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Finanças

As melhores oportunidades para investir em 2020

A receita para obter melhores retornos é aumentar a exposição ao risco, sem abrir mão da proteção que a renda fixa ainda proporciona, dizem especialistas.

Não tem escapatória: a palavra de ordem para investir em 2020 é “risco”. O investidor que quiser ganhar mais dinheiro vai precisar acostumar-se a ele, pelo menos enquanto a taxa de juros estiver lá embaixo. Ainda assim, a renda fixa não perde sua importância.

Mesmo com a Selic estacionada em 4,5% ao ano, as aplicações menos arriscadas vão continuar com a função de proteger seu capital, dizem especialistas ouvidos pelo InvestNews.

A renda fixa não vai gerar grandes retornos, mas será o contraponto a aplicações mais arriscadas. Ainda mais em ano de agenda cheia no cenário político e internacional: novas reformas vão correr no Congresso, enquanto as eleições presidenciais dos Estados Unidos deixarão os investimentos mais voláteis. “Não tem segredo, o investidor terá que diversificar a carteira”, diz Glenda Ferreira, especialista em investimentos da Levante.

As aplicações de renda variável com um perfil mais conservador serão a melhor porta de entrada para o investidor começar a colocar ativos de risco em sua carteira, diz o consultor financeiro André Massaro como fundos imobiliários, ETFs (fundos de índices) e ações que pagam dividendos (parte do lucro que as empresas distribuem). “Como o brasileiro não tem uma cultura de renda variável, este pode ser um bom começo”, explica.

Vários instituições estrangeiras veem potencial de alta para o Ibovespa até o final de 2020. O Bank of America Merrill Lynch projeta o índice a 130 mil pontos no fim de 2020, beneficiado pelo aumento no lucro das empresas e pela migração do dinheiro investido em renda fixa. Já o JP Morgan fixou uma faixa entre 126 mil e 144 mil para a bolsa brasileira este ano. Entre os brasileiros, o otimismo também prevalece. A casa de análise Eleven Financial projeta o Ibovespa a 138 mil até dezembro.

Veja onde estarão as melhores oportunidades para investir em 2020, segundo especialistas:

Renda fixa: proteção é a bola da vez

Não é porque os juros despencaram que o investidor deve se conformar com retornos negativos. Muitas aplicações de fato passaram a ficar abaixo da inflação. O melhor exemplo é a poupança, que rende 3,15% ao ano desde dezembro, após o último corte da Selic pelo Banco Central. Fundos de renda fixa com taxas de administração muito altas – acima de 1% – também passaram a perder da inflação.

Mas a renda fixa ainda guarda boas oportunidades, especialmente quando se trata em criar uma reserva de valor (preservar o poder de compra do seu dinheiro ao longo do tempo). 

Neste sentido, vale apostar em produtos que protegem a carteira. Para formar uma reserva de emergência, o Tesouro Selic continua recomendado, por ser um título público que acompanha a variação da taxa básica de juros. Fundos que acompanham a variação do CDI, como os fundos DI, devem ter taxas próximas de zero para fazer sentido, recomenda Glenda, da Levante.

Os títulos de crédito privado, como Letras de Crédito, debêntures, LCIs e LCAs, são uma boa opção que remunera um pouco acima de títulos públicos com o mesmo prazo, por exemplo. Em novembro, eles sofreram uma queda brusca que assustou muita gente, mas foi um ajuste pontual ao novo cenário de inadimplência.

“Eles estão recuperando a performance e estão saindo com uma taxa melhor”, diz Glenda, da Levante. Fundos de crédito privado são uma boa saída para quem quer uma carteira diversificada, ajudando a diluir o risco.

Ações: elas estão com tudo

É só lembrar o desempenho da bolsa em 2019 para notar que ela brilhou em relação a outros investimentos: enquanto o maior índice de ações brasileiro, o Ibovespa, subiu 31,58%, a principal referência na renda fixa, o CDI, terminou dezembro em 4,4% ao ano. O indicador também superou o IMA-Geral, que mede o desempenho dos principais títulos públicos. Nos 12 meses de 2019, ele subiu 13%.

A mudança de cenário já levou a uma migração dos investidores para os investimentos em ação. O número de CPFs cadastrados na bolsa brasileira dobrou em um ano, alcançando 1,6 milhões em novembro. Em 2018, eram 813 mil pessoas físicas. “O risco não é um inimigo”, diz Luiz Guilherme Dias, CEO da Sabe Invest.

Mas antes de se aventurar no mercado de ações, o iniciante precisa saber onde está pisando. Ou seja, ter o mínimo de conhecimento para escolher boas ações. Dias diz que não é preciso acompanhar notícias do mercado em tempo integral para fazer boas escolhas. Segundo ele, poucas horas por mês de leitura já são suficientes para entender os fundamentos de uma empresa.

O passo mais importante, segundo Dias, é avaliar o balanço da empresa. “O preço da ação é uma consequência de um crescimento consistente do lucro”, diz. Quando a empresa está neste caminho e paga dividendos constantemente, é de se esperar que sua ação valorize.

Outro ponto para ficar de olho é a governança da empresa. Se ela estiver no chamado “Novo Mercado” da B3, tiver apenas ações ordinárias e ter no mínimo um terço de conselheiros independentes, são sinais de que tem uma governança mais profissional. 

Em seguida, também é fundamental acompanhar os fatos relevantes, comunicados que a companhia é obrigada a divulgar sempre que algo importante acontece.

