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Finanças

Após ministro da Saúde se demitir, Ibovespa fecha em queda de 1,84%

Com dias complexos na política brasileira, Bolsa volta aos 77 mil pontos e recua 3,37% no acumulado semanal

bolsa

O Ibovespa, principal índice da B3, não conseguiu fugir dos impactos da escandalosa política brasileira e fechou em queda de 1,84% aos 77.556 pontos nesta sexta-feira (15). No acumulado da semana, a bolsa de valores perdeu 3,37%. A saída do ministro de Saúde, Nelson Teich, que permaneceu no cargo menos de um mês colocou o mercado de ponta-cabeça. Desde que a pandemia começou, esta seria a terceira perda ministerial que o governo Bolsonaro enfrenta.

Com mais uma crise política, o dólar fechou em alta de 0,33%, cotado a R$5,839. Além do conturbado cenário interno, o embate entre EUA e China contribuiu com a alta da moeda americana. Na máxima do dia, o dólar chegou a R$ 5,864.

Entre as ações mais negociadas do dia subiram os papéis da B3 (B3SA3), com alta de 4,55%. A B3 divulgou nesta sexta-feira o balanço do primeiro trimestre de 2020, onde registrou lucro líquido de R$ 1,02 bilhão e alta de 69,1% em relação ao mesmo período em 2019. Subiram também as ações da Vale (VALE3), com leve alta de 0,04%.

Caíram entre as mais negociadas: as ações da Suzano (SUZB3), que recuaram 10,99%, após prejuízo da companhia de R$ 13,42 bilhões no primeiro trimestre de 2020. E as ações da Petrobras (PETR4), que perderam 2,50% após a petroleira também registrar prejuízo de R$ 48, 523 bilhões no primeiro trimestre, resultado influenciado pela revisão dos preços do petróleo Brent a nível mundial. Caiu também a Via Varejo (VVAR3), que recuou 3,77%.

Destaques da Bolsa

Entre os destaques positivos do dia estavam: as ações da Cia Hering (HGTX3), Gol (GOLL4) e Braskem (BRKM5) que avançaram 13,24%, 8,04% e 7,43% respectivamente.

Já entre as maiores baixas do dia estavam: Suzano (SUZB3), Pão de Açúcar (PCAR3) e Cyrela (CYRE3), que recuaram 11,80%, 7,93% e 7,19%, respectivamente. As companhias Suzano e Cyrela sofreram forte queda após ter um desempenho fora do esperado nos balanços do primeiro trimestre de 2020. A Suzano teve prejuízo de R$ 13,42 bilhões, enquanto a Cyrela teve lucro líquido de R$ 48,235 milhões, contudo sofreu queda de 21,44% frente ao mesmo período em 2019.

Crise política

Segundo José Falcão, analista de investimentos da Easynvest, o Ibovespa acumula queda semanal de 3,37% e mensal de 3,66%. Ele avalia que a demissão de Teich e a expectativa de liberação do vídeo devastador que comprometeria Bolsonaro impõem cautela, o que pressionou o Ibovespa que se segurou o quanto conseguiu com ajuda da Petrobras, favorecida pela alta do petróleo com dados da utilização das refinarias na China que estão crescendo e que sinalizam retomada da atividade econômica no país. “Esta troca-troca de ministros é péssimo para o ambiente político, inclusive porque o Brasil é candidato a ser o novo foco mundial do coronavírus e isso foi precificado no mercado, hoje”, explica Falcão.

Para George Sales, professor de finanças do Ibmec, a bolsa estava recuperando sua estabilidade até a saída do ministro Teich, que foi precificada pelo mercado que está farto de indefinição dos processos relacionados a quarentena, o que prejudica a economia. “Quanto mais tempo levemos para resolver este assunto é pior para os mercados, esta confusão atrapalha o andamento dos negócios nos estados e municípios, por este motivo o mercado sinalizou como ruim a saída do ministro da Saúde“, defende.

O estrategista-chefe da Levante Investimentos, Rafael Bevilacqua acrescenta que a questão política está atrapalhando o desempenho dos mercados, mesmo com notícias positivas. “As bolsas americanas estavam aliviando, a Petrobras mesmo com prejuízo teve um desempenho melhor do que esperado, mas novamente a política dominou o mercado”, conclui.

Além do Ibovespa, Falcão enxerga os impactos da crise interna na desvalorização do real frente ao dólar, que fechou cotado a R$ 5,8390, sem atuação extraordinária do Banco Central. Na semana, o dólar subiu 1,67%, com máxima de R$ 5,97 e no mês a alta da moeda americana foi de 7,33%. “Embora tenha mantido posição defensiva com os riscos políticos no horizonte, o investidor respeitou limites no dólar hoje, que se manteve abaixo de R$ 5,86”, avalia.

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