Com a economia norte-americana pronta para uma reabertura gradual, segundo anunciou o presidente Donald Trump, o Ibovespa tem acompanhado o desempenho positivo do cenário internacional. A Bolsa, encerrou esta sexta-feira (17), em alta de 1,51% aos 78.990 pontos. No acumulado da semana, o Ibovespa avançou 1,68%.
Segundo Murilo Breder, analista da Levante, o Ibovespa tem forte interdependência com outras bolsas estrangeiras, especialmente EUA, Europa, Alemanha e Londres. “Enquanto a pandemia continuar, a bolsa brasileira vai seguir o humor das bolsas internacionais e sentir os impactos deste cenário no curto prazo”, explica Breder e acrescenta que reformas estruturais devem ficar em segundo plano “Agora isso não vai durar para sempre, depois que a pandemia passar o Brasil será obrigado a olhar para as próprias mazelas, com fortes gastos fiscais, fazendo com que o mercado recue”, defende.
Destaques da semana
Seguindo o cenário externo positivo, o Ibovespa avançou 1,68%. O destaque negativo foi da Cielo (CIEL3), que no acumulado da semana recuou 6,21%. Para Breder, a perda da companhia teve o impacto direto da redução das vendas do varejo. “Segundo dados divulgados em março, o varejo perdeu 11,7%, paralisando os comércios, em consequência isso afetou a Cielo”, diz.
Além da Cielo, entre as cinco maiores quedas da semana estão: Telefônica (VIVT4), Petrobras Distribuidora (BRDT3), Cia Hering (HGTX3) e Ambev (ABEV3)
Breder avalia que a queda da Vivo está relacionada a uma inversão de fluxo de mercado, para um ativo que é considerado defensivo. Desta forma, quando a bolsa vai mal a Vivo vai bem e vice-versa. Já a Petrobras Distribuidora é impactada pelo acordo da Opep, que o mercado não vê como suficiente para fazer o petróleo deslanchar.
A situação da Hering, estaria relacionada a dificuldade que a empresa tem com as vendas. “A Hering já passava por dificuldades, agora com as lojas físicas fechadas vai ter que se virar para vender online. A situação deles ficou ainda pior”, afirma o analista.
Um fluxo similar ocorre com a Ambev, cujo foco de vendas era em bares e baladas. Com os estabelecimentos fechados restaram as compras em supermercado. “Quando você vai ao mercado fica de olho nos preços, o que pode diminuir a margem da Ambev e abrir espaço para os concorrentes”, defende.
Confia as cinco maiores quedas da semana:
Ação | Queda |
CIELO (CIEL3) | -6.21% |
TELEF BRASIL (VIVT4) | -5.77% |
Petrobras Distribuidora (BRDT3) | -5.20% |
CIA HERING (HGTX3) | -5.19% |
AMBEV (ABEV3) | -4.13% |
O destaque positivo da semana foi da Braskem (BRKM5) que subiu 28,91%. Ainda entre as cinco maiores altas estavam: a Via Varejo (VVAR3), IRB Brasil Resseguros (IRBR3) , Natura (NTCO3) e Gerdau (GGBR4)
Segundo Breder os destaques positivos da semana foram aqueles que perderam muito valor por causa do coronavírus, uma espécie de recuperação do mercado. É o caso da Via Varejo que perdeu ao fechar muitas lojas, ou a IRB Brasil que chegou ao fundo do poço.
Já a Gerdau estaria se beneficiando pelo cenário internacional onde economias como a China, Europa e Itália começam a reabrir comércios e retomar atividades.
A Braskem deu um golpe de sorte após receber a recomendação da Morgan Stanley, que em um único dia fez as ações da companhia subirem 15%. “Não tem como negar que isso influenciou na alta da semana. Outro fator é que os rumores de que a Braskem pode entrar no novo mercado continuam, o que faz dela uma empresa segura”, conclui Breder. A companhia foi a maior alta da semana com crescimento de 28,91%
Confira as cinco maiores altas da semana: