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Finanças

Como a Copa do Mundo influencia o mercado de ações?

Banco Central Europeu investigou o comportamento das ações de 750 empresas pertencentes a 19 países durante as competições de 2010, 2014 e 2018.

A Copa do Mundo afeta sim os mercados de ações e as economias. Pelo menos foi o que concluiu um estudo realizado pelo Banco Central Europeu em 2020.

As partidas, segundo os autores do estudo, distraíram as pessoas de notícias importantes do mercado, o que levou à diminuição do volume de negócios e afetou o preço dos papéis. Como resultado, esse fenômeno aumentou a correlação entre os retornos de ações individuais e o desempenho do mercado de ações nacional. No levantamento, foi investigado o comportamento das ações durante as competições de 2010, 2014 e 2018 e foram incluídas na análise 59 partidas e ações de 750 empresas pertencentes a 19 países.

Já para a Copa de 2022, o Santander buscou analisar mais uma vez essa correlação entre o mundial de futebol e as ações, mas de um jeito diferente. Os analistas Aline Cardoso, Ricardo Peretti e Alice Corrêa mostram como o anúncio do próximo país-sede do mundial de futebol mexe com o mercado de ações de cada país. A conclusão foi que no primeiro mês após o anúncio, eles superam em 0,4%, em média, o índice global de ações, o MSCI ACWI (BACW39). A análise incluiu os países que sediaram o evento desde 1994 até 2022.

Retorno relativo de um mês para o mercado de ações após anúncio do país sede:

AnoPaís-sedeRetorno no mês antes do anúncio*Retorno no mês pós-anúncio*
1994EUA4,30%-3,20%
1998França-0,20%1,30%
2002Japão-5,10%0,10%
2006Alemanha-6,20%-2,10%
2010África do Sul-9,60%3,10%
2014Brasil11%0,10%
2018Rússia2,60%1,70%
2022Qatar5,30%2,50%
Média0,30%0,40%
Retorno relativo dos índices MSCI dos países vs. MSCI ACWI, em dólares (US$)
Fonte: Bloomberg


No caso de países vencedores, os mercados financeiros também tiveram desempenho ligeiramente melhor do que o registrado pelo índice MSCI ACWI, segundo estatísticas coletadas desde o mundial de 1990. Ao considerar o primeiro mês após a partida final, a nação vencedora teve desempenho em média 0,3% melhor do que o do índice global. Ou seja, a empolgação com a nação campeã pode, ao menos temporariamente, valer a pena no mercado de ações local, ainda que de maneira sutil, concluem os analistas.

Retorno relativo de um mês para o mercado de ações – País campeão

AnoVencedorRetorno no mês antes da vitória*Retorno no mês depois da vitória*
1990Alemanha-11,10%-0,60%
1994Brasil24,10%26,50%
1998França7,30%2,10%
2002Brasil-5,50%-20,90%
2006Itália1,10%1,30%
2010Espanha-6,50%3,70%
2014Alemanha-2,20%-5,70%
2018França-3%-3,90%
Média0,50%0,30%
*relativo ao índice MSCI ACWI – Fonte: Bloomberg

Impacto setorial

Os analistas do estudo também ponderam o impacto para as ações de dois setores: varejo e shoppings. Isso porque o efeito negativo de menor fluxo de consumidores em dias de jogo poderá ser mitigado pela maior demanda de consumidores por compras nestas datas. Sem contar que o mundial de futebol gera historicamente mais vendas de eletrodomésticos nas semanas que antecedem o evento. Outra peculiaridade deste ano é a proximidade do evento com a pandemia da covid-19. Para evitar aglomerações, muitos consumidores optaram por comprar televisores antes do esperado. A conclusão dos analistas é que o evento deste ano terá efeitos mistos, difíceis de prever, para as ações dos dois segmentos.

Carteira recomendada pelo Santander

No final do relatório os analistas do banco destacam seus nomes preferidos no mercado de ações. Como um treinador escalando uma seleção, o banco buscou combinar ações defensivas com empresas cíclicas com potencial de retorno maior. No total, o banco indica 16 ações para o período pós eleitoral, em uma formação 4-3-3.

Veja neste Cafeína quais as ações preferidas dos analistas para serem as campeãs da Copa do Mundo 2022.

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