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Finanças

Ambev se recupera em formato V, mas futuro da ação ainda é incerto

Ação foi o destaque negativo do dia. O que esperar da companhia a curto e longo prazo?

Ambev
Ambev. Foto: Divulgação

A Ambev (ABEV3) anunciou um lucro líquido de R$ 2,359 bilhões no terceiro trimestre de 2020, uma queda de 9,4% comparada ao mesmo período em 2019. O resultado veio acima das projeções do mercado, que esperava um lucro de R$ 1,3 bilhão no período.

Segundo a companhia, a Ambev se recupera em formato V com foco especial na venda de cervejas brasileiras. Apesar do lucro no balanço a ação chegou a cair mais de 5% após a divulgação dos resultados.

Os papéis da Ambev (ABEV3) fecharam em baixa de 3,59%, cotados a R$ 12,89. A ação foi a maior queda do Ibovespa nesta quinta-feira (29). No acumulado do ano a companhia recua 30,96%.

No mercado financeiro, os especialistas divergem sobre o futuro da companhia mas todos concordam em que é preciso cautela com o cenário macro e a segunda onda da covid-19.

Para Thomas Lobo, analista da Flip Investimentos, a tendência da ação a curto prazo é de alta, no entanto o papel despencou hoje mais de 5% repercutindo o balanço da companhia além de um movimento de correção. “Os resultados não foram bons, isso teve um grande impacto no preço da ação”, explica.

Segundo uma analise técnica feita por Lobo, a ação ABEV3 corrigiu hoje uma alta do papel no curto prazo. E pode voltar a subir quando superar a média curta de R$ 13,40. Ele enxerga a recuperação do ativo como consistente, com tendência de alta a curto e médio prazo. “A ação está se valorizando desde setembro e pode subir após a retração buscando os R$ 15,92”, defende.

Já no longo e longuíssimo prazo o analista recomenda cautela porque o futuro da companhia é incerto. A ABEV3 chegou a um topo de R$ 23,41 em 2018, mas para Lobo a tendência é de baixa . “O investidor precisa ficar de olho no cenário macro, a pandemia, aumento de casos de coronavírus no Brasil e novas restrições na economia que podem impactar o setor de bebidas alcoólicas”, reforça.

Em relatório a analista Diana Stuhlberger, da Eleven Financial, aponta que a Ambev está se adaptando as novas tendências de consumo, focando no gosto do cliente na estratégia de inovação, o que permitiu um ganho no market share da companhia.

No entanto, a desvalorização do real contribuiu negativamente na rentabilidade da Ambev, conflito que deve continuar nos próximos meses enquanto a empresa manter a estratégia de travar o câmbio com 12 meses de antecedência.

A casa de análise manteve a recomendação para ação em neutra, mas aumentou o preço-alvo do papel para R$ 16, com boas perspectivas para os próximos trimestres.

“Seguimos observando de perto a dinâmica concorrencial e de adaptação aos padrões de consumo no próximo ciclo e no pós-pandemia antes de recomendarmos a compra da ação”, afirmou.

Veja também: Vale, Petrobras, Bradesco e Ambev: o que os balanços mostraram

Balanço

A Ambev (ABEV3) teve um lucro líquido de R$ 2,359 bilhões no terceiro trimestre de 2020, uma queda de 9,4% comparada ao mesmo período em 2019.

O Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi de R$ 5,07 bilhões, alta de 15% na comparação anual.

A Receita Líquida atingiu R$ 15,604 bilhões, um crescimento de 30,5% em relação ao mesmo período em 2019.

Segundo a Ambev a recuperação da empresa acontece em formato V. Todos os países onde a companhia tem atividades apresentaram melhorias nas vendas em relação ao segundo trimestre por causa da flexibilização das medidas de restrição. “Sete dos nossos dez mercados apresentaram crescimento de volume ano após ano”, explicou a companhia em relatório.

Venda de cervejas

Segundo a Ambev o faturamento foi beneficiado pela alta de 12% no volume de vendas de cerveja para o terceiro trimestre. O Brasil teve a melhor performance e puxou o crescimento.

A nível global a Ambev vendeu 42,4 bilhões de hectolitros, um crescimento de 12% em comparação ao mesmo período em 2019. No Brasil, a venda de cervejas teve um aumento de 25,4% na comparação anual.

Segundo o relatório, o Brasil performou melhor por causa da estratégia comercial, adaptabilidade do calendário de preços e efeito líquido dos subsídios governamentais como suporte.

Outro fator que ajudou foi a renda dos consumidores no processo de reabertura, o que permitiu compensar os impactos da pandemia nas vendas. Os brasileiros consumiram mais cerveja no terceiro trimestre.

Na América Latina, as vendas foram puxadas pelo Paraguai e Chile, no entanto houve impactos negativos da Bolívia e Argentina. A Bolívia ainda sente os impactos do isolamento social pela covid-19, enquanto a Argentina teve consequências fortes na sua economia.

Na América Central e Caribe, as vendas desaceleraram com Republica Dominicana e Panamá que enfrentaram fortes restrições na pandemia, com toque de recolher e proibição para venda de bebidas alcoólicas. No entanto, na Guatemala houve um crescimento na participação de mercado neste trimestre.

No Canadá, as vendas cresceram pelo fator ambiental, o clima quente e seco da região contribuiu ao consumo frequente de cerveja nos lares e também em bares e restaurantes que reabriram gradualmente. Para está região o futuro ainda é incerto com a segunda onda da covid-19 se espalhando pelo Hemisfério Norte.

Segundo a Ambev, há muita incerteza sobre o impacto da covid-19 nos resultados futuros da empresa, porém a companhia criou estratégias para manter a recuperação em formato V, tanto no volume de vendas como no crescimento da receita.

“O cenário continua desafiador, mas estamos confiantes de que estamos tomando as decisões certas no mercado e de que temos uma posição forte e a estratégia correta para enfrentar os desafios que teremos à frente”, afirmou a companhia.

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