Ele lembra que existem distorções no mercado. Ou seja, o comportamento de uma ação nem sempre vai acompanhar estes preceitos. Um exemplo recente foi a Via Varejo (VVR3), que apesar de ter apresentado um prejuízo acumulado de 580 milhões de reais e apurado indícios de fraude, valorizou ao redor de 150% na bolsa em 2019. “Em alguns casos a especulação é mais forte que o investimento”, diz Dias.

Mas é possível identificar os setores mais promissores na bolsa em 2020. As grandes redes de varejo estão entre as apostas de gestores e analistas. Elas devem ser beneficiadas pela retomada do consumo e da expansão do crédito, puxados pela retomada gradual da economia e pela queda das taxas de juros. 

Para Dias, da Sabe Invest, ações ligadas aos setores de construção civil, como incorporadoras, construtoras e shoppings, e o de infraestrutura, como saneamento, transportes, logística e energia, guardam boas surpresas para 2020. “Todos os setores vão acompanhar a retomada econômica, mas estes segmentos devem sentir os maiores efeitos”, afirma.

Além de olhar empresas sólidas, como as blue chips (Itaú, Bradesco, Petrobras e Vale), também há oportunidades nas chamadas small caps, ações menos negociadas, mas com um bom potencial de valorização. Grandes estrelas da bolsa, como Magazine Luiza, começaram desta forma. Há exemplos destas empresas nos mais variados segmentos, como educação e construção civil. 

Mas quantas ações colocar na carteira? Diversificar é importante, mas é bom encontrar um limite. Glenda, da Levante, recomenda um número entre sete e 15 ações é o ideal para diversificar sem diluir demais o risco. “Não adianta ter 20 ações, senão o ganho se iguala a um ETF”, diz. 

Das mais de 340 companhias listadas na bolsa brasileira, cerca de 10% são imunes a crises e possuem um alto nível de gestão e governança. “Seja o que acontecer em 2020, elas estarão firmes”, pontua Dias. 

Fundos: a porta de entrada para o risco

Com a renda fixa menos atrativa, os fundos de ações e multimercados (que investem em várias classes de ativos, como câmbio e juros) são os mais indicados para obter ganhos mais polpudos – mas os riscos são igualmente maiores. Fundos que investem em ativos considerados portos seguros em tempos de incerteza – como o ouro – também são boas pedidas para compor uma proteção na carteira, aponta Glenda, da Levante.

Há ainda fundos que replicam o desempenho de índices acionários do exterior, como o S&P 500, que reúne as 500 ações mais negociadas nas bolsas americanas. A vantagem é poder investir em grandes empresas estrangeiras como Apple, Facebook e Coca-Cola por meio da bolsa brasileira.

Esta categoria de investimento é recomendada para o investidor que não tem tempo ou disposição de acompanhar notícias e relatórios sobre o mercado. Neste caso, ele entrega a decisão sobre onde investir para um gestor. Para isso, ele paga uma taxa de administração para “terceirizar” as escolhas sobre investimentos. A vantagem neste caso é confiar no conhecimento do profissional para fazer as melhores escolhas.

ETFs: para quem gosta de diversificar

Para quem quer entrar na renda variável sem mergulhar de cabeça no risco, os fundos de índices são uma boa estratégia para diversificar. No caso da bolsa, os ETFs (do inglês “Exchange Traded Funds”) replicam índices como o Ibovespa, que reúne as ações mais negociadas no mercado brasileiro. 

Dessa forma, ele vai espelhar o desempenho do índice, um bom termômetro de como anda o mercado. Os ETFs são ativos negociados em bolsa mas, por reunirem uma série de ativos, tendem a ser menos voláteis que uma ação em particular. Uma boa referência para o investidor iniciante é o BOVA11, que segue a performance do Ibovespa. Outro ETF citado pelos analistas é o SMALL11, que acompanha o desempenho das ações com menor capitalização da bolsa, as chamadas “small caps”.

Há também ETFs que replicam investimentos em renda fixa, como títulos do Tesouro Direto que acompanham a taxa Selic ou a inflação oficial (IPCA). Mas como o desempenho desta categoria piorou com os juros em baixa, é natural que os ETFs também rendam menos. “Eles perderam atratividade. É preferível comprar direto os títulos do Tesouro de longo prazo, por exemplo”, diz Glenda.

Fundo Imobiliário: um pé fora da renda fixa

Os fundos imobiliários (FIIs) ficaram entre os grandes destaques de 2019. O IFIX, índice de fundos imobiliários negociados em bolsa, valorizou 36% em 2019. Na B3, existem mais de 200 fundos listados nesta categoria, com um patrimônio de mais de 120 bilhões de reais

Pelas particularidades dos mercado imobiliário, este tipo de fundo envolve riscos diferentes, daí a necessidade de separar o joio do trigo. Fundos proprietários de imóveis em segmentos promissores, como galpões de logística e shoppings, podem dar mais retorno que agências bancárias, que passam por uma retração, por exemplo. Há controvérsias sobre o perfil de risco dos fundos imobiliários. Alguns defendem que por eles pagarem uma renda constante, configuram renda fixa. 

Mas o risco de inadimplência dos aluguéis, por exemplo, é algo que acrescenta mais volatilidade aos retornos destes fundos. “Para investir, é preciso entender as garantias, riscos e contratos envolvidos em cada fundo”, diz a especialista em investimentos da Levante. 

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