Finanças
Bolsa fecha nos 93 mil pontos com Renda Cidadã e Wall Street
Clima externo também pesa, com eleições e pacote de estímulos nos EUA.
Novamente a polêmica sobre uso de precatórios e recursos do Fundeb para financiar o programa Renda Cidadã fez o Ibovespa recuar. Enquanto o governo não se livra da enrascada na qual entrou ontem, o mercado financeiro não digere bem o fato. O principal índice da B3 fechou em queda de 1,15% aos 93.580 pontos nesta terça-feira (29). No mês de setembro o Ibovespa acumula queda de 5,83%.
Os investidores permanecem cautelosos sobre a constitucionalidade desta alternativa. Há forte risco de pedalada fiscal e calote do governo.
Hoje o Ibovespa até operou em alta após Bolsonaro reforçar seu compromisso com o teto de gastos. Mas Marcio Bittar (MDB-AC), relator da PEC do Pacto Federativo, jogou tudo por água abaixo quando anunciou que o governo não pretende abrir mão do uso de precatórios e Fundeb para financiar o Renda Cidadã e que estaria trabalhando a todo vapor para enviar a proposta amanhã.
Pressionou também o índice a ausência de clareza sobre a criação da nova CPMF e o adiamento da proposta da reforma tributária.
No cenário interno, os bancos recuaram. Os papéis do Bradesco (BBDC4) e Itaú (ITUB4) fecharam em queda de 2,38% e 2,18%, respectivamente. O Santander (SANB11) também caiu 2,45% seguido do Banco do Brasil (BBAS3) com baixa de 2,46%.
As commodities também experimentaram perdas. A Petrobras fechou em queda seguindo os preços do petróleo. O Brent para dezembro caiu 3,55%, cotado a US$ 41,34 o barril. E o petróleo WTI para novembro teve queda de 3,87%, cotado a US$ 39,03 O barril.
Com isso as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) recuaram 1,63%, enquanto as ordinárias (PETR3) cederam 2,82%.
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Em Wall Street todos os índices fecharam no negativo, com expectativa do primeiro debate presidencial entre Donald Trump e Joe Biden que ocorre hoje às 22h (horário de Brasília). Dow Jones caiu 0,48%, S&P 500 cedeu 0,48% e Nasdaq recuou 0,29%.
No cenário externo ainda há cautela com a segunda onda do coronavírus e a briga sem fim entre republicanos e democratas para aprovar o pacote de estímulos econômicos.
O dólar começou o dia em queda em linha com o exterior, mas inverteu o sinal, refletindo cautela fiscal. O dólar comercial fechou em alta de 0,14%, cotado a R$ 5,641. Na máxima do dia a moeda americana chegou a R$ 5,6779.
Destaques da Bolsa
Entre as maiores altas do dia subiram ações que conseguiram fugir da aversão do mercado ao risco político. O destaque positivo foi da Weg (WEGE3) com alta de 3,26%. Seguida da Natura (NTCO3) e Lojas Americanas (LAME4) que avançaram 1,97% e 2,05% respectivamente.
Do lado oposto cedeu o setor aéreo. Azul (AZUL4) recuou 7,71%, a companhia teve recomendação rebaixada para neutro pelo Bradesco BBI. Seguida da Gol (GOLL4) que caiu 5,72%. E a Embraer (EMBR3) fechou em baixa de 4,09%.
Bolsas americanas
As bolsas de Nova York fecharam o pregão desta terça-feira (29), em baixa, em um movimento realização de lucros e com certa cautela nos mercados financeiros antes do primeiro debate da corrida eleitoral nos Estados Unidos, que será realizado nesta noite, entre o republicano Donald Trump e o democrata Joe Biden. Os investidores também acompanharam os desdobramentos das negociações em Washington por um novo pacote de estímulos.
Após um rali na sessão de ontem, o índice Dow Jones recuou 0,48%, a 27.452,66 pontos, o S&P 500 caiu 0,48%, a 3.335,47 pontos, e o Nasdaq cedeu 0,29%, a 11.085,25.
O mercado acionário americano chegou a ganhar força, logo após a abertura, com a divulgação do índice de confiança do consumidor dos EUA, medido pelo Conference Board, que subiu a 101,8 em setembro, acima das projeções de alta a 90,1. O apetite por risco, entretanto, durou pouco. “Os participantes do mercado fazem um balanço antes do primeiro debate presidencial”, afirmam analistas da corretora americana LPL Financial, em relatório enviado a clientes.
Na visão do economista-chefe internacional do banco holandês ING, James Knightley, se o atual presidente tiver um desempenho “forte” esta noite, as ações podem reagir com alta. O analista destaca que Trump propõe regulamentações mais flexíveis e impostos mais baixos, o que impulsionaria a lucratividade empresarial. “No entanto, acho que seria necessário um desempenho muito forte, já que Joe Biden ainda está 6 pontos à frente nas pesquisas nacionais e lidera em todos os principais estados decisivos”, disse Knightley.
O avanço da pandemia de covid-19, que já matou mais 1 milhão de pessoas no mundo, e as negociações em Washington por um novo pacote fiscal continuam no radar, depois de os democratas terem apresentado uma proposta de US$ 2,2 trilhões em estímulos fiscais, valor que a Casa Branca quer reduzir. Presidente da distrital de Nova York do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), John Williams defendeu hoje que reduzir o escopo da política fiscal poderia enfraquecer a recuperação econômica nos EUA.
No S&P 500, o subíndice do setor de energia liderou as perdas (-2,73%), seguido pelo do setor financeiro (-1,15%). As ações da Chevron caíram 2,75% e as do Morgan Stanley recuaram 2,36%. As companhias aéreas também registraram perdas, com queda de 4,0% nos papéis da American Airlines.
*Com Estadão Conteúdo