A fintech brasileira Matera firmou parceria com a Circle, uma das principais emissoras de stablecoins, para permitir que bancos tradicionais no Brasil ofereçam operações em múltiplas moedas.

A parceria utilizará a plataforma Digital Twin, da Matera, para permitir que os bancos mantenham saldos em stablecoins diretamente em suas plataformas. Isso permitirá que reais, dólares e a stablecoin USDC coexistam em um único ambiente, facilitando os pagamentos e eliminando a necessidade de um sistema de correspondente bancário, que frequentemente gera atrasos na liquidação e custos adicionais com intermediários.

Em meio ao otimismo renovado em relação aos ativos digitais, a parceria abre caminho para que as stablecoins operem em conjunto com os sistemas financeiros tradicionais na América Latina. “A interoperabilidade entre stablecoins e contas em moeda local não é mais um projeto paralelo”, disse Carlos Netto, CEO da Matera. “Agora está no coração do sistema financeiro”, acrescentou ele.

A Matera é uma empresa de tecnologia financeira que oferece pagamentos instantâneos e tecnologia de QR code para facilitar transações para instituições financeiras. A empresa trabalha com “dois dos três maiores bancos globais, três dos 10 maiores bancos dos EUA e um terço de todos os bancos no Brasil”, de acordo com seu site.

A integração entre o Digital Twin e a Circle conecta as plataformas de pagamento locais no Brasil, como o pix, aos mercados globais de USDC, facilitando para os bancos a gestão de saldos de stablecoins sem a necessidade de desenvolver uma nova infraestrutura.

Para a Circle, emissora da principal stablecoin dos EUA, a parceria ocorre poucos dias após a empresa ter levantado mais de US$ 1 bilhão em uma oferta pública inicial. As ações da empresa sediada em Nova York subiram mais de 270% nos três primeiros pregões, marcando a melhor estreia de ações de criptomoedas desde a listagem direta da Coinbase em 2021.

A incorporação da USDC da Circle nas operações da Matera fortalece a posição da emissora de stablecoins em mercados emergentes que usam criptomoedas como uma ferramenta contra a desvalorização cambial, em vez de como um investimento.

“Com a USDC, será mais fácil acessar a economia digital global com um dólar digital transparente”, disse Daniel Mangabeira, vice-presidente de política e estratégia regulatória da Circle no Brasil.