Enquanto a poupança “descansa em paz”, não há mais desculpas para os conservadores de plantão deixarem de investir. Mesmo para quem não arrisca sair da renda fixa com a Selic em 2,25% ao ano, ainda é possível encontrar oportunidades para fazer o dinheiro render com segurança. Uma das alternativas é o Certificado de Depósito Bancário (CDB), uma espécie de empréstimo que o investidor faz aos bancos de grande, médio e pequeno porte e pelo qual recebe uma remuneração.
O dinheiro das aplicações é utilizado pelas instituições financeiras para emprestar para outras pessoas ou empresas. “Suponhamos que o banco emite um CDB pagando 2% de juros ao investidor, mas ele empresta para um cliente cobrando 7% de juros. A diferença de 5% fica com o banco, o chamado spread bancário”, explica Igor Ghellardi Cruvinel, sócio diretor de investimentos da Doc Concierge
O CDB é sempre emitido por instituições financeiras. O título pode ser encontrado em grandes bancos ou em corretoras, onde é possível adquirir CDBs de médios e pequenos bancos.
Qual CDB é o melhor para investir?
Ghellardi explica que existem três tipos de CDBs: pós-fixado, prefixado e híbrido. Entenda a diferença entre elas para escolher o que melhor se ajusta a seus objetivos financeiros:
CDB pós-fixado
Este tipo de ativo oferece duas modalidades: a primeira é o CDB que paga um percentual do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) com liquidez diária. A liquidez é a capacidade de um ativo virar dinheiro na mão, ou seja, a facilidade de resgatar quando necessário. Em ativos de liquidez diária, é possível resgatar o investimento a qualquer momento. Contudo, o rendimento é menor por oferecer essa vantagem.
É o CDI que regula a rentabilidade dos principais papéis de renda fixa. Atualmente, este indexador está em pagando 2,18% ao ano. Ou seja, um investimento que rende 100% do CDI vai pagar juros de 2,18%. Por este motivo, um CDB que rende 100% do CDI com liquidez diária é o ativo menos rentável e fácil de resgatar. E é muito recomendado para criar uma reserva de emergência, por exemplo, justamente pela segurança que oferece e liquidez.
Para procurar a rentabilidade pela taxa CDI, Ghellardi explica que é preciso olhar para CDBs que paguem acima de 100% do CDI. Contudo, a maioria pode exigir do investidor um prazo maior de aplicação (menor liquidez). Desta forma, um CDB de 130% do CDI é mais rentável, mas não é possível de ser resgatado a todo momento.
Segundo o especialista, o CDB atrelado à taxa CDI é via de regra encontrado em grandes bancos, mas sempre pagando menos ou no máximo 100% do CDI. “É raridade um grande banco pagar mais do que isso”, afirma.
Para encontrar rendimentos acima de 100% do CDI, é preciso se aventurar pelas prateleiras das corretoras, onde é possível encontrar CDBs de até 130% ou mais do CDI. Para fisgar o peixe, vale a máxima: quanto maior o risco, maior o retorno.
Bancos grandes, por exemplo, costumam ter uma nota de crédito maior, ou seja, menor risco de dar um calote no investidor. Em contrapartida, oferecem menos retorno. Enquanto bancos médios e pequenos possuem rating menor, mas a rentabilidade do CDB é alta, para compensar o risco embutido no papel. “Para este tipo de investimento, vale a pena apostar no risco, afinal CDBs são garantidos pelo FGC”, reforça Ghellardi e recomenda escolher sempre bancos médios e pequenos.
CDB prefixado
Mas, não é apenas de CDIs que vivem os CDBs. Existem também outras alternativas para gerar retorno com este tipo de papel. Para o longo prazo, uma das recomendações é o prefixado.
Este tipo de CDB oferece uma taxa fixa por um determinado período de tempo. Suponhamos que o investidor comprou um CDB com juros de 6% ao ano e vencimento até 2023. Não importa o que aconteça, ele tem a garantia de que vai receber este retorno no vencimento.
