Finanças
Dólar recua quase 3% na semana e fecha a R$ 4,91; Ibovespa sobe forte
Mercado repercutiu dados de varejo nos EUA mais fracos que o esperado.
Após recuo de quase 3% nas últimas sessões, dólar encerrou em queda mais uma vez nesta sexta-feira (14) e no acumulado da semana, cotado a R$ 4,91. O dia foi marcado por dados das vendas no varejo dos EUA, que caíram mais do que o esperado em março, sugerindo que a economia perdeu força no final do 1º trimestre por causa das taxas de juros mais altas.
Enquanto isso, o Ibovespa encerrou em queda nesta sessão, alinhado com Wall Street, mas garantiu, ainda assim, a maior alta semanal de 2023 após IPCA de março abaixo do esperado elevar a perspectiva de um corte na taxa de juros do país antes do previsto.
No dia, o dólar caiu 0,23%, a R$ 4,9151. Na semana, a moeda norte-americana teve baixa de 2,82%. Já o Ibovespa recuou 0,17%, aos 106.279 pontos, nesta sessão. Na semana, o principal indicador da B3 teve alta de 5,41% – melhor desempenho desde dezembro, segundo o TradeMap.
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“Eu acredito que boa parte desse movimento seja justificada, primeiro, por uma correção dos dias anteriores, quando a gente teve altas bem significativas”, comentou Matheus Sanches, sócio e analista da Ticker Research.
Durante a semana, as taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) exibiram quedas consistentes, mas conseguiram encerrar com resultados positivos nesta sessão.
A taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 13,19%, ante 13,16% do ajuste anterior; para janeiro de 2025 estava em 11,885%, ante 11,776%. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 11,645%, ante 11,54% do ajuste anterior e a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,745%, ante 11,645%.
Varejo nos EUA
O Departamento de Comércio informou pela manhã que as vendas no varejo caíram 1% em março, contra estimativa de 0,4% de economistas consultados pela Reuters. Os dados de fevereiro foram revisados para mostrar queda de 0,2%, em vez de 0,4% relatado anteriormente.
Os números reforçaram a percepção de que o Federal Reserve (Fed) deve diminuir o ritmo de alta de juros nos EUA, o que tende a puxar uma tendência de queda do dólar.
“Os dados dos EUA dão uma perspectiva um pouco mais positiva em relação à política monetária, e a expectativa de menor atividade econômica traz a esperança de que o Fed possa amenizar um pouco.”
Matheus Pizzani, economista da CM Capital
“Agora (autoridades do Fed) só devem apertar mais 0,25 (ponto percentual), levando a um nível de juros um pouco mais baixo para o final do ciclo”, acrescentou Pizzani. O Fed faz sua próxima reunião de política monetária no início de maio.
Cenário interno
Para além de fatores externos, o alívio do mercado com a apresentação da proposta de arcabouço fiscal do governo tem colaborado para o salto do real, disse Pizzani, afirmando que a “harmonização das políticas fiscal e monetária torna o Brasil mais atrativo”.
Além disso, operadores têm repetido que o nível da taxa Selic, atualmente em 13,75%, oferece uma rentabilidade interessante para investidores estrangeiros que tentam lucrar com estratégias de câmbio que se aproveitam de diferenciais de juros.
“Existe espaço para o dólar continuar abaixo de R$ 5; temos juros elevados, e, mesmo que o BC cortasse a Selic, ainda teríamos um juro real muito elevado”, disse Pizzani.
“Além disso, a gente está entrando num período muito positivo para nossa balança comercial“, completou ele, citando otimismo em relação às safras de soja.
Do noticiário do dia, o mercado repercute a divulgação de dados do setor de serviços em janeiro. Após atingir recorde histórico em dezembro de 2022, o volume de serviços caiu 3,1% em janeiro, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, no entanto, houve expansão de 6,1%.
“O dado de serviços veio bem abaixo da expectativa, mostrando que a economia local está desacelerando de uma forma muito mais rápida do que se esperava.”
