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Finanças

Com tensão política interna e impasses no exterior, Bolsa cai para 78 mil pontos

Recuperação de economia chinesa incomoda os EUA; Bolsonaro confronta novamente outros poderes

bolsa de valores

O Ibovespa, principal índice da B3, voltou a cair para 78 mil pontos, após o presidente Jair Bolsonaro, participar de outro ato contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso em Brasília.

Bolsonaro afirmou que não permitirá novas interferências no governo, que as Forças Armadas estão “ao lado do povo”, que “daqui para frente não tem mais conversa” e a Constituição “será cumprida a qualquer preço”. Mas os militares deixaram claro que a Aeronáutica, o Exército e a Marinha estão “sempre” na defesa da independência dos poderes e da Constituição.

O clima de tensão na política interna, que ganhou ou repúdio de Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados (DEM-RJ) e o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), fez com que a cautela dos investidores tome o lugar do otimismo.

A Bolsa de Valores fechou em queda de 2,02%, aos 78.876 pontos. Na contramão, o dólar comercial voltou a subir, encerrando a segunda-feira (4) em alta de 1,55%, cotado a R$ 5,522. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$ 5,596. Em 2020, o dólar já acumula uma alta de mais de 35%.

Destaques da Bolsa

Entre as ações mais negociadas do dia, as ordinárias da Petrobras (PETR4) fecharam em queda de 3,71%, apesar da alta do petróleo. Os barris WTI para junho tiveram alta de 3,08%, enquanto o Brent para julho registrou ganhos de 2,87%.

Ainda entre as mais negociadas caíram: as ações da Vale (VALE3), que perdeu 2,07%; e os papéis do Bradesco (BBDC4) e Itaú Unibanco (ITUB4), com queda de 4,44% e 3,86% respectivamente. Subiram neste grupo apenas as ações da Via Varejo (VVAR3), com alta de 3,49%.

Entre os destaques positivos do dia, a maior alta foi da Vivo (VIVT4) que saltou 5,87%, após ter sua recomendação elevada pelo Credit Suisse. A companhia telefônica teve suas ações negociadas a R$ 48,33. Subiu também a Via Varejo (VVAR3), que avançou 3,49%, com seus papéis cotados a R$ 9,50. A varejista informou que deve reabrir suas 223 lojas até o dia 7 de maio, o que motivou os mercados.

As maiores quedas do dia foram do setor aéreo. Com a Azul (AZUL4) como destaque negativo, que caiu 12,87%, cotada a R$ 15,16. A companhia foi puxada pelo resultado negativo da Gol (GOLL4), que informou perdas no primeiro trimestre. A Gol teve prejuízo líquido de R$ 2,261 bilhões ante um lucro líquido de R$ 35,2 milhões em igual período de 2019, ambos no critério antes da participação minoritária da Smiles (SMLS3), afetados pela pandemia do novo coronavírus. Nesta segunda, a Gol (GOLL4) recuou 10.08%, cotada a R$ 11,15.

Pegou carona na queda, a Embraer (EMBR3), que caiu 10,75%, negociada a R$7,72. A fabricante deve receber um aporte de R$ 1 bilhão do BNDES.

Previsão de queda do PIB

Os efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre a economia brasileira e a crise política no governo de Jair Bolsonaro fizeram os economistas do mercado financeiro cortarem novamente suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020. Conforme o Relatório de Mercado Focus, a expectativa para a economia este ano passou de retração de 3,34% para queda de 3,76%. Há quatro semanas, a estimativa era de baixa de 1,18%.

Para 2021, o mercado financeiro alterou a previsão do Produto Interno Bruto (PIB), de alta de 3,00% para 3,20%. Quatro semanas atrás, estava em 2,50%.

EUA x China

O mau humor na região asiática veio com uma nova onda de tensões entre Washington e Pequim.

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse no domingo acreditar que um “erro” cometido na China foi a causa da disseminação do coronavírus.

Já o Secretário de Estado americano, Mike Pompeo, alegou haver “enormes evidências” de que o surto começou em um laboratório na cidade chinesa Wuhan, sem apresentar provas que sustentassem a acusação e alimentando uma tese que circula na Casa Branca há meses.