O momento para a Vitru é de “ampliar a base de potenciais investidores”. É o que diz Maria Carolina Gonçalves, gerente de Relações com Investidores da empresa que, cerca de 3 anos após estrear na Nasdaq, se prepara para deixar o mercado norte-americano para ter suas ações negociadas na B3, a bolsa brasileira.
A Vitru Limited (VTRU), empresa do segmento de educação à distância, anunciou na última quarta-feira (6) que encerrará suas atividades na Nasdaq para iniciar uma nova fase na B3. A mudança ocorre na esteira do processo de reorganização societária, no qual a Vitru Brasil S.A. (holding brasileira do grupo) incorporará a Vitru Limited. Segundo a empresa, isso deve ser concluído até o fim de 2023 ou no máximo nos primeiros meses de 2024.
A Vitru, controladora da UNIASSELVI e Unicesumar, diz ter mais de 2.300 polos e mais de 900 mil alunos. Desde o IPO na Nasdaq, o papel VTRU acumulou alta perto de 1%.
Ao InvestNews, Carolina Gonçalves apontou que a mudança da Nasdaq para a B3 tem o objetivo de atrair mais investidores para o papel da empresa. “Existem vários fundos brasileiros que, por razões práticas e/ou de mandato do próprio fundo, não podem ou preferem não investir em empresas listadas fora do Brasil”, diz ela.
“O mesmo vale para as pessoas físicas, a maioria investe somente em ativos listados na bolsa local. Na contramão, a maior parte dos fundos de investimentos estrangeiros que investem em nossas ações na Nasdaq também investem em outras empresas listadas na B3.
Além disso, a gerente afirma que as condições de liquidez e composição (considerando a quantidade de ações circulando no mercado) “estão mais aderentes às características do mercado de ações do Brasil” do que nos Estados Unidos.
Mas, de qualquer forma, Gonçalves avalia que o saldo da temporada na Nasdaq foi positivo para a empresa, que, para ela, sai mais preparada para “adequação da companhia aos altos padrões de governança do Novo Mercado da B3”.
Analistas citam vantagens (e pontos de atenção)
Analistas do Santander, que tem recomendação neutra para Vitru, avaliam que a migração da empresa para a B3 “é um desenvolvimento positivo” por três possíveis impactos:
- maior interesse dos investidores brasileiros
- maior liquidez das ações
- menores despesas corporativas.
“Acreditamos que a migração para a B3 poderia aumentar a participação dos fundos brasileiros na interessante história da Vitru, já que muitos desses fundos não conseguiram investir em ações listadas nos EUA”, diz a casa em relatório, acrescentando que “os atuais investidores internacionais da Vitru poderão continuar como accionistas, uma vez que muitos deles têm um mandato de investimento global”.
Os especialistas também afirmam que “a listagem na B3 também pode implicar em menores despesas”.
“Haverá apenas uma holding, portanto apenas uma entidade a ser auditada. Além disso, espera-se que as despesas em dólares relacionadas com questões legais e conformidade com a regulamentação da Nasdaq terminem”.
Santander, em relatório
Para o Santander, “a Vitru tem conseguido apresentar resultados sólidos nos últimos anos, principalmente após a fusão com a Unicesumar”. “Dito isso, a oportunidade de ter a Vitru como uma empresa listada no Brasil poderia despertar o interesse de muitos investidores que gostariam de ter exposição ao espaço educacional, sem estar expostos ao tradicional segmento presencial.”
Os planos da empresa
Carolina Gonçalves destaca que, “desde seu IPO a Vitru vêm entregando seu plano de negócios, tanto via crescimento orgânico como com a combinação de negócios”.
“A partir da operação das marcas Uniasselvi e Unicesumar nos tornamos líder no setor de EAD, o Ebitda dos últimos 12 meses findos em junho é 500% maior do que no final de 2019, nesta mesma comparação a receita cresceu 300%, ficando claro o ganho de escala da companhia”, diz a gerente de RI.
Ela afirma ainda que a visão da empresa é de que o ensino à distância vai continuar se expandindo.
“A pandemia foi somente um impulsionador, mas o crescimento do EAD já vinha acontecendo antes e continua acontecendo após a pandemia.”
Carolina Gonçalves, gerente de Relações com Investidores da empresa
“O Brasil é um país continental, com uma grande quantidade de cidades médias e pequenas, nas quais o EAD chega e dá a oportunidade para a comunidade local se desenvolver e acessar a educação superior de qualidade”, defende Gonçalves.
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