Finanças
Com Selic maior, Brasil só perde da Turquia em ranking de juros reais
Levantamento da Infinity Asset mostra que país tem juro real de 5,83% após decisão do Copom.
Com a elevação da Selic para 9,25% ao ano, o Brasil passa a ser o segundo país do mundo com os maiores juros reais (considerando a inflação projetada para os próximos 12 meses), segundo ranking divulgado pela Infinity Asset, em parceria com o MoneyYou, nesta quarta-feira (8).
O país só fica atrás da Turquia, que enfrenta um cenário de forte desvalorização de sua moeda em meio à insistência por juros baixos mesmo com a disparada da inflação.
“Continua a pressão da inflação global, a qual se acelerou na maioria das medidas, dadas as ainda contínuas pressões e choques de oferta ao atacado e aceleração de demanda, em vista ao processo de reabertura de diversas localidades, convertendo a maioria das taxas em terreno negativo”, diz o estudo da Infinity Asset.
No ranking de países, o Brasil fica acima de países como Rússia, Colômbia, México e Indonésia. O resultado mais recente do IPCA, de outubro, mostra que a inflação acumulada em 12 meses é de 10,67% – bem acima da meta de 3,75% do BC, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
A pesquisa da Infinity fez uma combinação de inflação projetada para os próximos 12 meses, via coleta do relatório Focus do BC, de 5,93%, e a taxa de juros DI a mercado dos próximos 12 meses no vencimento mais líquido.
Veja os 10 países com os juros reais mais altos
- Turquia: 5,83%
- Brasil: 5,03%
- Rússia: 4,23%
- Colômbia: 2,72%
- México: 1,99%
- Indonésia: 1,19%
- Chile: 0,81%
- África do Sul: 0,12%
- Malásia: 0,12%
- China: 0,11%
Alta da Selic e BC mais ‘duro’
A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de de elevar a taxa Selic em 1,5 ponto veio em linha com o esperado pelo mercado, mas o tom mais “duro” do comunicado chamou atenção.
O comunicado do Copom foi considerado firme por especialistas do mercado. André Perfeito, economista-chefe da Necton, afirma que “a leitura preliminar do comunicado do Copom aponta que o colegiado do Banco Central vê com preocupação a desancoragem das expectativas e neste sentido adotou um tom mais duro na perspectiva de reverter o quanto antes os efeitos deletérios desta situação”.
“Vale notar que, apesar do Copom ter indicado uma alta de 150 pontos, acreditamos que as condições econômicas no entorno da reunião irão forçar uma alta menor, seja por conta do IPCA mais comportado, do câmbio mais estável ou pela atividade ainda fraca”, complementou o economista.
Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, comenta que, “apesar de ressaltar as elevadas incertezas no cenário global e os dados de atividade abaixo do esperado, o Comitê segue convicto da necessidade de avançar sobre o terreno contracionista da política monetária“, ou seja, juros ainda mais altos.
Borsoi diz que o tom adotado pelo Copom no comunicado demonstra que o comitê “vai prezar pela controle das expectativas de inflação, que se encontram desancoradas até 2023, neste momento, apesar da queda nos prêmios de riscos fiscais, com a aprovação da PEC dos precatórios, e a perspectiva de recessão prolongada“. Por isso, o economista diz que “devemos ver a taxa Selic em níveis elevados por período de tempo considerável, pelo menos, até o fim do 1º semestre de 2022”.
Selic e investimentos
Com a elevação da Selic para 9,25% ao ano, os investimentos em renda fixa atrelados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário) passam a render mais.
“A alta da Selic a 9,25% traz um aspecto interessante: passamos a ter oportunidades atrativas para todos os perfis de risco”, comenta Martin Iglesias, especialista líder em investimentos e alocação de ativos do Itaú Unibanco.
“Títulos indexados à inflação e bolsa já apresentavam potenciais importantes para quem aceita riscos maiores e, agora, os investimentos mais conservadores indexados ao DI também projetam rentabilidades reais interessantes”, diz Iglesias.
O InvestNews consultou o mercado para entender o novo cenário. Veja como ficam as aplicações