É a vez das smalls caps? Índice SMLL acumula alta de 14% apenas em maio

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O índice de small caps (SMLL), que reúne ações com menor valor de mercado e potencial de valorização, acumulava alta de 14,09% no mês de maio até o fechamento do pregão de sexta-feira (26). O retorno é bem superior ao do Ibovespa – o principal índice acionário da B3 – que em igual período saltava 6,02%, de acordo com o TradeMap.

Segundo Einar Rivero, head da plataforma de dados do mercado financeiro, o índice de ações está a caminho de registrar o melhor resultado mensal desde novembro de 2020, quando rentabilizou 16,63% e o quinto melhor resultado para um mês desde julho de 2009.

O índice vem em recuperação desde sua mínima histórica atingida em 23 de março deste ano, segundo Rivero. Analisando essa data, a alta do SMLL era de 21% até a sexta-feira (26).

Nesta segunda-feira (29) o índice subia 1,11%, por volta de 11h30.

Curva de juros

Segundo Jefferson Souza, analista da Semeare Investimentos, as small caps têm em seu DNA maior volatilidade e o fato da subida expressiva do índice da categoria nas últimas semanas está correlacionada com a curva de juros.

“Com a expectativa da aprovação do arcabouço fiscal e redução da inflação, o mercado vem precificando queda no juros. A curva de juros futuro fechou bem nas últimas semanas em linha com a subida do índice de small caps”

Jefferson Souza, analista da Semeare Investimentos

A Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei do novo Arcabouço Fiscal com uma votação expressiva de 372 votos a favor, com ligeiras mudanças no texto, que vão no sentido de maior restrição do gasto.

Segundo a Guide Investimentos, apesar dessa aprovação já estar em sua maior parte precificada, o impacto nos mercados no longo prazo é positivo, uma vez que ajuda no cenário de queda dos juros.

“Tendo isso em vista, acreditamos que ativos de renda fixa pré-fixadas e híbridas (IPCA + taxa pré), são mais beneficiados. Na renda variável, gostamos de papeis mais sensíveis aos juros, como o índice Small Caps”, aponta a Guide.

Por que o juros influenciam as small caps?

Como as companhias de menor valor de mercado têm alto potencial de crescimento, juros mais altos significa um aumento no custo da dívida e diminuição da expectativa de crescimento destas empresas. Logo, o cenário contrário aponta para dívidas menores e maior valorização dos papeis em bolsa.

Segundo análise de Felipe Miranda, da Empiricus, as empresas com valor de mercado menor têm tradicionalmente custos de capital maior, e os efeitos do aperto monetário acabam sendo perversos sobre seus indicadores de liquidez e sua capacidade de acessar o mercado de capitais.

“Adicione a isso um ciclo trágico de resgates sobre a indústria de fundos de ações e a pessoa física fugindo da bolsa para comprar CDB, LCI, LCA e LIG – qualquer venda marginal pesa sobre quem goza de pouca liquidez em Bolsa [caso das small caps]”.

felipe miranda, empiricus

É hora das small caps?

Segundo análise da Empiricus, é tempo de ajustar alocações, com especial atenção para o segmento, bastante sensível às taxas de juros e aos novos aportes de fundos institucionais.

Com excessão do final de 2022 até abril deste ano, a trajetória do SMLL tanto é correlacionada com a do Ibovespa como oferece uma cauda largamente positiva, sem contrapartida de cauda negativa, de acordo com análise técnica da casa.

“Na maioria dos recortes temporais dentro desse histórico de cinco anos, o SMLL roda bem acima do Ibovespa, e quase nunca roda abaixo”.

Rodolfo Amstalden, VG da Empiricus.

Logo, o segmento estaria passando por uma oportunidade rara e tudo indica que as small podem fazer o que sempre fizeram de melhor na visão do analista: superar as gigantes.

Em carta de Felipe Miranda, da mesma casa de análise, a expectativa de um plano para não explodir a trajetória fiscal no país e de queda nas taxas de juros em 2023 aponta para um ciclo positivo para as small caps. 

Segmento cíclico

No entanto, o investidor deve ter em mente que o segmento é muito cíclico, devendo-se ter um horizonte temporal certo, com capacidade de o investidor sair quando o ciclo virar para baixo de novo, e com devida atenção à volatilidade do setor.

“Essa é uma grande vantagem da pessoa física sobre os gestores profissionais, porque ela não tem passivo com ninguém, além de si mesmo. Então, se estiverem adequadas ao horizonte temporal exigido e à volatilidade tradicional da classe, as pessoas físicas podem lograr um êxito extraordinário”, apontou Miranda.

“As small caps podem não ser para casar. Também não devem ocupar mais de 15% do portfólio total, mesmo de investidores mais arrojados. Mas a verdade é que poucas coisas são tão transformadoras para um investidor do que surfar um ciclo positivo completo das small caps”.

felipe miranda, empiricus

Small caps que estão ‘bombando’ em 2023

Segundo TradeMap, os papeis da BR Properties (BRPR3) são os que acumulam os maiores ganhos no ano até o fechamento da sexta (26): 192,3%.

As ações da C&A (CEAB3) vem na sequência com ganhos de 96,7% em igual período, seguida por Tenda (TEND3), com 88,39%, e Oncoclínicas do Brasil (ONCO3), com 78,94%.

Veja abaixo o desempenho das small caps em 2023 e o consenso de recomendações para os papeis:

Levantamento até 26 de maio | Fonte: TredeMap