Contudo, não podemos esquecer que o retorno só acontece se o investidor cumprir o prazo estipulado. Caso ele resgate antes da data de vencimento, pode ver seu dinheiro afetado pelos juros.
Ghellardi explica que este tipo de CDB é uma alternativa interessante para diversificar a carteira, especialmente em cenários de muita mudança. “Em 2018, no auge do debate das eleições, comprei um CDB que paga 13,5% ao ano. Os bancos estavam estressados emitindo prefixado com taxas muito boas”, lembra o especialista.
Por isso, é preciso ficar atento às oportunidades. Quem comprou um CDB prefixado com juros acima de 8% está surfando na onda de CDI a 2,18%. Ghellardi aconselha aos investidores destinar pelo menos 10% da carteira para ativos prefixados.
CDB Híbrido
Quem porventura achou que inflação é inimiga do investidor errou. Pelo contrário. Ter ativos atrelados à inflação é a melhor forma de proteger a carteira das mudanças abruptas do poder de compra ao londo do tempo.
Felizmente, os CDBs também oferecem esta alternativa. É o caso do CDB híbrido, um ativo composto por um prêmio de juros (fixo) e a correção do IPCA (variável).
Suponhamos que um investidor compra um CDB híbrido com vencimento em 2023. Este tem uma taxa de 4% ao ano + IPCA. Quando o CDB vencer, ele vai receber a inflação acumulada corrigida mais os juros do período. Imagine que a inflação se mantenha em 1,72% até 2023: ele receberá então 5,16% mais 4% de juros ao ano. Um rendimento bastante considerável.
Por este motivo, Ghellardi defende que os investidores tenham sempre até 30% dos seus investimentos em ativos que acompanham a inflação. “Enquanto a inflação está baixa é melhor ainda, enquanto outro tipo de ativos perdem valor estes sempre são corrigidos”, defende.
Como diversificar é sempre uma boa alternativa, para quem está pensando em usufruir dos diversos CDBs, Ghellardi aconselha ter na carteira pelo menos 10% de pós-fixados, 10% de prefixados e entre 20% ou 30% de ativos que seguem a inflação.
Vale lembrar
Uma dúvida que o investidor sempre tem é na hora de comparar o CDB com outros ativos semelhantes. É o caso do LCI (Letra de Crédito Imobiliário) que, diferentemente do CDB, não sofre tributação do Imposto de Renda.
No entanto, mesmo com a cobrança do IR, muitas vezes os próprios CDBs superam o LCI em rentabilidade. É claro, sempre que o investimento permanecer aplicado o maior tempo possível. Por esse motivo, vale lembrar como funciona a tributação do Imposto de Renda para o CDB.
Quanto maior o tempo de resgate, menor o IR cobrado:
- Alíquota de 22,5% (até 180 dias)
- Alíquota de 20% (de 181 a 360 dias)
- Alíquota de 17,5% (de 361 a 720 dias)
- Alíquota de 15% (acima de 720 dias)
Os CDBs são seguros?
O investimento que faz parte da renda fixa goza de segurança, por ser garantido pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), uma espécie de “seguro do investidor” com cobertura em caso de calote do banco.
Por meio deste seguro, as aplicações em CDB do investidor são protegidas em caso do banco falir ou dar calote. O FGC garante a segurança de até R$ 250 mil por CPF em cada instituição financeira e até R$ 1 milhão por investidor. “Se o investidor aplicou até R$ 250 mil em quatro corretoras diferentes, ele terá direito à proteção destes ativos”, reforça Ghellardi.
Com a garantia de que o dinheiro do investidor não vai sumir por qualquer imprevisto, o CDB se torna uma alternativa interessante para investir no curto e longo prazo. Mas, a recomendação é tentar não sobrepassar o teto de R$ 250 mil investidos no título.