

Mesmo fazendo pesquisa de preços juntamente com outras mães, ela conta que precisou parcelar em seis vezes materiais de papelaria, já que pagou 26% a mais do que no ano anterior.

“O material de papelaria passou de R$ 440 para R$ 557. Muitas coisas ela vai usar do ano passado como caderno, borracha, lápis de cor, canetinha e régua, mas mesmo assim o material ficou bem mais caro do que no ano passado. Tudo teve um aumento bem considerável que pesou bastante no orçamento”, conta.

Entre os materiais escolares, Cibele conta que o mais caro foi a folha de sulfite. Um pacote de 500 folhas no ano passado era R$ 20 e passou para R$ 27, podendo chegar a R$ 35, uma variação de 35% a 75%.

Já o material didático, que é vendido pela escola, que subiu R$ 500 em um ano, foi parcelado em dez prestações.

De acordo com o IBGE, o transporte escolar e o uniforme tiveram alta de 7,22% e 9,04%, respectivamente. No entanto, os preços pagos pela mãe da Alice estão bem acima da inflação do material escolar.

“Sobre a perua, do ano passado pra cá também aumentou bastante, então a gente decidiu que ela não vai usar neste ano, porque a gente mora pertinho da escola”, conta Cibele.

A Alice vai aproveitar a carona do pai que vai levá-la e buscá-la quando for e voltar do trabalho. De acordo com a mãe da aluna, o aumento foi de 32% em um ano. Já o preço da camiseta do uniforme subiu de R$ 40 no meio do ano para R$ 65, e por isso, Alice usará a mesma do ano passado até março, data em que os pais poderão comprar um novo uniforme.

Material escolar em papelaria Crédito: Adobe Stock

O alto preço dos itens escolares tem tirado o sono do mecânico Josias Santos, de 48 anos. Pais de duas crianças em idade escolar, de 6 e 7 anos, ele vai ter que comprar tudo em dobro.

“Está tudo um absurdo, os preços estão muito caros e não tenho condições de comprar tudo agora. Uma simples caneta está uma fortuna”, afirmou.

Como alternativa, os filhos vão reaproveitar o material do ano passado e pegar livros emprestados dos coleguinhas. O reajuste médio dos livros didáticos foi de 5,21%, segundo o IBGE.

Dicas para economizar

Para tentar economizar na compra, Rodrigo Simões, economista e professor da Faculdade do Comércio, dá algumas dicas.

“É preciso fazer um orçamento prévio em algumas lojas, pesquisar na internet. Na hora de comprar, reunir outros pais e tentar negociar uma quantidade maior para poder conseguir um desconto”, afirmou.

De acordo com o economista, outra alternativa é verificar se a escola possui algum convênio com lojas que vendem materiais escolares.

Já o economista Denis Medina, professor da FAC-SP, diz que a internet deve ser utilizada para “barganhar” o preço dos produtos nas lojas físicas.

Diferença do preço do material escolar supera os 260%

Um levantamento do Procon-SP aponta que as diferenças de valores de um mesmo item do material escolar superam os 260%.

Segundo o órgão de defesa do consumidor, a maior diferença encontrada foi de 262,50% na caneta esferográfica Economic 1,0mm da Compactor. Em um local o produto era vendido por R$ 2,90 e em outro, R$ 0,80, uma diferença em valor absoluto de R$ 2,10.

O levantamento foi realizado entre os dias 6 e 8 de dezembro em oito sites de compras: Amazon, Americanas, Gimba, Kalunga, Lepok, Livrarias Curitiba, Magazine Luiza e Papelaria Universitária.

Foram comparados os preços de 80 itens dos seguintes produtos: apontador de lápis, borracha, caderno, caneta esferográfica, caneta hidrográfica, cola, giz de cera, lápis de cor, lápis preto, lapiseira, marca texto, massa de modelar, papel sulfite, refil para fichário, régua, tesoura e tinta para pintura a dedo.

Preço do material escolar assusta pais de alunos. Crédito: Adobe Stock

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