Finanças
Dividendos aristocratas: conheça as 10 melhores ações pagadoras de proventos
Entenda o índice que aponta quais as empresas que, consistentemente, aumentaram ou mantiveram dividendos estáveis.
Há quem deseje viver de dividendos e, para isso, adota uma estratégia para aumentar sua fonte de rendimento de maneira contínua. Porém, escolher as melhores empresas que pagam proventos e ter uma carteira vencedora nesta estratégia nem sempre é fácil. Assim, os dividendos aristocratas podem ser um facilitador para o investidor com este objetivo.
O analista de investimentos Henrique Garcia, head de mercado de capitais e sócio do Grupo Eu Me Banco, diz que a estratégia de investir com foco em dividendos é importante para manter uma fonte de renda passiva recorrente, já que algumas empresas realizam a distribuição de dividendos semestral, trimestral e até mesmo mensal.
“Com uma estratégia bem elaborada, o investidor pode receber proventos todos os meses. Uma outra vantagem é que a distribuição de dividendos atualmente é isenta da cobrança de Imposto de Renda, fator muito importante para o planejamento tributário do investidor”, destaca o analista.
O que são dividendos aristocratas?
Trata-se de um índice de dividendos, o S&P Dividend Aristocrats Brasil, criado pela Standard & Poor’s.
Lançado em agosto de 2012, o índice aponta quais são as 30 empresas que, consistentemente, aumentaram ou mantiveram dividendos estáveis durante cinco anos. Assim, os dividendos aristocratas fazem referência às empresas que se destacam das demais no pagamentos de dividendos aos acionistas.
O S&P Dividend Aristocrats Brasil pode colaborar com os investidores que tenham o recebimento de dividendos com estratégia de investimentos. Com o índice, é possível acompanhar as empresas que estão fazendo mais pagamento de dividendos de forma progressiva ao longo dos últimos 5 anos na bolsa brasileira, permitindo o investidor montar uma carteira que possa potencializar o retorno.
Garcia explica que as empresas que se tornam boas pagadoras de dividendos são aquelas que se encontram em uma fase madura do negócio, ou seja, já passaram do estágio de crescimento e conseguem entregar bons resultados de forma constante e sólida.
“Geralmente, são empresas consolidadas, líderes e referência em seus segmentos. Neste estágio, as empresas tendem a ter uma taxa de crescimento menor, devido ao fato de, em muitos casos, possuírem o maior market share em suas áreas, o que faz com que elas distribuam maiores dividendos para seus acionistas”, diz o analista.
Romero de Oliveira, head de renda variável da Valor Investimentos, lembra que dividendos nada mais são que a distribuição de lucro de uma empresa e que as pagadoras do provento são companhias que não têm projetos muito grande para investir. Desta forma, parte da sua geração de caixa remunera os seus acionistas. Ele destaca que, normalmente, essas empresas são do setor de utilidade pública e financeiro.
No índice da S&P, 35,4% corresponde às empresas do setor de utilidade pública. Em seguida, estão as companhias do setor financeiro, que compõem 22,8% do indicador, e, na sequência, comunicações, com 11,1%.
Veja a distribuição completa do índice por setor:
Por dentro do S&P Dividend Aristocrats Brasil
O critério inicial para uma empresa participar de qualquer índice de dividendos da S&PDJ no Brasil é ser componente do S&P Brasil BMI, o índice mais amplo da S&P no país, e de onde são selecionadas as empresas que participam dos índices da Standard & Poor’s no Brasil.
O conjunto das empresas é formado pelas ações que possuem uma capitalização de mercado ajustada ao free float, indicador que aponta a quantidade de ações que uma empresa listada na bolsa de valores tem disponível para negociação no mercado, de, pelo menos, US$ 250 milhões na data referencial de rebalanceamento, que acontece anualmente no mês de abril. As ações devem ainda ter uma média de valor negociado durante três meses de, pelo menos, US$ 1 milhão na data de referência do rebalanceamento.