Matheus Sanches, sócio e analista da Ticker Research
O setor de serviços vem de dois anos seguidos de resultados positivos alimentados pela reabertura da economia após a pandemia de covid-19, mas neste ano não deve ganhar muito mais força, uma vez que, assim como o restante da economia, passa a sentir com mais força os efeitos defasados da elevação nos juros no país, além da desaceleração da economia global.
Destaques da B3
A Vale (VALE3) caiu 0,64%, a R$ 79, terceira queda seguida, diante de novo recuo do minério de ferro na Ásia. O contrato da commodity mais negociado para setembro na bolsa de Dalian, na China, encerrou as negociações diurnas com queda de 0,8%, a 768,50 iuanes (US$ 112,30) a tonelada, a caminho de perda semanal de quase 3%.
A CSN (CSNA3) recuou 7,35%, a R$ 14,49, após o Goldman Sachs rebaixar a recomendação da ação a “venda”, citando expectativa de resultados mais fracos a partir do segundo semestre e maior alacavancagem.
A Brasken (BRKM3) subiu 1,18%, a R$ 21,37%, após o UBS BB elevar a recomendação da ação a “compra”.
Petrobras (PETR4) subiu 1,42%, a R$ 26,40, indo para o quinto avanço consecutivo, enquanto o petróleo operava sem direção clara no exterior. No setor, Prio ganhava 0,11% e 3R Petroleum cedia 1,3%.
O Itaú (ITUB4) avançou 1,87%, a R$ 26,12, revertendo queda de mais cedo. O setor bancário operava majoritariamente no azul na B3.
A Marisa (AMAR3), que não está no Ibovespa, avançou 11,69%, a R$ 0,86, após a empresa captar cerca de R$ 90 milhões com controladores por meio de emissões de debêntures com colocação privada. A varejista já havia anunciado o aporte pelos controladores, mas não tinha dito de que forma a operação seria feita.
Bolsas mundiais
Wall Street
Os principais índices de Wall Street abriram em baixa nesta sexta-feira, repercutindo os dados fracos das vendas no varejo de março, enquanto os balanços positivos de grandes bancos dos Estados Unidos ajudaram a amenizar os temores de mais estresse no setor.
O Dow Jones caía 0,14% na abertura, para 33.981,71 pontos. O S&P 500 abriu em queda de 0,15%, a 4.140,11 pontos, enquanto o Nasdaq Composite tinha queda de 0,40%, para 12.117,91 pontos.
Europa
As ações europeias atingiram seu nível mais alto em mais de um ano nesta sexta-feira e encerraram sua quarta semana consecutiva no território positivo. O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 0,58%, a 466,91 pontos nesta sexta-feira, após atingir o nível mais alto desde fevereiro de 2022 mais cedo. O índice avançou 1,7% na semana, sua mais longa sequência de ganhos semanais até agora em 2023.
- Em LONDRES, o índice Financial Times avançou 0,36%, a 7.871,91 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX subiu 0,50%, a 15.807,50 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 ganhou 0,52%, a 7.519,61 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve valorização de 0,89%, a 27.872,24 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou alta de 0,57%, a 9.362,90 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 0,18%, a 6.153,35 pontos.
Ásia
As ações da China subiram nesta sexta-feira, lideradas por papéis de semicondutores e recursos básicos, enquanto o chefe do banco central disse que o país atingirá a meta de crescimento deste ano, também ajudando no sentimento do investidor.
Outras ações asiáticas se firmaram, uma vez que Cingapura se tornou o mais recente país a interromper o aperto de sua política monetária e os mercados ficaram mais confiantes de que o próximo aumento provável nas juros dos Estados Unidos será o último deste ciclo.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 1,20%, a 28.493 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG subiu 0,46%, a 20.438 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 0,60%, a 3.338 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, avançou 0,57%, a 4.092 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve valorização de 0,38%, a 2.571 pontos.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou alta de 0,79%, a 15.929 pontos.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 0,25%, a 3.302 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 0,51%, a 7.361 pontos.
*Com informações da Reuters.
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