A Omega Energia espera que as fusões e aquisições na indústria de energias renováveis brasileira ganhem ritmo em 2023, após o rápido desenvolvimento da infraestrutura nos últimos anos.
Antonio Bastos, CEO da maior empresa de energia eólica e solar brasileira, disse que há pelo menos oito acordos de energia renovável em oferta. Um dos potenciais vendedores é a Brookfield Asset Management, que já considera se desfazer de alguns de seus ativos de energia no país. A eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva acaba com a incerteza eleitoral e facilita o fechamento de negócios, disse Bastos.
“Continuaremos vendo consolidação e criação de entidades maiores e mais fortes”, afirmou Bastos em entrevista, acrescentando que a Omega está “sempre olhando tudo”.
O aumento dos acordos marcaria uma guinada. Nos últimos 12 meses, o mercado brasileiro registrou 24 fusões e aquisições em energia alternativa no valor de US$ 1,3 bilhão, uma queda de 89% na comparação anual, segundo dados compilados pela Bloomberg.
Globalmente, acordos em energias alternativas recuaram 15%, para US$ 77,5 bilhões no mesmo período. Com o rápido crescimento da energia renovável no Brasil, muitas operadoras podem vender alguns de seus parques eólicos e solares para levantar dinheiro para outros projetos ou pagar dívidas.
Custos de construção mais altos devido à inflação e restrições na cadeia de suprimentos podem tornar a compra de ativos existentes mais atraente do que começar do zero, especialmente para os novatos.
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Ainda há alguns obstáculos para fechar negócios. Bastos disse que as altas taxas de juros no Brasil devem dificultar a captação de fundos, e isso pode obrigar vendedores a reduzir os preços.
A indústria de energia solar se expandiu 66% ano passado no Brasil, para 23,5 gigawatts de capacidade, tornando-se a segunda maior fonte de eletricidade depois da energia hidrelétrica. A BloombergNEF calcula que esse ritmo de crescimento diminua à medida que o governo reduza os subsídios à energia solar residencial. Enel (COCE3), Omega (MEGA3), Engie (EGIE3) e State Grid têm a maior capacidade eólica e solar do Brasil, segundo a BNEF.
A construção de linhas de transmissão pode abrir seções eólicas que atualmente não são exploradas no país, enquanto a indústria eólica offshore está prestes a decolar assim que a regulação for finalizada, destacou Bastos.
“Há muita terra com vento muito forte ainda a ser desenvolvida”, comentou Bastos. “O gargalo para grandes expansões seria a transmissão.”
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