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Finanças

Saída de Moro: Bolsa cai 5,45% e dólar fecha em R$ 5,66 em meio a caos político

Demissão do ministro desestabilizou os mercados após ele alegar interferência do governo na Polícia Federal.

bolsa de valores

O cenário político conturbado derrubou a bolsa e fez o dólar disparar nesta sexta-feira (24). A demissão do ministro da Justiça, Sergio Moro, desestabilizou os mercados após ele alegar que houve interferência do governo na Polícia Federal, gerando reações de entidades e figuras políticas. Também repercutiram rumores sobre a possível saída de Paulo Guedes do ministério da Economia.

O principal índice da B3, o Ibovespa, fechou em queda de 5,45%, aos 75.330 pontos, após ter chegado a cair mais de 9%, ameaçando entrar em circuit breaker.

Já o dólar comercial encerrou o dia negociado a R$ 5,6681, subindo 2,83%, após alcançar R$ 5,74 na máxima do dia. No site Melhor Câmbio, a moeda chegou a ser negociada a R$ 6,91 em casas de câmbio na compra com cartão com IOF.

A demissão de Moro reduziu as expectativas de um corte mais agressivo da taxa Selic pelo Banco Central em sua próxima reunião. O mercado precificava uma redução de 0,75 ponto percentual diante do tombo histórico do petróleo.

Destaques

As ações da estatal Eletrobras figuraram entre as maiores quedas do dia, diante de preocupações com a viabilidade de sua privatização, que já estava na agenda do governo mas agora é colocada em dúvida em meio à nova crise política. O papel preferencial (ELET6) recuou em torno de 14%.

As ações da Petrobras (PETR3; PETR4) chegaram a cair mais de 9%, mas reduziram a perda para ao redor de 6% perto do fechamento, em dia de alta nas cotações do petróleo.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o WTI para junho subiu 2,67%, a US$ 16,94 o barril, mas registrou queda de 33,65% na semana. Na Intercontinental Exchange (ICE), o Brent para o mesmo mês avançou 0,52%, a US$ 21,44 o barril, mas acumulou perdas semanais de 23,65%.

As ações da Embraer (EMBR3) fecharam em forte baixa, superior a 10%, após a notícia veiculada pelo jornal “Financial Times” de que a Boeing estuda desistir da união com a fabricante brasileira de aeronaves.

Moro x Bolsonaro

Sergio Moro pediu demissão do cargo nesta sexta-feira (24), após a publicação da exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, no Diário Oficial da União. Moro fez o pedido de demissão ao presidente Jair Bolsonaro na manhã desta quinta (23) quando soube da decisão de demitir Valeixo. O ministro avisou o presidente que não ficaria no governo com a saída do diretor-geral, escolhido por Moro para comandar a PF.

Em entrevista coletiva, Moro afirmou que a substituição do diretor-geral, sem um motivo razoável, afeta a credibilidade não só da PF. “Não é absolutamente verdadeiro que Valeixo desejasse sair”, afirmou Moro.

“Eu sempre disse ao presidente  que não tinha nenhum problema em trocar o diretor-geral, mas precisava de uma causa relacionada a uma insuficiência de desempenho, a um erro grave. No entanto, o que eu vi durante todo o período, é que o trabalho é bem feito”, avaliou o ministro. 

Moro resssaltou que ontem conversou com o presidente sobre a possibilidade de mudança no comando da PF e que falou sobre impactos negativos relacionados à decisão.

“Falei que isto teria um impacto para todos, que seria negativo, mas para evitar uma crise [política] durante uma pandemia, sinalizei: ‘presidente: então vamos substituir o Valeixo por alguém que represente a continuidade dos trabalhos’”, contou, revelando que chegou a sugerir o nome do atual diretor-executivo da PF, Disney Rosseti, que é servidor de carreira da corporação. 

Logo após a coletiva com Moro, o presidente Jair Bolsonaro avisou por meio de sua conta pessoal no Twitter que concederia uma coletiva no final desta tarde para comentar o pedido de demissão do ministro e a exoneração de Valeixo.

Racha na Economia

Já os rumores sobre a possível demissão de Paulo Guedes da Economia envolvem a criação de um plano para retomada da crise conduzido pela Casa Civil, pautado pelo aumento de investimentos públicos. O ministro seria contrário à medida, chamada de novo “Plano Marshall”, expondo uma divisão dentro do próprio governo quanto aos rumores a serem tomados.

Bolsas globais

As bolsas europeias fecharam em território negativo. Além de indicadores que continuam a mostrar os impactos da pandemia de coronavírus, foi monitorada o noticiário segundo o qual alguns testes de medicamentos para a doença não mostravam êxito. O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em queda de 1,10%, em 329,59 pontos, com recuo semanal de 1,16%.

Na China continental, o Xangai Composto recuou 1,06% hoje, a 2.808,53 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto caiu 1,48%, a 1.736,93 pontos, ignorando uma decisão do banco central chinês (o chamado PBoC) de reduzir a taxa de juros da sua linha de crédito de médio prazo direcionada, de 3,15% para 2,95%.

Em outras partes da Ásia, o japonês Nikkei teve queda de 0,86% hoje em Tóquio, a 19.262,00 pontos, enquanto o Hang Seng recuou 0,61% em Hong Kong, a 23.831,33 pontos, o sul-coreano Kospi cedeu 1,34% em Seul, a 1.889,01 pontos, e o Taiex caiu 0,18% em Taiwan, a 10.347,36 pontos.

*Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil

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