Os empregadores têm até o dia 30 de novembro para pagar a primeira parcela do 13º salário. Com isso, muitos trabalhadores, aposentados, pensionistas e servidores públicos já começam a se perguntar sobre qual é a melhor maneira de utilizar o 13º salário.
Para Guilherme Baia, educador financeiro, não há consenso sobre isso, porque cada caso é um caso. Segundo ele, as pessoas vivem em contextos diferentes e têm necessidades muito específicas.
Porém, o educador financeiro lembra que existem algumas alternativas – de certa forma, universais – de se preparar para receber o benefício. Para ele, se esse caminho for seguido, quando o beneficiário estiver com o valor à mão, possivelmente ele saberá tomar as melhores decisões.
Confira quais são as 5 dicas do educador financeiro.
1 – Questione as despesas antecipadamente
A organização e o planejamento financeiro são tarefas fundamentais para qualquer pessoa que queira ter tranquilidade nesse quesito da vida.
Dessa forma, de acordo com o educador financeiro, é importante estar em dia com os deveres relacionados ao dinheiro porque só assim será possível dar o melhor destino ao 13º salário, e não somente usá-lo para pagar contas.
“O que você pode começar a fazer a partir de agora?”, questiona Baia.
Como alternativa, ele sugere questionar as despesas que se tem, sejam elas fixas ou móveis. Isto porque a todo momento é importante avaliar e reavaliar se elas estão sendo realmente necessárias. Por exemplo:
- Todas as plataformas de streaming assinadas estão sendo realmente utilizadas?
- O plano de telefone pós-pago está oferecendo mais do que o necessário? Seria viável trocá-lo por um mais barato?
- O plano da academia está sendo utilizado?
- Os gastos com alimentação delivery podem ser diminuídos? Poderia ir buscar a comida ao invés de pedir para entregar?
2 – Faça exercícios de economia
Além de questionar todas as despesas e avaliar o que realmente é necessário, Baia sugere alguns exercícios para economizar.
Ele explica que usar dois cartões de crédito pode ser uma opção. Neste caso, é preciso fazer o seguinte: manter um cartão de crédito apenas para o pagamento de compras fixas e outro apenas para despesas móveis.
Mas não só isso. É importante tentar sair só com o cartão de crédito de despesas fixas e tentar deixar o outro em casa, de preferência dentro de um envelope guardado – isto porque levará mais tempo para o usuário alcançá-lo, o que pode fazer com que ele repense sobre a necessidade da compra.
3 – Defina prioridades e desejos de gasto
Antes mesmo do 13º salário chegar, Baia comenta que é importante definir quais são as prioridades e quais são os desejos de gastos.
Para ele, isso pode ser feito através da criação de uma lista com de itens divididos entre as categorias “obrigações” (como pagamento de contas atrasadas, manutenção da casa etc) e “vontades” (como compra de um aparelho de som, viagem etc).
Tendo feito isso, o educador financeiro aponta que é importante priorizar as contas fundamentais. Quanto aos outros interesses, ele expõe que a pessoa irá visualizar por mais tempo os produtos ou serviços que está pensando em consumir e que isso lhe dará a oportunidade de pensar por mais tempo e rever o possível gasto.
“O ideal é que essa pessoa faça esse exercício de enxergar e anotar tudo o que precisa, para que quando [o 13º salário] chegue ela já tenha tido tempo de criticar as próprias escolhas”, diz.
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4 – Pense no futuro
Mesmo tendo uma longa lista de desejos de compras, Baia lembra que é importante pensar no futuro e tentar garantir uma reserva de emergência, porque nunca se sabe como será o dia de amanhã.
O educador financeiro menciona que, como a reserva de emergência é composta por valores correspondentes a pelo menos 6 meses do custo de vida atual de uma pessoa, muitas vezes é difícil conseguir todo esse dinheiro.
Ele exemplifica o seguinte: se uma pessoa ganha R$ 1 mil por mês e guarda R$ 100, ela tem um gasto de R$ 900 no período. Isto quer dizer que, para que ela consiga a reserva de emergência de 1 mês, ela precisará trabalhar 9 meses (R$ 100 x 9 = R$ 900). Consequentemente, 9 meses de trabalho multiplicados por 6 meses necessários de reserva resultam em 54 meses (4 anos e 6 meses), o que equivale a R$ 5.400.
É um longo período, do ponto de vista do educador financeiro, que reconhece o tamanho da dificuldade para guardar esse valor. “Isso serve de alerta”, menciona.
“Sacrifica o teu presente agora a favor do teu futuro”, recomenda Baia, acrescentando que as pessoas precisam poupar mesmo que não seja para uma reserva de emergência de tantos meses.
Mas ele ainda diz que é preciso ter uma visão equilibrada para que se possa aproveitar bem o presente sem deixar o futuro em risco.
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5 – Faça investimentos
Para Baia, investir é uma ótima oportunidade de direcionar o dinheiro, seja ele do 13º salário ou das economias.
É importante investir porque é uma troca que se faz do consumo presente a favor do consumo futuro
Guilherme Baia, educador financeiro
Segundo o especialista, o melhor tipo de aplicação e o percentual mensal destinado a isso é relativo para cada pessoa, pois vai depender do perfil do investidor. Mas ele recomenda que, “dado que a longevidade está aumentando de maneira acelerada… seria importante guardar ou investir 15% ao mês”.
Por outro lado, o educador financeiro menciona que o conceito de investimento é muito mais do que colocar o dinheiro em um produto do mercado financeiro, é sobre “dar sentido à vida financeira desde agora até o longo prazo”.
“O conceito de investimento é mais do que atribuir a um veículo. Pode ser fazer um Master of Business Administration (MBA), um intercâmbio ou até uma reforma na casa. É algo que a pessoa olhe e fale: ‘gastei bem o meu dinheiro e minha vida está fazendo muito sentido’. É algo que vem muito de dentro”, comenta.
Você sabia que o 13º salário não é exatamente um benefício?
De acordo com o educador financeiro, o 13º salário não é exatamente um benefício, mas sim um direito de cada trabalhador.
Ele explica que um salário de R$ 1 mil por mês, por exemplo, corresponde ao ganho de R$ 12 mil se multiplicado pelos 12 meses do ano. No entanto, é preciso multiplicar o ganho semanal pelo total de semanas do ano.
Seria da seguinte forma:
- R$ 1 mil do mês / 4 semanas do período = R$ 250 por semana.
- R$ 250 de uma semana x 52 semanas do ano = R$ 13 mil.
Ou seja, o 13º salário na verdade é uma compensação de dias já trabalhados.
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