*ARTIGO

Por muito tempo, o bitcoin (BTC) foi alvo de críticas intensas devido ao seu suposto alto consumo de energia. Estudos anteriores, incluindo o respeitado Bitcoin Electricity Consumption Index (CBECI) da Universidade de Cambridge, alimentaram essas preocupações. Porém, isso acabou de mudar.

Moedas douradas de Bitcoin alinhadas, com uma em destaque no primeiro plano.
Representação ilustrativa da criptomoeda bitcoin
19/10/2021
REUTERS/Edgar Su

O CBECI, lançado em 2019, era considerado uma referência para estimar o consumo de energia do bitcoin. Suas estimativas apontavam para um consumo de eletricidade alarmante, muitas vezes retratando a criptomoeda como uma ameaça ambiental. Mas a virada de jogo veio recentemente, com uma revisão na metodologia de cálculo dessas estimativas pela instituição. 

Em relatório publicado no final de agosto (31) deste ano, a universidade revelou que suas estimativas anteriores eram excessivamente pessimistas, e que o BTC gasta muito menos energia do que se imaginava.

Gráfico de área empilhada: Distribuição e número de dispositivos de hardware de mineração Bitcoin (2013-2023).
Gráfico de área empilhada: Distribuição de hardware de mineração Bitcoin por número de dispositivos (2013-2023).
Comparação entre a necessidade de máquinas para minerar BTC antes e depois do ajuste. (Imagem: Reprodução/relatório da Universidade de Cambridge)

Isso é especialmente importante quando se pensa que o índice era — e é — frequentemente utilizado de maneira seletiva para criticar o bitcoin, levando a debates sobre seu impacto ao meio ambiente. Portanto, parece que as preocupações são exageradas e não fazem mais sentido.

A revisão da Universidade de Cambridge não apenas reacendeu o otimismo em relação ao Bitcoin, mas também destacou a importância de uma análise rigorosa e precisa para entender seu verdadeiro impacto.

Como o bitcoin consome energia?

O bitcoin consome energia porque opera em uma rede descentralizada que depende da mineração para manter a segurança. Ela envolve força de capacidade computacional de máquinas muito potentes.

Nesse sistema, muitos computadores em todo o mundo verificam e registram as transações no blockchain, o livro contábil público das criptomoedas. Dada a dimensão da tecnologia, no total há um consumo energético considerável.

Por outro lado, a revisão dos dados ofereceu uma perspectiva surpreendente, mostrando que o bitcoin não é o devorador de energia que muitos retrataram.

Os dados do relatório

De acordo com os novos números, a estimativa de 2022 para o gasto energético do bitcoin foi ajustada de 105,3 TWh para 95,5 TWh. No acumulado deste ano, ela também foi alterada de 75,7 TWh para 70,4 TWh.

Esse valor equivale a apenas 0,38% da capacidade de produção global de eletricidade, valor que torna a crítica do gasto energético da criptomoeda infundada. 

Gráfico de barras: consumo elétrico anual do Bitcoin (TWh), 2010-2023. Compara estimativas ajustadas e originais.
Reajuste da estimativa do gasto energético do bitcoin. (Imagem: Reprodução/relatório da Universidade de Cambridge)

Para colocar isso em perspectiva, o relatório menciona que o valor revisado é comparável ao consumo de eletricidade de países como Bélgica (83 TWh) e Holanda (113 TWh), o uso de energia de secadores de roupa nos EUA (108 TWh), e o desperdício de renovável na China (105 TWh). 

Mas além de gastar menos energia do que se esperava, também há esforços contínuos para tornar a mineração de bitcoin mais eficiente, como o uso de energia renovável e avanços tecnológicos e constantes atualizações em seu software para melhorar sua eficiência energética.

Implicações para o debate ambiental

A revisão da Cambridge tem implicações significativas para o debate sobre o impacto ambiental do bitcoin, e os novos dados podem mudar a narrativa em torno da criptomoeda. 

A partir de agora, em vez de ser visto apenas como um consumidor excessivo de energia, o bitcoin pode ser considerado como um ator que impulsiona a inovação em fontes de energia mais eficientes e sustentáveis. E mais: à medida que a busca por recursos sustentáveis cresce, o bitcoin pode se destacar como uma opção atrativa para tal.

Além disso, essa descoberta pode influenciar positivamente as discussões regulatórias em andamento, permitindo que a criptomoeda pioneira do mercado seja ainda mais aceita ao redor do mundo.

*As informações, análises e opiniões contidas neste artigo são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews.