Carros mais baratos do mercado têm descontos superiores ao bônus do governo

Após o governo reduzir impostos para baratear o custo do carro zero, as principais montadoras que atuam no mercado brasileiro anunciaram nesta semana redução nos preços dos automóveis. Os descontos aplicados nos modelos mais baratos do mercado já superam o bônus de R$ 2 mil a R$ 8 mil para carros de até R$ 120 mil anunciado pelo governo no início da semana.

A quantia representa um desconto mínimo de 1,6% e máximo de 11,6%. Isso porque as montadoras estão aplicando também seus próprios descontos.

Levantamento feito pelo Investnews aponta que alguns carros podem ser encontrados com preço até 14,5% menor como é o caso do Fiat Mobi e do Kwid Zen.

Confira abaixo alguns modelos que sofreram redução:

Kwid Zen

A Renault anunciou uma redução de R$ 10 mil no Kwid Zen, um dos carros mais baratos do mercado. O modelo, que antes era comercializado por R$ 68.990, passa a custar R$ 58.990.

Em comunicado, a companhia informou que está concedendo um incentivo adicional de R$ 2 mil, além do desconto de R$ 8 mil anunciado pelo governo federal “para estimular a cadeia automotiva, reduzir emissões de carbono e renovar a frota”.

A empresa também informou que o veículo está disponível para test-drive nas 274 concessionárias Renault, em todo o país, e que “têm estoque disponível para atender imediatamente as demandas dos clientes”.

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Fiat

Até a terça-feira (6) a Fiat oferecia em seu site um canal de cadastro para clientes que tivessem interesse em receber ofertas com “incentivo do governo e valor reduzido”. Nesta quarta-feira (8), a montadora anunciou novos preços.

O Fiat Mobi like 1,0, que antes do anúncio do governo custava R$ 68.990, pode ser adquirido por R$ 58.990. Assim como a Renault, a Fiat informou que a quantia de R$ 8 mil é referente ao desconto anunciado pelo governo e mais R$ 2 mil pela própria montadora.

Polo e Virtus

Ao entrar no site da Volkswagen nesta quarta, o consumidor encontrava um aviso com diversos modelos a preços reduzidos. O Novo Polo 1.0, que antes saía por R$ 86.390, agora é vendido por R$ 78.390. Há modelos mais caros com descontos, como o Novo Virtus, que sofreu redução de R$ 115.390 para R$ 110.890.

HB20

A Hyundai também diminuiu o preço do HB20 Sense 1.0 de R$ 82.290, para R$ 74.290.

C3

Em comunicado, a Citroën anunciou ajuste na tabela de preços de todas as versões do Novo C3.

O modelo agora parte de R$ 62.990 na versão Live, contra versão anterior de R$ 72.990. O Novo C3, segundo a montadora, não teve alteração em seu pacote de equipamentos em nenhuma versão.

Jeep Renegade

A Jeep também exibe em seu site que o Jeep Renegade está no “plano do governo”. O preço do modelo caiu de R$ 134.990 para R$ 115.990.

Como vai funcionar o desconto na prática?

A proposta inicial do governo, anunciada em 25 de maio, era reduzir os preços dos automóveis via abatimento de PIS/Cofins e IPI. Porém, no início desta semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, anunciaram que a redução será aplicada diretamente ao consumidor.

No caso dos carros, o desconto vai de R$ 2 mil a R$ 8 mil; já para caminhões e ônibus vai R$ 33,6 mil a R$ 99,4 mil. Os valores são abatidos no momento da compra junto à concessionária.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, o valor que a concessionária deixar de receber será coberto pela montadora, que reverterá o montante em crédito tributário. O crédito poderá ser usado para pagar tributos ou fazer abatimentos em declarações futuras.

Outro ponto importante é que as vendas de carros com desconto serão exclusivas para pessoas físicas nos primeiros 15 dias, prazo que pode ser prorrogado por até 60 dias, a depender da resposta do mercado. Depois disso, as empresas também poderão se beneficiar do programa.

Descontos x questões ambientais

As reduções levam em conta três fatores: 

• carros mais baratos terão desconto maior
• modelos menos poluentes terão desconto maior
• será privilegiada a produção nacional (ou seja, componentes fabricados no Brasil), levando em conta a densidade industrial

Mas como o governo vai identificar quais veículos atendem a esses critérios? Segundo Renan Silva, professor de Economia do Ibmec Brasilia, os sistemas de emissão de notas das concessionárias já estão interligados à Receita Federal por meio da impressora fiscal.

“Quando a concessionária lança uma nota fiscal depois de realizar uma venda, lá já tem o modelo do carro e suas especificações, e com o cruzamento mínimo de informações é verificado a aplicação do desconto e se ele está de acordo com a regra ou não”, diz.

Como o governo vai atuar?

O Ministério da Fazenda vai conceder R$ 1,5 bilhão em crédito tributário ao longo dos próximos quatro meses para as montadoras que concederem os descontos aos clientes.

De acordo com estimativas da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), entre 100 mil e 110 mil automóveis e comerciais leves deverão usufruir das reduções. Entretanto, os recursos devem se esgotar em pouco mais de um mês, ou seja, bem antes dos quatro meses do prazo estipulado pela medida provisória.

Para caminhões e ônibus, a expectativa é que o teto de R$ 1 bilhão se esgote em um tempo maior, já que os veículos são de maior valor.