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Finanças

Dólar vai a R$ 5,46 e registra a maior cotação desde julho de 2022; Ibovespa tem leve alta

Moeda americana passou a subir depois de falas do Lula sobre a autonomia do BC

Nem mesmo a decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na véspera, que fez o dólar cair 1% no início do dia, evitou que a moeda norte-americana fechasse novamente em alta nesta quinta-feira (20).

Foi o maior patamar em quase dois anos, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltar a criticar o BC e com o avanço firme das cotações também no exterior.

O dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 5,4618 reais, em alta de 0,39%, a maior cotação de fechamento desde 22 de julho de 2022 – ainda no governo Bolsonaro – quando encerrou a R$ 5,4976.

No início da sessão o dólar registrou uma queda firme ante o real, com o mercado aliviando parte das pressões recentes após a decisão unânime do Copom, de manter a taxa Selic em 10,50% ao ano, encerrando um ciclo de sete cortes consecutivos de juros.

Às 9h02, logo após a abertura, o dólar à vista atingiu a cotação mínima de 5,3879 reais (-0,97%).

“O mercado abriu bem positivo, refletindo a decisão do Copom de ontem (quarta-feira), que foi unânime, e tirando um pouco do risco de alta da Selic (à frente), que vinha sendo precificado”, comentou durante a tarde Felipe Garcia, chefe da mesa de operações do C6 Bank. “Tanto é que os juros (futuros) curtos fecham mais que os longos. O câmbio foi na mesma linha, abrindo com a queda do dólar”, acrescentou.

LEIA MAIS: Copom: voto unânime na Selic em 10,5% pode embaralhar sucessão do BC

Ao longo da manhã, no entanto, ficou claro que o alívio nas cotações seria limitado. Profissionais ouvidos pela Reuters pontuaram que a alta da moeda norte-americana no exterior e as preocupações persistentes sobre o equilíbrio fiscal brasileiro seguravam a queda do dólar.

A moeda norte-americana virou para o positivo pouco depois das 12h, enquanto Lula dava entrevista a uma rádio do Ceará. Nela, ele voltou a questionar a autonomia do Banco Central e disse que a decisão de quarta-feira do Copom, interrompendo o ciclo de cortes da Selic, “foi uma pena” para o Brasil.

Ibovespa

A virada do dólar para o positivo coincidiu com a desaceleração do Ibovespa, em especial entre as ações sensíveis à curva de juros brasileira, e com a redução da queda dos DIs (Depósitos Interfinanceiros).

O indicador fechou com uma alta discreta de 0,15%, a 120.445,91 pontos, sustentada pelo avanço de Petrobras, enquanto a reação positiva à decisão unânime do Banco Central de manter a Selic em 10,50% ao ano se mostrou frágil após novas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à autoridade monetária.

Ainda na quarta-feira, o Ibovespa já tinha mostrado melhora na parte final do pregão, em uma sessão de liquidez bastante reduzida por feriado nos Estados Unidos.

Apesar do alívio, a visão do analista econômico Lucas Farina, da Genial Investimentos, é que a dúvida sobre a sucessão da presidência do BC continuará a alimentar incertezas do mercado acerca da condução futura da política monetária daqui em diante, conforme relatório a clientes.

No exterior, Wall Street fechou sem uma direção única, com o S&P 500 encerrando com uma variação negativa de 0,25% após renovar máxima histórica intradia. Os rendimentos dos títulos de 10 anos do Tesouro norte-americano, por sua vez, marcavam 4,2575% no final da tarde, de 4,217% na véspera.

Destaques

– PETROBRAS PN avançou 1,59%, em dia de alta do petróleo no exterior e pagamento de dividendo pela estatal. Agentes financeiros também repercutiram declarações da nova CEO da companhia em sua posse na véspera, bem como do presidente Lula, que defendeu que a empresa amplie os investimentos para ser uma indutora do desenvolvimento nacional, mas que ninguém quer que os acionistas tenham prejuízo.

– USIMINAS PNA subiu 3,68%, com o setor siderúrgico como um todo entre os destaques positivos, com CSN ON terminando com acréscimo de 1,96% e GERDAU PN fechando em alta de 0,99%.

– MARFRIG ON valorizou-se 2,3%, mantendo o tom positivo recente, tendo como pano de fundo declaração do Ministério do Comércio chinês nesta quinta-feira de que o país pode impor medidas antidumping provisórias sobre as importações de carne suína da União Europeia como parte de uma investigação de um ano que começou em 17 de junho. BRF ON, que tem a Marfrig como sua principal acionista, subiu 1,45%.

– MRV&CO ON caiu 4,23%, revertendo os ganhos da abertura, conforme as taxas de DI saíram das mínimas, o que pesou em ações sensíveis a juros. o índice do setor imobiliário chegou a subir pela manhã, mas fechou em baixa de 0,84%. No mesmo contexto, o índice do setor de consumo da B3, que inclui os papéis de companhias aéreas e nomes de varejo, educação, alimentos, entre outros, cedeu 0,38%.

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