Além disso, as ações devem ter um rendimento de dividendos a partir da data de rebalanceamento. O rendimento é calculado utilizando o dividendo por ação pago nos últimos 12 meses dividido pelo preço na data do rebalanceamento. As empresas serão excluídas do índice se eliminarem o seu último pagamento de dividendos ou cancelarem os próximos dividendos programados.
As ações que cumprem estes critérios formam o universo de seleção do índice. A partir daí, elas são classificadas com base no seu dividendo ao final de 12 meses e as 30 ações mais lucrativas passam a compor o índice.
A fim de reduzir a rotatividade, o índice usa um mecanismo de média móvel por 3 anos consecutivos para atenuar as flutuações ano a ano nos padrões de pagamento dos dividendos.
Caso o número de ações elegíveis para compor o índice seja menor que 30 empresas, são adotados os seguintes critérios: a capitalização mínima de mercado ajustada à flutuação é reduzida de US$ 250 milhões para US$ 150 milhões. Ainda assim, se o número dos componentes do índice não alcançar 30, o volume médio diário negociado, por três meses, é reduzido de US$ 1 milhão para US$ 500 mil.
Os componentes que satisfaçam esses critérios, como todos os demais critérios de elegibilidade do índice, são adicionados em ordem decrescente de rendimento do dividendo até que a contagem dos componentes alcance 30.
Confira as 10 empresas que mais pagam dividendos aristocratas:
Empresa | Código | Dividend yield em 12 meses |
Telefônica Brasil S.A. | VIVT3 | 7,34% |
ISA CTEEP | TRPL4 | 14,58% |
BB Seguridade | BBSE3 | 3,94% |
Taesa | TAEE11 | 15,67% |
Cia Energética de São Paulo | CESP6 | 9,05% |
Vale | VALE3 | 23,41% |
Banco do Brasil | BBAS3 | 6,13% |
Porto Seguro SA | PSSA3 | 5,60% |
Cyrela | CYRE3 | 10,72% |
SulAmerica | SULA11 | 2,59% |
Fonte: S&P Global e Economatica, em 27/10/21
Confira o desempenho do índice de dividendos aristocratas em relação ao IBrX 100, indicador do desempenho médio das cotações dos 100 ativos de maior negociabilidade e representatividade do mercado de ações brasileiro, desde 2012:
É possível investir em dividendos aristocratas?
Apesar de ser considerada uma boa estratégia por muitos investidores, nem sempre é fácil identificar e acompanhar as melhores pagadoras de dividendos no universo de mais de 410 empresas listadas na bolsa brasileira.
Existe a possibilidade de fazer investimentos individuais em ação de cada companhia, como também de se investir no ETF que replica esse índice. É o BB ETF S&P Dividendos do Brasil, o BBSD11.
Ao adquirir este ETF, o investidor estará comprando o conjunto dos ativos que reflete a performance do índice S&P Dividend Aristocrats, que é calculado pela S&P.
Confira o desempenho anual do ETF BBSD11 desde 2015:
Dividendos em dólar
Não é somente para as empresas brasileiras que existe este índice. É possível saber quais são os melhores dividendos aristocratas das companhias norte-americanas também.
Neste caso, o S&P 500 Dividend Aristocrats mede o desempenho das empresas do S&P 500 que aumentaram, ou mantiveram estáveis, o pagamento de dividendos nos últimos 25 anos consecutivos.
Veja quais são as dez empresas norte-americanas que possuem dividendos aristocratas:
Empresa | Código | Dividend yield em 12 meses |
Albemarle Corp | ALB | 163% |
Nucor Corp | NUE | 3,36% |
Chubb Limited | CB | 2,56% |
Lowe’s Cos Inc | LOW | 1,70% |
Chevron Corp | CVX | 7,57% |
S&P Global Inc | SPGI | 0,90% |
Exxon Mobil Corp | XOM | 10,60% |
West Pharmaceutical Services Inc | WST | 0,24% |
People’s United Financial Inc | PBCT | 6,81% |
Archer-Daniels-Midland Co | ADM | 2,92% |
Fonte: S&P Global e Economatica, em 27/10/21
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