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Finanças

Ação da Vale sobe mais de 3%, mesmo com queda do minério

Mercado repercute a notícia de que a empresa obteve a licença de operação em Minas Gerais para a barragem de Torto.

A ação da Vale (VALE3) fechou em forte alta nesta segunda-feira (3), apesar da queda da cotação do minério no exterior, com investidores repercutindo a notícia de que a empresa obteve a licença de operação em Minas Gerais para a barragem de Torto, no complexo de Brucutu, em um passo que possibilitará a captura de maiores prêmios sobre os preços de seus produtos.

Logo da Vale. REUTERS/Washington Alves

A ação da Vale subiu 3,13%, a R$ 66,23, após chegar a R$ 66,50 na máxima do dia. Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed, comenta que, além da notícia sobre a barragem torto, a alta do papel neste pregão “segue a alta dos pares internacionais – BHP, Rio Tinto e Anglo American subiram em Londres, com expectativas de retomada de crescimento da economia chinesa“.

O que esperar da ação da Vale

O papel VALE3 caiu mais de 26% no primeiro semestre de 2023, mas analistas de diversas casas projetam valorização do papel. A XP Investimentos, por exemplo, tem recomendação de compra, com preço alvo de R$ 97,10.

Segundo levantamento feito pela ferramenta Valor Pro com 12 casas, 10 recomendam compra da ação da Vale, incluindo Ágora Investimentos, Santander Corretora, Empiricus, Safra e Itaú BBA.

As perspectivas para o curto prazo, no entanto, ainda apontam para alguma cautela, conforme comenta Marco Saravalle, analista e sócio-fundador da Sara Invest.

“A gente está vendo as expectativas para o balanço do segundo trimestre, e todo mundo já espera um resultado menor. Então, já está no preço esse cenário de curto prazo mais desafiador. “

Marco Saravalle, analista e sócio-fundador da Sara Invest

João Abdouni, analista da Levante Corp, comenta que, apesar da volatilidade, o minério de ferro continua perto da casa dos US$ 110 dólares a tonelada, e “isso faz com que a empresa seja uma das maiores pagadoras de dividendos da bolsa brasileira, com um dividendo projetado de 11% para os próximos doze meses”.

Saravalle acrescenta que, diante das expectativas de suavização do ciclo de alta de juros nos Estados Unidos e seu impacto sobre a economia global, “daqui para frente, talvez a gente tenha mais potencial de valorização do que desvalorização da commodity no médio e longo prazo”.

Abdouni acrescenta que um “segundo ponto é de que o negócio secundário de metais básicos da Vale vem ganhando holofotes e já é precificado com 45% do valor de mercado da companhia”. “Isso deixa as ações da empresa neste momento muito baratas”, diz o analista.

Sede do Banco do Povo da China, em Pequim 04/04/2020 REUTERS/Carlos Garcia Rawlins

Abdouni comenta que esses fatores, somados a uma recuperação (ainda que lenta) da economia da China, “podem fazer com que a empresa tenha uma performance melhor no segundo semestre de 2022”.

Sobre este último ponto, Saravalle, da Sara Invest, afirma que medidas de estímulo à economia chinesa podem ajudar a alavancar a ação da Vale. “Agora, por incrível que pareça, quanto piores as notícias, melhor para a Vale, porque o mercado está muito ansioso, esperando algum estímulo mais forte, adicional, na economia chinesa.” 

Já Petrokas, por sua vez, diz que “a Quantzed entende que, para julho, há expectativa de valorização de VALE3 depois das quedas recentes, mas seria uma alocação tática e rápida, com visão para 1 mês, dado o nível de incerteza sobre as ações“.

Licença para operação

A Vale divulgou nesta segunda comunicado ao mercado informando sobre a licença de operação para a barragem de Torto. O aval foi concedido pelo Conselho Estadual de Política Ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) para a estrutura, que receberá parte dos rejeitos produzidos na usina de Brucutu, em Barão de Cocais e São Gonçalo do Rio Abaixo (MG).

Em abril, a companhia havia dito que a entrada em operação de Torto contribuiria também com custos menores, após o indicador ter crescido no primeiro trimestre, quando a empresa foi impactada por restrições de embarque no Terminal Ponta da Madeira, no Maranhão.

Em comunicado nesta segunda-feira, a Vale afirmou que o início gradual da operação da barragem permite “melhora substancial da qualidade média” do portfólio de produtos, além de maior produção de aglomerados, como pelotas e briquetes de minério de ferro, por meio da substituição da produtos de alta sílica por produtos de alta qualidade, como o pellet feed.

“A melhora do mix de produtos possibilita a captura de maiores prêmios sobre os preços de nossos produtos, contribuindo positivamente para nossos resultados”

Vale, em comunicado

A afirmação vem em linha com o que havia sido previsto pela Vale em abril, quando informou que a expectativa para o segundo semestre era de melhorar o mix de produção, com mais volumes de projetos com maior teor de ferro, e compensar vendas que não foram realizadas nos três primeiros meses do ano devido a dificuldades no embarque.

Vicente Guimarães, CEO da VG Research, avalia que a notícia é positiva para a empresa, especialmente pela previsão de aumento da capacidade de produção. Conforme divulgado anteriormente, a Vale espera produzir 36 milhões a 40 milhões de toneladas de aglomerados de minério de ferro em 2023 e 50 milhões a 55 milhões de toneladas em 2026. “Isso aumenta a capacidade dela em quase 10%”, destaca Guimarães.

A barragem Torto é uma estrutura construída em etapa única, sem alteamentos, e possui Declaração de Condição de Estabilidade (DCE) desde junho de 2022, pontuou a mineradora.

O complexo conta com uma planta de filtragem, que processa a maior parte do rejeito gerado e permite o empilhamento em estado sólido, além da produção de areia como coproduto, reduzindo-se, portanto, a dependência de barragens.

(* com informações da Reuters)

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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