A taxa de juros (Selic) registrou mais uma alta e agora atingiu o patamar de 13,25% ao ano. Quem já tem a casa própria financiada pelo Sistema Financeiro de Habitação, que permite utilizar do saldo do FGTS (Fundo de Garantia) a cada dois anos para amortizar ou quitar o valor devido pode ter dúvidas sobre o que vale mais a pena financeiramente: usar o FGTS ou deixar ele rendendo.
Segundo Filipe Ferreira, diretor da Comdinheiro, mesmo quando a taxa de juros estava em 2% ao ano, a melhor condição prefixada de financiamento que alguém conseguiria era de 6,99% ao ano. O que aponta para uma taxa superior ao do rendimento do FGTS (de 3,5% ao ano) e da maioria dos rendimentos em renda fixa. Logo, sempre valeu a pena utilizar do saldo do Fundo de Garantia para abater a dívida imobiliária por esta última ser justamente maior que o rendimento do fundo.
Já com o cenário atual da Selic em dois dígitos, e consequentemente maiores taxas de financiamento uma vez que as taxas sobem e descem na mesma proporção, a dívida imobiliária mais que dobraria em uma década, superando com folga a rentabilidade do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.
Segundo simulação de Ferreira, uma pessoa que tenha hoje um financiamento imobiliário de R$ 100 mil em um prazo de dez anos, acumularia uma dívida de R$ 259 mil. No entanto, na mesma simulação, caso o saldo de R$ 100 mil estivesse no FGTS, em dez anos este valor saltaria para R$ 141 mil. O que aponta para uma diferença de R$ 118 mil entre o rendimento do saldo e a dívida acumulada em uma década, demonstrando que o valor do financiamento mais que dobraria no período.
“É um ótimo negócio abater o saldo devedor com o FGTS, em especial se você tem uma dívida com uma taxa de 10% ou mais ao ano”, diz. Ainda segundo Ferreira, apesar de o Governo Federal distribuir aos trabalhadores os lucros obtidos com os investimentos do capital do FGTS, sendo essa uma contribuição adicional, não há previsão desse repasse, o que impossibilita a pessoa contar com o recurso.
Assista neste Cafeína, com Samy Dana e Dony De Nuccio, em qual cenário vale a pena manter o financiamento de forma a não perder dinheiro.
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