Em meio a incertezas políticas, o Ibovespa, principal índice da B3, fechou em queda de 1,03%, aos 82.173 pontos nesta sexta-feira (22). Contudo, na semana a bolsa de valores acumulou alta de 1,21%.
O Ibovespa não teve tempo de sentir os impactos da divulgação do vídeo de Bolsonaro, pelo ministro do STF Celso de Mello, porque aconteceu nesta sexta às 17h após o fechamento do mercado. Contudo, o Ibovespa Futuro reagiu positivamente contrariando o medo de muitos investidores e fechou em alta de 1,30% no after market.
Para Eduardo Cavalheiro, gestor da Rio Verde Investimentos, o vídeo de Bolsonaro teve um impacto bom no investidor, apesar dos palavrões do presidente e o caos na política. “Apesar de tudo, no vídeo também foi possível enxergar um Paulo Guedes realmente alinhado com Bolsonaro, o BNDES disposto a ajudar no desenvolvimento de projetos. E ainda um Bolsonaro que em meio a toda a raiva tentou falar de responsabilidade fiscal.” avalia Cavalheiro e acrescenta que enquanto a política foi seriamente comprometida pelos xingamentos a governadores e ministros, o lado econômico passou uma segurança para o investidor que estava desconfiado com o futuro.
O efeito que ajudou na alta do índice futuro, ainda deve ser sentido pelos mercados na próxima semana, melhorando o desempenho. Longe de gerar provas que fortalecessem a ideia do impeachment, o vídeo parece ter gerado o efeito contrário.
Destaques positivos
O destaque positivo da semana foi da Azul (AZUL4), que subiu 33,57% no acumulado. Para Cavalheiro a companhia aérea, que foi uma das mais afetadas durante a pandemia, voltou a subir por causa de três fatores: 1) um movimento de correção de mercado após as ações cair muito. 2) O BNDES finalmente amadureceu a ideia de ajudar as companhias aéreas. 3) Com uma possível reabertura da economia gradualmente em junho, muitas aéreas tem projetado a retomada dos voos neste período.
A segunda maior alta da semana foi da Ecorodovias (ECOR3), que avançou 27,52% no acumulado. Cavalheiro atribuiu a alta ao cenário externo, a China divulgou recentemente a informação de que com a retomada da economia, a preferência da população seria por veículos próprios, o que intensificaria o trânsito nas rodovias. Com esta referência e prestes a entrar numa retomada no segundo semestre, o Brasil também reagiu positivamente beneficiando a Ecorodovias e a CCR. Os papéis da companhia também se beneficiaram do movimento de correção de mercado.
Já a terceira maior alta foi do Banco BTG Pactual (BPAC5), que subiu 23,21%. Para Cavalheiro, o BTG é um banco super líquido, é dizer tem bastantes recursos para novos negócios, o que facilita seu crescimento na crise. “De todos os bancos, o BTG é o que está mais preparado para fazer operações de emissão, tesouraria, e como estamos cada vez mais perto da retomada, o cenário é vantajoso para as ações deles”, explica.
Confira as cinco maiores altas da semana:
Ação | Alta |
Azul (AZUL4) | 33,57% |
Ecorodovias (ECOR3) | 27,52% |
Banco BTG Pactual (BPAC5) | 23,21% |
Grupo CCR (CCRO3) | 22,79% |
Localiza (RENT3) | 19,80% |
Destaques negativos
A maior queda da semana foi da Suzano (SUZB3), que recuou 14,26% no acumulado. Seguida pela Klabin (KLBN4) que perdeu 11,64%. Ainda entre a terceira maior baixa da semana estava a JBS (JBSS3), que caiu 11,49%.
Segundo Cavalheiro, estas três empresas que têm receita dolarizada e dependem de exportações, como é o caso da Suzano e da JBS, teriam sido impactadas pela queda do dólar. Nesta semana, a moeda americana acumulou queda de 4,5%. “Tudo o que sobe demais, volta a cair, o dólar chegou nesse ponto, somado a isso tem a atuação do Banco Central que tem interferido com swap cambial”, afirma.
Este movimento deixaria menos atrativas as empresas exportadoras, o que explicaria porque estas companhias estavam entre as maiores altas das outras semanas e agora estão nas maiores quedas.
Além do dólar, os balanços de Suzano e JBS podem ter gerado uma certa polêmica entre os investidores, avalia o gestor. “Por ser empresas que operam no exterior, com dívidas em dólar, a tradução dos valores destes balanços pode implicar em grandes perdas”, defende Cavalheiro. E acrescenta que Klabin, que divulgou seu balanço no passado, sofreu apenas os impactos de ser uma empresa exportadora dependente do dólar.
Confira as cinco maiores quedas da semana:
Ação | Queda |
Suzano (SUZB3) | – 14,26% |
Klabin (KLBN4) | -11,64% |
JBS (JBSS3) | -11,49% |
Minerva (BEEF3) | – 10,63% |
Marfrig (MRFG3) | -10,04% |